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Professor acredita que mais bibliotecas aumentariam quantidade de leitores

44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro, aponta pesquisa Retratos da Leitura. O dado é resultado de uma pesquisa recente realizada pelo Ibope por encomenda do Instituto Pró-Livro, entidade mantida pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), a. A pesquisa “Retrato da Leitura no Brasil”, considera leitor aquela pessoa que leu pelo menos um livro completo em três meses. Enquanto que o não leitor é aquele que declarou não ter lido nenhum livro nos últimos três meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses.

Em comparação a última pesquisa realizada em 2011, a quantidade de brasileiros leitores aumentou 6%, totalizando 56%. Apesar do aumento, o número ainda chama a atenção, visto que ainda existe uma quantidade considerável de pessoas no Brasil que pouco teve acesso ou nunca teve acesso à leitura de forma espontânea, e está associado a uma série de fatores – educacionais, econômicos e culturais.

Segundo o professor de letras Diógenes Buenos Aires, não é costume do brasileiro tratar o livro ou a leitura como prioridades. Além disso, diante de outras coisas colocadas como mais importantes, os livros acabam sendo deixados de lado. “Diante de necessidades básicas, os livros terminam ficando em segundo plano”, afirma o professor, acrescentando que “o brasileiro também não tem o hábito de dá livros de presente”. Apenas 36% dos entrevistados têm como hábito ganhar livros de presente.

Foto: Elias Fontenele/ODIA


O contato do brasileiro com o livro é algo que está diretamente relacionado a história do país. O professor Diógenes explica que, apesar do Brasil ter muitos anos de existência, a produção editorial do país se iniciou apenas com a vinda da família portuguesa em 1808 - o que, de certa forma, interferiu na disseminação da leitura que envolve a escola, a editora, a livraria, a biblioteca e as políticas públicas de incentivo à leitura. “Nós temos poucas bibliotecas públicas e também um número pequeno de livrarias”, comenta o professor.

Com poucas bibliotecas, a opção mais viável seria a compra dos livros. Mas, segundo a pesquisa “Retrato da leitura no Brasil”, 30% da população brasileira nunca comprou um livro. O livro como um bem simbólico para poucos ocupa o lugar de algo necessário. Além disso, para a população, os preços dos livros não são acessíveis e isso acaba influenciando o consumo desse bem.

A pessoa que pensa em comprar um livro mas, ao chegar a livraria e vê que o valor do livro está acima de seu poder de compra, automaticamente ela já descarta a possibilidade de compra-lo para si. Diante desse quadro, o professor de letras, Diógenes Buenos Aires, destaca a importância das bibliotecas públicas. “A questão do poder aquisitivo interfere na compra do livro. Por isso é preciso que sejam feitas mais bibliotecas públicas para tornar o livro mais democrático”, comenta.

Incentivo desde a infância é algo essencial

Foi constatado durante a pesquisa que o hábito da leitura é uma construção que vem desde a infância, uma vez que uma pessoa é influenciada a entrar no mundo da leitura, acaba influenciando outras pessoas a lerem e, assim, disseminarem o prazer pelas histórias contadas. Apenas um terço dos brasileiros teve influência de alguém na formação do seu gosto pela leitura, sendo que a mãe ou responsável do sexo feminino e o professor foram as influências mais citadas.

A pesquisa indica que “essa influência tem impacto no fato do indivíduo ser ou não leitor, uma vez que, enquanto 83% dos não leitores não receberam a influência de ninguém, o mesmo ocorre com 55% dos leitores”.

Para o professor Diógenes Buenos Aires, o incentivo a leitura desde a infância é algo essencial. “Isso faz com que nós tenhamos uma probabilidade de um leitor adulto competente, que tem uma visão de mundo ampla”, comenta.

Mas o professor também chama a atenção para os potenciais leitores que não criaram esse hábito de ler quando eram crianças. “Começar pela infância é uma garantia de eu vou ter um adulto leitor, mas isso não significa que em outro momento da vida, a pessoa não venha a ser tornar leitor. Não existe idade para se tornar um leitor”, ressalta Diógenes.

*A matéria completa você confere na edição deste domingo do Jornal O DIA