A doação de sangue é um ato solidário e social que tem um papel decisivo em alguns quadros clÃnicos onde o paciente que espera a bolsa de sangue corre perigo iminente de morte caso não a receba. A novidade é que além de praticar uma boa ação, a pessoa que doa sangue tem benefÃcios pessoais ligados ao sistema cardiovascular. No Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado nesta quinta-feira (14), o tema se torna ainda mais pertinente. O objetivo da data é gerar consciência sobre a necessidade da doação de sangue.
Segundo o estudo de médicos da ClÃnica Universitária de Innsbruck, na Ãustria, à Sociedade dos Médicos de Viena, o metabolismo do elemento ferro no sangue explica a teoria de benefÃcio cardiovascular. Eles entendem que há uma relação entre as altas reservas de ferro no sangue e as primeiras etapas da arteriosclerose, já que este metal acelera a oxidação dos lipÃdeos (gorduras). Os pesquisadores consideram a probabilidade de que o efeito negativo do ferro seja potencializado quando há altas concentrações de colesterol no sangue do homem. A pesquisa foi feita com mais de mil homens e mulheres entre 40 e 79 anos.
No caso das mulheres, este risco é reduzido naturalmente durante o perÃodo do ciclo menstrual, onde é eliminado o excedente de ferro acumulado no sangue. A equipe que desenvolveu o estudo acredita que o ato de doar sangue duas vezes por ano diminuirá o risco de enfarte, já que são liberadas certas reservas de ferro do nosso organismo que não atuarão mais na oxidação de gorduras.
O cardiologista Victor Lira (CRM-PI 4447) explica que as células vermelhas do sangue têm um ciclo de vida de 120 dias, sendo naturalmente repostas pelo organismo. "A composição das novas células faz uso do ferro. A doação de sangue faz com que o organismo produza mais células jovens para repor as células que foram doadas e com isso diminui as reservas de ferro e a oxidação dos lipÃdios, que faz parte da doença aterosclerótica e consequentemente reduz o risco de entupimento das artérias do coração e do cérebro", pontua.
A oportunidade de uma avaliação do risco cardiovascular de um indivÃduo que doa sangue também é apontada em pesquisas como fator de importância na descoberta de doenças cardiovasculares. O sangue doado passa por vários testes antes de ser utilizado. Entre os testes realizados estão: SIDA (SÃndrome da Imonudeficiciência Adquirida), SÃfilis, Hepatite B, Hepatite C e Doença de Chagas. Outros testes também são efetuados para saber o tipo sanguÃneo, e certas anormalidades dos glóbulos vermelhos e de algumas proteÃnas do sangue.
Além da medida da pressão arterial, incluir a dosagem do colesterol total e frações em doadores de sangue pode ser uma medida interessante, uma vez que as anormalidades do colesterol total e suas frações raramente causam sinais. "E o diagnóstico e o tratamento precoces das altas taxas de colesterol trazem grande benefÃcio para os pacientes", finaliza Victor Lira.