Na última segunda-feira (16), um assalto a mão armada, igual a tantos outros que acontecem diariamente em nossa capital, se tornou pauta em veÃculos de comunicação do Piauà e de outros estados devido ao seu desfecho incomum e trágico: a vÃtima, que foi abordada em seu carro, perseguiu o assaltante que pilotava uma moto, atropelou-o e acabou o matando.
Longe de querer julgar a atitude da professora que foi vÃtima do assalto, o fato nos causou imenso desconforto quando leva a refletir até que ponto qualquer um de nós – ditos cidadãos do bem – somos capazes de reagir dessa forma a uma violência.�
A verdade é que sabemos racionalmente que não se deve reagir a assaltos. “Entregue tudo, não olhe nos olhos do bandido, mantenha a calma e colaboreâ€, é isso o que ensinamos aos nossos/as filhos/as.�
Muito provavelmente, a professora que passou de vÃtima de assalto a homicida também pensava assim. No entanto, até se deparar com uma situação de violência ninguém sabe como de fato vai reagir. E isso é o mais assustador quando vivemos ameaçados pela violência das ruas.
Além disso, outro desdobramento do caso nos chamou atenção. A notÃcia tomou grandes proporções nas redes sociais, como era de se esperar, mas inacreditavelmente várias pessoas adotaram o discurso de que “bandido bom é bandido morto†ou “direitos humanos para humanos direitosâ€. Não há dúvidas de que vivemos em uma sociedade em que a certeza da impunidade e o medo são constantes, mas daà a aderir à máxima do “olho por olho, dente por dente†significaria revogar todo o estado de direito e deixar que a lei do mais forte prevaleça.�
Queremos acreditar que não é essa a sociedade em que vamos ver nossos/as filhos/as crescerem. Não é esse tipo de lei e de justiça �que as multidões foram à s ruas nos últimos meses. Não queremos ser vÃtimas, mas também não desejamos “fazer justiça com as próprias mãosâ€, se é que isso é possÃvel.