O metalúrgico sÃrio Ahmed, 24, disse ter recebido convites do regime do ditador Bashar al-Assad e de forças da oposição para combater na guerra civil da SÃria. Filho único, rejeitou e teve o apoio da famÃlia para deixar Damasco e o paÃs.
Mas foi a partir de setembro de 2012, quando o Brasil retirou as restrições de visto para os sÃrios, que o número subiu.
O Comitê Nacional de Refugiados (Conare) diz que 333 sÃrios pediram refúgio ao paÃs até junho de 2013, mas não deu detalhes sobre o crescimento após esse perÃodo.
A legislação determina que o governo deve garantir aos estrangeiros saúde e educação e fornecer documento de viagem, carteira de identidade e de trabalho. Porém, não é prevista ajuda financeira.
O dinheiro usado para socorrer os refugiados vem de doações e do repasse anual do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), que deve entregar US$ 8,08 milhões (R$ 18,74 milhões) ao Brasil em 2014.
A verba é destinada a cinco entidades, entre elas a Cáritas Arquidiocesana. A maior parte dos beneficiados vem da Ãfrica, da Colômbia e do Haiti, para quem o Brasil abriu as fronteiras após o terremoto de 2010.
Com o fluxo intenso de haitianos, que chegou a 26 mil em dezembro, as entidades enfrentam dificuldades para receber outros refugiados, que são obrigados a enfrentar espera de até dez meses.
Diante da superlotação, os sÃrios passaram a buscar o auxÃlio das comunidades islâmicas. Além de Guarulhos, as mesquitas do Brás, do Pari e do Cambuci, na capital, também recebem os refugiados na Grande São Paulo.
O lÃder religioso da mesquita de Guarulhos, xeque Mohamad al Bukai, elogiou a decisão do Brasil de acolher os sÃrios, mas também pediu mais apoio à s autoridades.
O templo abriga hoje 30 refugiados, que dormem em colchões em quatro salas do andar superior da mesquita e no salão de orações.
Os outros 120 estão em casas de membros da comunidade, que também forneceram alimentos e empregos a alguns deles. "Agradecemos ao Brasil por acolher nosso povo, mas vamos ter de fechar a mesquita para os refugiados se o fluxo aumentar", disse Bukai.
CLASSE MÉDIA
A maioria dos sÃrios que está em Guarulhos é de classe média. No entanto, muitos deles gastaram toda a sua poupança para chegar ao Brasil.
Entre eles, estão médicos, advogados, universitários e empresários, como Hasan Balaa, 53, que tinha uma agência de turismo em Damasco.
Com o inÃcio do conflito, a demanda pelos serviços diminuiu e ele teve suas quatro vans roubadas pelos rebeldes e por milÃcias leais ao regime, conhecidas como shabbiha.
Em março de 2012, ele e sua mulher decidiram ir ao Egito. No ano passado, voltou à SÃria e encontrou destruÃda uma fazenda de oliveiras que tinha perto de Damasco.
Ele foi impedido de voltar ao Cairo e, então, tentou duas vezes entrar na Europa em embarcações improvisadas. As tentativas –para as quais pagou US$ 4.380 (R$ 10.160) a coiotes–fracassaram.
Por fim, ele pediu visto ao Brasil. O empresário diz que quer ter um negócio no paÃs. No entanto, reclama de um novo inimigo: a burocracia.