Agentes da Polícia Federal cumprem, na manhã desta terça-feira (21), mandados de busca e apreensão autorizados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em nova fase da Operação Lava Jato. Alguns alvos estão em Pernambuco, dois mandados são cumpridos na Bahia e há também ação no Distrito Federal.
Os alvos desta etapa não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente de Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), atual presidente do Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO) e Humbeto Costa (PT-PE).
Esta fase não tem relação com a delação de executivos da empreiteira Odebrecht, ainda sob análise do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.
Santoro disse ainda que não poderia dar mais detalhes porque a ação corre em segredo de justiça. O material apreendido deve ser levado para análise em Brasília.
Segundo o jornal "A Tarde", agentes estiveram no condomínio de luxo Reserva Albalonga, localizado no Horto Florestal, bairro nobre de Salvador. Dois carros da PF deixaram o local por volta das 8h50. O alvo da ação não foi divulgado pela Polícia Federal.
Eunício Oliveira
Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", um dos alvos da operação de hoje é a empresa Confederal, no Distrito Federal, ligada a Eunício Oliveira.
Eunício Oliveira está na mira da Lava Jato. Em acordo de delação premiada, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que a construtora pagou R$ 7 milhões a parlamentares para garantir a aprovação de uma medida provisória de interesse da companhia no Congresso.
Nas planilhas de pagamento de propina, Eunício é identificado como "Índio". O presidente do Senado disse, na época da divulgação das delações, que "jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos ou apresentação de emendas legislativas".
Humberto Costa
Em Pernambuco, outro alvo da operação de hoje é Mário Barbosa Beltrão, empresário ligado a Humberto Costa.
Segundo reportagens dos jornais "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S.Paulo", ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento à Justiça que Humberto Costa recebeu R$ 1 milhão do esquema de desvio de recursos da estatal para a campanha de 2010. O delator disse que Beltão foi quem solicitou o dinheiro. À época, os dois negaram as acusações.
A campanha de Humberto Costa ao governo pernambucano em 2006 também é alvo da Lava Jato. Segundo outro ex-gerente da Petrobras, foram feitos dois cheques: um de R$ 6 milhões para a Schahin Construtora e outro de R$ 8 milhões para a Odebrecht. Esses R$ 14 milhões foram destinados à campanha de Costa. O empresário Mário Beltrão seria o arrecadador financeiro do senador.
Renan Calheiros
Atual líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros é alvo da Lava Jato em função da suspeita de ter recebido R$ 800 mil em propina por meio de doações da empreiteira Serveng. Em troca dos valores, os parlamentares teriam oferecido apoio político Paulo Roberto Costa, que mantinha a Serveng em licitações da estatal.
Foram identificadas duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil em 2010, operacionalizadas por um diretor comercial da Serveng, também denunciado. A denúncia aponta ainda que esses valores seguiram do Diretório Nacional do PMDB para o Comitê Financeiro do PMDB de Alagoas e deste para Renan Calheiros, mediante diversas operações fracionadas, como estratégia de lavagem de dinheiro.
Renan já é réu perante o STF em uma ação penal e alvo de outros 11 inquéritos. Ele nega todas as acusações.
Valdir Raupp
Valdir Raupp já é réu no Supremo. Ele responde à acusação da PGR (Procuradoria Geral da República) sobre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A acusação da PGR é de que os R$ 500 mil doados oficialmente pela construtora Queiroz Galvão à campanha de Raupp ao Senado em 2010 seriam "propina disfarçada" e que teriam origem no esquema de corrupção estabelecido na Diretoria de Abastecimento da Petrobras.
Em agosto de 2016, a 33ª fase da Lava Jato - autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro - investigou alvos de crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro em Pernambuco. Na ocasião, o alvo foi a construtora Queiroz Galvão e os executivos ligados à construtora Ildefonso Colares e Othon Zanoide foram presos.