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Cantor assume autoria de rap e fala da violência policial na periferia

Um jovem chamado “Preto Kedé” [foto ao lado] assumiu a autoria do rap apontado pela polícia como criminoso. Ele integra o grupo de Hip Hop "A Irmandade", originário da zona Sul de Teresina e que tem 10 anos de trabalho.

Em seu perfil no Facebook, o rapaz se pronunciou sobre a polêmica em torno da música e denunciou, mais uma vez, a truculência da polícia na periferia.�

O rap que repercutiu hoje na imprensa foi entendido pela polícia como uma ameaça de morte a policiais do Rone (Rondas Ostensivas de Natureza Especial). A letra menciona o subcomandante do batalhão, capitão Fábio Abreu, e o tenente Mota, do Moto Rone, também conhecido como Avelar.

“Marginais fardados, (...) está chegando a hora de vocês”, diz o rap como que intimidando os oficiais da Polícia Militar. Ao mesmo tempo, a música denuncia abusos de autoridade por parte da polícia. Fala em cicatriz, hematomas e chibatadas nas senzalas, lembrando a criminalização do negro.�

Em meio à polêmica, Preto Kedé desabafou no Facebook: “Corporações às quais o Estado concede o monopólio do uso da força não podem confundir autoridade com autoritarismo. A elas não é dada permissão para violar direitos humanos, ferir a cidadania, ainda que em confronto com bandidos, ocasiões em que, não raro, a resistência à prisão passa a ser usada como justificativa para homicídios”.

O grupo de Hip Hop "A Irmandade"

Segundo ele, a música foi um meio de delatar a violência policial. "Quem cresceu vendo policia derrubando porta de barraco, dando tapa na cara primeiro para depois averiguar se é bandido ou cidadão sabe do que eu estou falando e sabe o eu quis falar na letra”, declarou.

O artista esclareceu que sua intenção não era intimidar policiais militares. "Não foi uma forma de amedrontar eles. Isso foi uma revolta minha. É preciso ver como eles agem nas ruas, nas vilas. Para eles, todo mundo é marginal", destacou.�

O motivo de tanta revolta, ele diz ter sentido na pele. "Tiro por mim. Eu, negro, totalmente discriminado. Todo dia eu sou humilhado, baculejado pela polícia. Jogaram o carro para cima de mim, sem motivo. Bateram na minha cara, jogaram meu boné do outro lado da rua", apontou.

O grupo “A Irmandade” possui outras músicas que criticam a atuação da polícia. Muitas estão disponíveis no site nacional “Palco MP3”, de música independente. Preto Kedé inclusive já se apresentou junto com o grupo em programas de TV locais. Só agora suas músicas foram interpretadas como apologia ao crime.

Para o capitão Fábio Abreu, os autores do rap devem ser responsabilizados. De acordo com o subcomandante, dois deles têm passagem pela polícia, por porte ilegal de armas. Preto Kedé, entretanto, nega já ter sido preso.�

Confira aqui o rap polêmico:



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