Mesmo com normas explícitas, cidadãos insistem em desrespeitar as leis (Foto: Assis Fernandes/ODIA)
“O nosso condutor ainda não está naquele ponto ideal que possamos deixá-lo mais à vontade, precisamos redargui -lo constantemente para que reduza essa quantidade de infrações”. Essa é a avaliação de Levi Gomes, diretor da Escola Piauiense de Trânsito, ligada ao Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (Detran-PI).
E o que sugere essa realidade é, por exemplo, as mais de 10 mil multas aplicadas no Piauí por falta de uso do capacete ou, ainda, cerca de 330 mil notificações expedidas pela Superintendência de Transportes e Trânsito (Strans). Nesse sentido, é fundamental e a conscientização de todos aqueles que fazem o trânsito: pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas. “É necessário o instituto da fiscalização para coibir o ato, porque a quantidade de multas continua ainda em níveis elevadíssimos”, ressalta Gomes.
A Escola Piauiense de Trânsito, por exemplo, busca fazer um trabalho anterior à punição, que seria de educar os condutores de veículos, sejam carros, ônibus, motocicletas etc. Para o diretor Levi Gomes, o aumento das multas sinaliza para uma maior fiscalização.
“O aumento da nossa frota tem sido assustadoramente grande, em virtude das pessoas terem mais acesso aos veículos. De alguma forma, essa quantidade enorme de autuações, quer sejam de qualquer um dos órgãos que compõem o sistema, tem sido resultado de uma política de redução de lesões, de acidentes e infrações”, diz.
Em contexto nacional, a realidade não é diferente. De janeiro a junho de 2018, por exemplo, acidentes de trânsito provocaram 19.398 mil mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no país, de acordo com dados do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES).
Ao mesmo tempo, uma pesquisa realizada em 2018 pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação sobre a Segurança nas Rodovias Federais aponta que 53,7% dos acidentes são causados por negligência ou imprudência dos motoristas. Dois dados importantes, e que demonstram que ainda falta educação no trânsito, é que o desrespeito às leis de trânsito foi responsável por 30,3% dos acidentes e a falta de atenção do condutor levou a 23,4% dessas ocorrências.
Apesar da prevenção e educação de trânsito serem essenciais, Levi defende que apenas o lado preventivo não resolve o impasse. “À medida que nós trabalhamos esse lado, o Código [Brasileiro de Trânsito] não apenas incentiva, como diz textualmente que os municípios devem se responsabilizar pelo trânsito e quanto mais agentes fazem essa fiscalização, naturalmente apareceriam índices dessa natureza”, completa.
"A nossa maior infração, de maneira geral, é de veículos não licenciados e pessoas não habilitadas. No caso da motocicleta, [a principal infração] é não utilizar os equipamentos de segurança que, em uma motocicleta, são essenciais”, completa.
A Escola realiza um trabalho educativo para prevenção, disciplinamento e atualização sobre as regras de trânsito, de modo a tornar as vias mais seguras e reduzir o número de infrações. Além disso, a Escola atua na “ressocialização”, conforme classifica Gomes, das pessoas que tiveram a carteira de habilitação suspensa ou cassada.
RESPEITO ÀS REGRAS DEVE IR ALÉM DO MEDO DE SER MULTADO
Para o coach Elber Santos,
é necessário que as pessoas se
conscientizem de que as normas
de trânsito existem para
a nossa própria segurança.
“Cada um é responsável por
sua parte. Cabe ao poder público,
aos usuários do transporte
e ao público em geral
(ciclistas, pedestres, etc)
priorizarem a segurança em
primeiro lugar, e não cumprir
a legislação apenas para não
ser penalizado monetariamente”,
aconselha.
Além disso, ele avalia que
é necessário uma fiscalização
mais efetiva dos responsáveis
pela educação no trânsito e
emissão de carteiras (Centros
de Formação de Condutores,
Detran, etc), “a fim de
formarmos verdadeiramente
bons condutores e acabar de
vez com a emissão de CNHs
para quem não fez o processo
corretamente e trabalhar
também na questão da conscientização
e da educação do
trânsito nas escolas”.
Como consequência de
mais fiscalização, Elber defende
que o número de acidentes
será reduzido, trazendo
“maior lisura no processo
de formação de condutores
e diminuirá os custos com
saúde para os cofres públicos,
além de formar cidadãos mais
conscientes no trânsito”.
E como dicas para os futuros condutores, Elber orienta a escolher uma auto escola séria, que tenha bom desempenho e corpo técnico confiável. Além disso, “faça o processo correto e aplique os conhecimentos adquiridos para melhorar cada vez mais o tráfego de veículos”.