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Cerca de 100 carroceiros protestam em frente Câmara contra projeto de lei

Quem tentou passar pela Avenida Marechal Castelo Branco na manhã desta segunda (12) encontrou problemas por conta de um protesto de carroceiros em frente à Câmara Municipal de Teresina. A categoria pede a retirada de pauta da discussão acerca do Projeto de Lei da vereadora Teresa Brito, que prevê a proibição do uso de animais para puxar carroças em Teresina.

O texto do PL tem como principal ponto a substituição dos cavalos, jegues e jumentos que puxam as carroças por “cavalos de lata”, ou seja, pequenos carros puxados por uma motocicleta. Para os carroceiros, a medida tornaria inviável o trabalho da categoria na Capital por conta do alto custo para aquisição e manutenção dos novos equipamentos.


Durante o protesto, os carroceiros atearam fogo no asfalto para chamar a atenção dos vereadores (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

Atualmente, Teresina conta com quatro mil carroceiros cadastrados na Associação Teresinense de Carroceiros, muitos deles com um apurado médio mensal que varia entre R$ 300,00 e R$ 500,00. De acordo com a presidente da Associação, Tina Lima, um “cavalo de lata”  custa cerca de R$ 22 mil, o que extrapola bastante a renda destes profissionais.

Outro ponto que a categoria menciona diz respeito à funcionalidade do “cavalo de lata”. Segundo os carroceiros, o equipamento, por conta de suas dimensões, não permite carregar outro material que não seja folhas e papelão. “Nós temos que ver que os carroceiros carregam uma diversidade de coisas, que vai muito além de galhos e papelão. Então adotar esse ‘cavalo de aço’, vai prejudicar até nisso”, afirma Tina Lima.


Tina Lima, presidente da Associação Teresinense de Carroceiros (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

Um dos argumentos sustentados pela vereadora Teresa Britto (PV) é o de que os animas que puxam as carroças sofrem maus-tratos e que o projeto de lei visa justamente evitar que essa prática continue ocorrendo e garantir uma melhor na estrutura de trabalho dos carroceiros de Teresina. No entanto, os carroceiros rebatem o projeto de lei, negando que os animais sejam mal tratados e questionam o que seria feito com os cavalos, jegues e jumentos caso eles sejam substituídos.

“Vão ficar abandonados, vão ser largados nas estradas, correndo o risco inclusive de causarem acidentes. Sem contar que a manutenção desses equipamentos que querem nos empurrar é muito cara. São quatro pneus que um cavalo de lata tem. Aí vai vir fiscalização da Strans se der problema no meio da rua”, reclama o carroceiro Jose Vicente Santos.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

A categoria informou que ainda não foi chamada para conversar com os vereadores acerca do projeto e que apenas a autora dele, a vereadora Teresa Brito, disse que os chamaria para uma audiência, mas ainda sem data marcada.

O outro lado

A vereadora Teresa Brito afirmou que falta informação aos carroceiros quanto aos benefícios do ‘cavalo de lata’. Segundo ela, não é objetivo do projeto deixar os carroceiros sem condições de trabalho, o intuito é reduzir o número de animais que sofrem maus tratos. “Há vários casos em que os cavalos são usados para os serviços e depois abandonados. Não podemos mais aceitar isso”.

Sobre a limitação de uso argumentado pelos trabalhadores, Teresa Brito garantiu que o projeto foi feito para que o ‘cavalo de lata’ carregue vários tipos de materiais. “Carroça é para carregar coisas pequenas. Se quiserem descartar coisas grandes, tem que alugar carros que suportem”, ressaltou.

Teresa Brito disse ainda que haverá uma audiência pública com os órgãos municipais e a associação dos carroceiros para discutir alternativas de viabilizar o ‘cavalo de lata’. “Essas pessoas precisam ser assistidas, qualificadas, aparadas, e a prefeitura tem que dar as condições de vida para eles”, destacou. A data da reunião ainda não foi marcada.