O ator e psicólogo VinÃcius Romão de Souza, de 26 anos, foi liberado da Cadeia Pública PatrÃcia Acioli, em São Gonçalo, no inÃcio da tarde desta quarta-feira. Abatido e, segundo amigos, mais magro, ele deixou a unidade prisional no carro do pai. VinÃcius não deu entrevistas, mas o pai agradeceu o empenho de amigos, que acompanhavam a libertação do ator.
Questionado se a repercussão na mÃdia e nas redes sociais foi essencial para que a Justiça determinasse a liberdade provisória de seu cliente, Rubens Nogueira de Abreu, advogado de VinÃcius, negou, creditando a reviravolta ao trabalho dele mesmo. VinÃcius estava numa cela com outros 15 presos, mas não sofreu violência. Segundo o advogado, VinÃcius estava tranquilo por ser psicólogo e tinha consciência de sua inocência.
Ainda de acordo com Rubens Abreu, com o novo testemunho da vÃtima do assalto, a copeira Dalva da Costa Santos, que contou ter se confundido quando identificou VinÃcius como o ladrão, seu cliente deve ser absolvido depois do carnaval.
Amigos do ator estiveram na porta da unidade para acompanhar a libertação de VinÃcius, que estava preso há 16 dias. O grupo exibia cartazes com dizeres como “Te Amamos†e “Estamos Juntosâ€. Um dos amigos que aguardavam a chegada do oficial de justiça com o alvará de soltura era o biólogo Bernardo Roxo, de 25 anos. Ele acredita que o amigo foi vÃtima de racismo e que a culpa da prisão injusta foi dos policiais que o detiveram:
— Em um PaÃs em que ninguém é preso. É muito estranho um inocente ir para a cadeia. O caso foi uma sucessão de erros. Desde a identificação, feita sem a comparação com suspeitos que tivessem o mesmo biotipo do VinÃcius — acredita.
Para o biólogo, a mobilização nas redes sociais e na mÃdia foi fundamental para que a Justiça revertesse a situação do ator.
— Foi uma mobilização conjunta. Um amigo começou a divulgar a história, mas demorou 11 dias para a gente descobrir que ele estava preso — concluiu.
Corregedoria investigará conduta de policiais civis na prisão de ator
A Corregedoria Interna da PolÃcia Civil vai apurar se houve alguma irregularidade na prisão do ator. A Justiça concedeu na tarde desta terça-feira a liberdade provisória para o rapaz, que havia sido preso no último dia 10, acusado de ter roubado a bolsa de uma mulher no Méier, Zona Norte da cidade. Em novo depoimento à polÃcia, Dalva da Costa Santos admitiu ter se enganado ao reconhecer VinÃcius como o homem que a assaltara. A investigação vai avaliar a conduta do policial civil Waldemiro Antunes de Freitas Junior, da 11ª DP (Rocinha), que abordou VinÃcius e apresentou a ocorrência à 25ª DP (Engenho Novo), e a do delegado de plantão William Lourenço Bezerra, responsável pelo flagrante.
Pela decisão judicial, VinÃcius terá de comparecer ao Fórum mensalmente e não poderá deixar a cidade. O juiz em exercÃcio da 33ª Vara Criminal, Rudi Baldi Loewenkron, afirmou em sua decisão que o rapaz poderia ficar solto, já que tem endereço fixo e emprego, não possuindo antecedentes criminais nem o perfil de um criminoso comum.
VÃtima: local era mal iluminado
Em novo depoimento na 25ª DP, Dalva afirmou que o local onde foi roubada não era bem iluminado e que viu apenas rapidamente o rosto do ladrão. “Fica quietinha e passa a bolsaâ€, ameaçou o criminoso ao abordá-la. Ainda segundo a vÃtima, que trabalha como copeira em um hospital do Méier, o bandido usava blusa preta e tinha cabelo no estilo black power, corte semelhante ao de VinÃcius, cujo cabelo foi cortado no momento da prisão.
Dalva disse ainda que, já no dia seguinte ao roubo, devido à s insistentes negativas de VinÃcius, teve dúvidas e pensou em ir à delegacia para retirar a queixa, mas não o fez por não ter o dinheiro da passagem. Ao ver a repercussão do caso na mÃdia, a sensação de que poderia ter se enganado aumentou.
No dia 10, VinÃcius seguia a pé para casa, no Méier, quando foi abordado por dois policiais que acompanhavam a vÃtima, perto do Viaduto de Todos os Santos. Ele foi obrigado a se deitar de bruços no chão e, depois, levado à 25ª DP. Na delegacia, a copeira chorava muito ao afirmar reconhecê-lo como o assaltante. Esse testemunho foi usado para manter o rapaz preso.