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Após aborto espontâneo, família de jovem denuncia demora para curetagem

Familiares de uma gestante de 28 anos denunciaram uma suposta demora no atendimento da jovem na Unidade Mista de Saúde Professor Wall Ferraz (Ciamca), nesta terça-feira (29).

Depois de sofrer um aborto espontâneo durante a manhã, a jovem Samara Santos Pereira teve que aguardar cerca de cinco horas na maternidade, localizada no bairro Dirceu Arcoverde, para a realização de uma curetagem, intervenção cirúrgica por meio da qual são retirados os restos do feto.

Segundo uma tia da jovem, o hospital havia marcado o procedimento para as 15 horas, mas ela só foi levada para a mesa de cirurgia por volta das 16h45.

Como a jovem perdeu muito sangue e se sentiu mal desde o momento do aborto, os familiares temiam que ela apresentasse complicações, como infecções provocadas pela presença dos restos fetais no útero por muito tempo.

Ainda segundo a tia da paciente, sempre que seus familiares questionavam aos funcionários do hospital sobre a demora na realização da curetagem, eles justificavam que não havia médico disponível no momento para realizar o procedimento.

Outro lado

Em conversa com o portal O DIA, a presidente da Fundação Hospitalar de Teresina (FHT), Fátima Garcêz disse estranhar a denúncia, e disse que a espera pela curetagem, em geral, é necessária, para que a paciente seja preparada para o procedimento.

"Eu acho que isso não procede, porque lá [no Ciamca] nós temos três obstetras de plantão durante o dia e dois durante a noite. E quando existe um aborto espontâneo há todo um preparo para que a mulher possa fazer uma curetagem. Tem que tomar uma medicação para dilatar o colo do útero e, só então, fazer a curetagem. Então, eu acho muito difícil essa situação ter acontecido", afirmou Fátima Garcêz. 

O médico Luciano Malta Pacheco, diretor do Ciamca, reforçou a declaração da presidente da FHT, assegurando que a paciente não foi mal assistida pela equipe do hospital. De acordo com o diretor, uma possível falha de comunicação pode ter resultado no mal-entendido.

"Em casos de gestações superiores a 12 semanas, não se pode fazer a curetagem de imediato, é preciso primeiro esperar a mulher expelir o feto. E esse período de espera envolve uma indução do parto. Essa indução pode demorar de horas a dias. E numa situação como a dela, como ela estava internada num hospital com três obstetras de plantão, essa paciente estava sendo assistida. Não houve desassistência à paciente. O que pode ter acontecido é que a paciente chegou ao hospital imaginando que iria fazer de imediato a curetagem. Mas isso só acontece quando a gestação é de até 12 semanas. A partir de 12 semanas é necessário fazer uma indução do parto, para que a paciente elimine o concepto. Se você não fizer isso, pode ocorrer uma laceração do útero ou do colo do útero. Então, em nenhum momento ela foi desassistida. Na verdade, talvez tenha faltado informação à paciente. Não sei se porque a paciente não solicitou ou porque não foi dada a informação. Mas a conduta, em momento algum, foi errada", esclareceu o médico Luciano Malta.