A novela "Bom Sucesso" estreia nesta segunda-feira
(29) na faixa das sete da Globo. Ambientada no subúrbio do Rio de Janeiro, a
trama vai mostrar personagens trabalhadores que lutam pelos seus objetivos e
também por respeito e dignidade. Pensando nisso, a equipe de autores e
diretores optou por um elenco plural, capaz de levar diversidade para a tela.
De acordo com o diretor artístico Luiz Henrique Rios, essa pluralidade
engrandece a história. "A gente vive em um país multiétnico. Conseguimos
um elenco muito colorido. À medida que temos mais diversidade, a gente constrói
uma realidade mais próxima."
Em 2018, o público reclamou de não haver atores negros em "Segundo Sol",
que se passava em Salvador –depois do barulho, a Globo escalou negros para
participações.
Em "Bom Sucesso", uma das atrizes que ganha oportunidade é Bruna
Inocêncio, 24, que dá vida à filha mais velha de Paloma (Grazi Massafera), a
protagonista. Na pele de Alice, Bruna se diz realizada. "É importante e é
necessário [representatividade], porque a gente precisa que outras pessoas se
enxerguem na TV, que vejam sua cor, seu cabelo e sua raça", afirma a
jovem, que estreia como atriz. "Essa menina é um escândalo", elogia o
diretor Rios.
O ator David Junior, que interpreta o jogador de basquete Ramon, pai de Alice,
se diz honrado em fazer parte da novela. "[Estamos] falando de subúrbio,
incluindo pessoas que têm a cara do subúrbio", avalia.
Para a atriz Shirley Cruz, estar em uma novela das sete da Globo representando
a mulher negra é também um ato político. Na trama de "Bom Sucesso",
ela é Gláucia, diretora comercial da editora de Alberto (Antonio Fagundes).
"A Gláucia é lésbica. Então, são duas coisas que me interessam: fazer com
que meninas negras sintam o que eu senti quando vi a [jornalista] Gloria Maria
na TV. Foi aquilo que me abriu a certeza de que eu poderia chegar lá. Outra
coisa que quero é contribuir para a empatia com a mulher lésbica. Gláucia pode ser
tudo, inclusive lésbica."
Sobre sua personagem, ela conta que "vai causar estranheza".
"Uma mulher negra retinta, bem preta, figurando numa empresa importante
com Antonio Fagundes... Minha presença é um ato político."
A atriz afirma, ainda, que apostar em um elenco negro é um acerto. "A
ousadia de quem escalou esse elenco é fantástica. Não queria ter que falar
disso daqui cinco anos. Precisa virar algo natural", conclui.
O elenco conta, ainda, com uma atriz trans, que na história luta por igualdade
e sofre bullying. Trata-se de Michelly, vivida por Gabrielle Joie.
A trama
Uma troca de exames vira de cabeça para baixo as vidas de
Paloma e Alberto. O rabugento empresário sofre de uma grave doença, mas,
inicialmente, Paloma é quem pensa estar com a vida por um fio.
Acreditando que tem apenas seis meses de vida, a costureira liga para Ramon,
que está nos EUA tentando se consolidar como jogador de basquete. Ele, então,
resolve largar tudo para passar os últimos momentos com Paloma. A mocinha
depois descobre que os exames foram trocados e decide ir atrás do verdadeiro
doente. E é assim que Paloma e Alberto acabam desenvolvendo uma grande amizade.
Preso a uma cadeira de rodas, o empresário olha a vida com pessimismo. E para
piorar seus dias, terá sempre por perto o genro Diogo (Armando Babaioff), um
advogado cínico que faz de tudo para levar a editora Prado Monteiro à falência.