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Dia da Visibilidade Lésbica alerta sofre violências e discriminação

O Dia Nacional da Visbilidade Lésbica, celebrado nesta quinta-feira (29), tem como objetivo denunciar a invisibilização e as violências sofridas pelas mulheres lésbicas no Brasil. Segundo as ativistas do movimento lésbico a data não é para “comemoração”, mas para fazer uma provocação e um questionamento sobre o silenciamento histórico das mulheres lésbicas na sociedade brasileira.

Marinalva Santana, coordenadora do Grupo Matizes. (Foto: Arquivo O Dia)

De acordo com a socióloga Diana Duarte, ser lésbica numa sociedade que silencia as mulheres e secundarizam os seus afetos é duplamente difícil, uma vez que, além de sofrerem opressões por serem mulheres, elas também são oprimidas pela sua sexualidade. “Um casal lésbico é visto como um fetiche sexual (porque as mulheres são objetos sexuais) ou com desprezo, em função da homofobia. Essa invisibilidade é a causa também da falta de políticas públicas na área da saúde para combater, por exemplo, as DST's”, alerta.

Segundo ela, o Dia da Visibilidade Lésbica deve ser organizado de modo a tensionar as estruturas que condicionam as mulheres lésbicas a lugares de silenciamento. “É um dia que as mulheres lésbicas fazem mobilizações para dizer que nossos desejos são legítimos, que nossos desejos sexuais e afetivos não cabem homens, a existência ou mesmo a ideia de um falo para a satisfação de nossos prazeres ou a garantia de legalidade de nossa família”, destaca.

A socióloga explica que, ao exporem a sua sexualidade, muitas mulheres lésbicas são submetidas a violências para que se conformem com o padrão de feminilidade imposto pela sociedade. “Devido o fato de mulheres se relacionarem entre si sem o desejo de haver um homem, passamos a um lugar de risco muito grande, como os estupros corretivos, já que existe a ideia de que as mulheres se relacionam com outras porque não encontraram o homem ideal”, afirma.

Semana do Orgulho de Ser traz atividades pelo Dia da Visibilidade Lésbica

Em Teresina, o Dia da Visibilidade Lésbica está sendo marcado por atividades da 15ª Semana do Orgulho de Ser, evento organizado pelo Grupo Matizes, e que traz espaços voltados para a discussão sobre o movimento LGBT.

Segundo a coordenadora do Grupo Matizes, Marinalva Santana, a Semana do Orgulho de Ser é pensada também como forma de dar visibilidade ao movimento lésbico, uma vez que as atividades são desenvolvidas todos os anos ao longo da última semana do mês de agosto. “A gente faz uma luta cotidiana pela ampliação dos direitos LGBT e como o Matizes é protagonizado por lésbicas, nós lésbicas somos sujeitas políticas dessa luta, pelo conhecimento de direitos de nós lésbicas e contra a discriminação. Nesse sentido, a as atividades ocorrem na última semana de agosto porque é uma forma da gente lembrar também da visibilidade lésbica”, afirma.

Entre as atividades programadas para fazer alusão à causa está o lançamento do livro Letras da Diversidade: Cenas de Livre Expressão, organizado por Marinalva Santana e Marleide Lins, duas mulheres lésbicas e ativistas dos direitos da população LGBT. O lançamento do livro ocorre às 19h na Galeria Nonato Oliveira, na Universidade Federal do Piauí. “Amanhã também teremos uma festa para reafirmar a nossa condição de mulher que vivenciamos nossa sexualidade com outras mulheres”, diz Marinalva Santana. A festa “Eu gosto de (ser) mulher” acontece nesta sexta-feira (30), a partir das 19 h, no Recanto Caseiro, bairro Cristo Rei.