No estado mais católico do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE), outras religiões têm bastante representatividade, inclusive as religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé. Membros destas religiões calculam que o Piauà tenha mais de 1.500 terreiros. Destes, mais de 300 se concentram na capital, número confirmado pela Coordenadoria Estadual de Direitos Humanos e da Juventude, que realiza um mapeamento desses locais.
O número de terreiros ultrapassa, e muito, o número de igrejas católicas na capital teresinense. Existem 65 paróquias e mais sete capelas em Teresina, reunindo os templos das zonas Norte, Sul, Leste, Sudeste e zona Rural. O número de pessoas que participa dos cultos de umbanda e candomblé, no entanto, nem mesmo se iguala a quantidade de católicos.
Ainda assim, a presença das religiões afro em Teresina é significativa, apesar de os seus membros serem comumente estereotipados. Alci Marcus, coordenador dos Direitos Humanos, diz que é muito forte a idéia de que umbandistas e membros do candomblé são macumbeiros, pessoas que fazem pacto com demônios ou coisas do tipo. “Temos recebido denúncias de intolerância da população e até mesmo da polÃcia. Por isso, resolvemos conhecer de perto a realidade dessas religiões”, diz.
A macumba nada mais é do que outra religião afro, que tem em comum com as demais, entre outras caracterÃsticas, o toque do tambor. Alci Marcus informa que macumbeiro é quem toca este instrumento.
Na tentativa de conhecer os problemas enfrentados pelos religiosos da umbanda e do candomblé, a Coordenadoria de Direitos Humanos começou a fazer um mapeamento dos terreiros na capital. Ainda falta concluir o processo, mas até o momento já foram catalogados mais de 300 locais que podem ser considerados terreiros, onde acontecem, freqüentemente, cultos aos seus santos. A maior parte se concentra na zona Norte da cidade.
Gardênia de Carvalho, coordenadora da Diversidade Cultural e Religiosa da Coordenadoria dos Direitos Humanos, conta que houve algumas dificuldades para mapear os terreiros, principalmente porque muitos locais se camuflam, na tentativa de evitar repressões.
“A intolerância religiosa é o nosso principal desafio. As religiões afro sofrem muito com o preconceito”, declara Gardênia, que é também membro da umbanda. Com 27 anos de idade, ela participa do Grupo de Cultura Afro Ijexá há uma década e há dois anos diz que incorpora espÃritos.
Principalmente por ser membro e conhecer de perto a essência da religião, Gardência de Carvalho luta pelo fim do preconceito com as religiões afro. “Nós fazemos um resgate da cultura dos pretos velhos e dos caboclos, que são espÃritos de negros escravos e de indÃgenas. Fazemos isso através da dança, da música e do toque”, explica.