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Festejo do Divino Espírito Santo da Comunidade Marmelada,em Gilbués/PI

O grupo Memória Arquitetura, foi contratado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, para o desenvolvimento de pesquisa histórica e antropológica visando a elaboração de dossiê de registro do Festejo do Divino Espírito Santo da Comunidade Marmelada (município de Gilbués-PI) como patrimônio cultural brasileiro.

 O Festejo do Divino Espírito Santo em Marmelada é uma celebração do catolicismo popular, de grande relevância simbólica e identitária para os habitantes do município de Gilbués e região, se estendendo para todo o Piauí.

Trata-se de uma das mais antigas festas religiosas do estado, que acontece há pelo menos 150 anos, e conta com a presença de romeiros vindos de outras unidades da federação como São Paulo, Bahia, Goiás e Tocantins, além do Distrito Federal. Trata-se de uma manifestação cultural de caráter imaterial, caracterizado de ritos profanos e sagrados e intimamente relacionada com a vida em comunidade.

Seu registro pelo IPHAN no Livro das Celebrações é essencial para seus detentores e sua preservação. É importante ressaltar que o pedido de registro do festejo como patrimônio cultural foi feito pela própria comunidade através da representação da Associação Comunitária local, em conjunto com representantes da Associação Brasileira de Documentaristas, seção Piauí, moradores das comunidades vizinhas e de municípios da região, todos frequentadores do festejo e apoiadores do pedido de registro. Para a elaboração do dossiê foi fundamental a composição de uma equipe multidisciplinar, cujos resultados foram de cunho transdisciplinar, por conter análises integradas entre diferentes matrizes disciplinares como a História, Arquitetura, Sociologia e Antropologia.

O trabalho transdisciplinar junto aos bens de natureza imaterial é fundamental para a apreensão de sua complexidade, pois os aspectos temporais, espaciais, simbólicos e cosmológicos não podem ser compreendidos de forma estanque, já que são fluidos e estão interconectados.

O trabalho de campo foi realizado em maio de 2015, período de ocorrência do festejo. Durante a coleta de informações foram levantadas fontes documentais, bibliográficas, iconográficas e fotográficas, junto a arquivos públicos e privados, bibliotecas e instituições de pesquisa. Mas a principal fonte de informações foi oral, coletada na comunidade, onde foram realizadas entrevistas individuais e em grupo com os principais atores sociais responsáveis pela realização do festejo. Um expressivo número de imagens foi produzido, bem como pequenos vídeos, contendo a principais etapas da manifestação.

De modo a promover a salvaguarda do Festejo do Divino Espírito Santo da Comunidade Marmelada, e no sentido de garantir sua viabilidade e permanência como patrimônio cultural imaterial relevante que é, o dossiê contêm algumas medidas que visam sua preservação, proteção, promoção, e valorização, de modo que a realização do festejo esteja acessível para as gerações futuras. No caso dos mestres e mestras do Festejo do Divino de Marmelada, verdadeiros “Tesouros Vivos” da comunidade, no que tange aos seus saberes acumulados, e importância na manutenção e transmissão dos ritos e fundamentos da celebração, é de grande relevância para a salvaguarda do festejo, o reconhecimento e promoção desse “notório saber”.

 Relacionados ao festejo temos outros bens culturais de natureza imaterial, dentre eles destacamos a presença massiva das construções em adobe e taipa, configurando um modo de construção tradicional da comunidade, e a riqueza de modos de fazer e dos saberes arraigados