Portal O Dia - Últimas notícias sobre o Piauí, esportes e entretenimento

Movimentos pregam que população não vote caso obras não sejam concluídas

Dois movimentos populares na região Sul do Piauí mobilizam a população para não irem às urnas nas eleições deste ano, caso obras importantes não sejam concluídas pelos governos estadual e federal. A forma de pressionar a classe política, ameaçando não votar, foi encontrada após anos de reivindicação por obras que nunca saíram do papel e são essenciais para quem vive na região.

A cidade de Dom Inocêncio, a 624 km de Teresina, é uma das poucas cidades do Piauí que não possuem ligações via pavimentação asfáltica. A construção da estrada é a reivindicação dos moradores da cidade. Em época de chuvas como a de agora, o município encontra-se isolado porque a estrada que liga o município a São Lourenço do Piauí, na região de São Raimundo Nonato, é cortada por riachos quem transbordam e impedem a passagem de pessoas. A estrada possui 80 quilômetros, dos quais 28 ainda estão por fazer, demanda construção de pontes e está paralisada desde novembro do ano passado. A obra começou a ser executada em 2011, mas é prometida há décadas. Para pressionar o Governo do Estado a concluir a obra, moradores da cidade lançaram a campanha “Dom Inocêncio sem estrada, Dom Inocêncio sem votos”.


Estrada que liga Dom Inocêncio a São Lourenço é cortada por riacho e ponte não foi concluída (Foto: Divulgação)

Já na região do Vale do Gurguéia, a reivindicação é o alargamento da BR-135. Com apenas cinco metros de largura em muitos trechos, desnível de até 40 centímetros e grande tráfego de carretas e grandes veículos, a estrada tem feito vítimas fatais. Só ano passado, cerca de 50 mortes foram registradas no trecho que liga Eliseu Martins a Cristalândia do Piauí. A obra de alargamento iniciou, mas caminha a passos lentos. O movimento “SOS BR-135. Sem alargamento, sem votos” planeja mobilização para dia 7 de abril e nas redes sociais, intensifica o discurso de que se a obra não estiver perto da conclusão, não haverá votos na região para os políticos.

Ao O DIA, o professor Gutemberg Dias, do movimento “Dom Inocêncio sem estrada, Dom Inocêncio sem votos”, afirma que o grupo de moradores tenta conscientizar a população sobre a importância de valorizar o voto. “A gente é visto só no período eleitoral. Então, o voto é a arma que temos e utilizamos dele neste movimento para pressionar quem tem poder de fazer a estrada, que faça. Em 2016 passamos um mês isolados. Os prejuízos são incalculáveis. A obra já está parada de novo e assim que as chuvas pararem, vamos aumentar os protestos”, pontua.

Um dos coordenadores do movimento SOS BR-135, Jandilson Andrade, explica que no caso da luta pelo alargamento da estrada, a ideia principal é não eleger quem já tem mandato, caso o cronograma da obra não seja seguido. “Concluir a gente observa que não tem como até as eleições, até porque já está atrasado. Mas caso não seja retomado, nosso objetivo é levar para frente a ideia. Nosso medo é que passando as eleições, os políticos não tenham compromisso com a causa”, diz ele, acrescentando que os próprios relatórios da Polícia Rodoviária Federal conferem o perigo da via.

“Deputados, senadores, órgãos federais, todos sabem do perigo que a BR-135 oferece a quem trafega nela. Nós já marcamos uma próxima reunião e a nossa ideia é essa. Temos que disseminar entre a população que ela precisa se conscientizar que nós temos que votar nos que se comprometem com a obra”, diz ele.