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Depois de uma década, investigada por casa de aborto reside no mesmo local

Encerrando a série de matérias sobre fatos marcantes do Piauí, o Jornal ODIA relembra uma das reportagens investigativas que gerou grande repercussão há uma década e estampou a capa do impresso. Em 2007, o ODIA denunciou uma casa de aborto clandestina em Teresina; na época, foi realizada uma ação policial, resultando na detenção de duas pessoas e na apreensão de equipamentos ginecológicos. Passados 10 anos, voltamos à casa da idosa acusada de praticar os serviços, na tentativa de conversar com a mulher. Também tentamos ouvir alguns vizinhos, mas reações são de desconfiança.

Mesmo após uma década, a mulher reside no mesmo endereço, próximo ao Ginásio Verdão, no Centro de Teresina. A casa também não mudou muito e tem estátuas de santos na entrada. Segundo os vizinhos, a idosa costuma sair pouco, apenas na companhia do filho, mas recebe, vez ou outra, a visita de pessoas em carros caros “de magnata”, como afirma um morador.

A investigada é uma senhora discreta, que fica praticamente todo o dia dentro de sua casa e com as portas fechadas.

A delegada da mulher, Vilma Alves, conta que a idosa vem sendo investigada desde o ano de 1991. “Eu conheço a história dela, ainda nos anos 90. Desde a última investigação que ocorreu, não recebemos mais denúncias do caso e a polícia só pode investigar se houver uma motivação”, disse.

Segundo a delegada, como o aborto é uma prática ilegal, as pessoas que o praticam dificilmente revelam que fizeram e onde fizeram. “Se ninguém denunciar, não teremos conhecimento e não conseguiremos evitar. Teve uma época que ela chegou a ser presa, mas bastou conseguir um bom advogado que é solta. Ela continua praticando. Não temos provas, mas sabemos”, afirma.

Processo

A mulher vem sendo investiga desde 2005. No inquérito policial, recebido em 6 de setembro daquele ano, foram apresentados como provas do delito oito comprimidos de Binotal 500 e uma cartela com Methergin e ela foi indiciada pelo crime de aborto. O caso é de natureza criminal e segue no sistema do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), onde a idosa está entre os réus do processo.

Em 2012, o advogado da acusada chegou a alegar insanidade mental. Contudo, como não foram apresentados laudos com probatórios, o processo seguiu normalmente. A última movimentação ocorreu no dia 12 de dezembro de 2016, quando foi marcada uma audiência de instrução e julgamento redesignada para o dia 22 de maio de 2019, às 10h30, na sala de audiências da 2ª Vara do Tribunal do Júri.