Como identificar um idiota
Já disseram que todo ser humano calado é um gênio. De fato, quando você chega em algum lugar - num bar, numa reunião formal ou informal, entre grupos de conhecidos ou amigos, no trabalho ou em qualquer outro lugar onde exista um pequeno ou grande grupo de pessoas conversando -, sempre há aqueles que estão calados ou falam muito pouco. Claro que eles estão se protegendo em seu quase mutismo, dentro de seu silêncio, de análises e avaliações crÃticas que poderiam partir, em sua direção, de outras pessoas à volta. E este é o lado mais óbvio da questão.
Mas minha tese é a de que se pode identificar um idiota ou imbecil, ou qualquer tipo semelhante, não apenas pela sua pouca conversa, suas econômicas opiniões sobre um assunto especÃfico - garanto que é possÃvel essa identificação de outras maneiras. Por isso, não só a verbalização dá a pista do grau de idiotice de alguns tipos que encontramos diariamente, mas há outros sinais, juntamente com a fala, que também são excelentes indicadores de como se pode reconhecer ou identificar, com a mais absoluta certeza, um verdadeiro idiota. Claro que vou falar apenas sobre os idiotas conhecidos por todos, que chamo de clássicos, pois há muitos outros tipos não relacionados aqui - e estes, você mesmo pode identificá-los facilmente em qualquer lugar onde exista vida humana. Vamos aos clássicos:
I- Os faladores
Ao contrário dos calados, há aqueles que falam também, além de falarem pela boca, pelas mãos, pelos olhos, cotovelos, por todo o corpo. Verdadeiras máquinas programadas para dizer inutilidades, abobrinhas e superficialidades sem começo, meio e fim, disparam opiniões absurdas e destemperadas para todos os lados, já que são como metralhadoras giratórias apontadas para assuntos que mal conhecem e com pontaria abaixo da crÃtica; por isso, não acertam uma opinião.
II- Os exibicionistas
Estes - na verdade, a grande maioria - justificam toda sua pobre existência a partir do ter. Não do ser alguém, de fato, mas do ter o maior número possÃvel de objetos, de bens, de coisas que possam ser exibidas e admiradas pelos outros tão idiotas quanto eles. Praga caracterÃstica do mundo capitalista, circulam por aà com celulares de última geração, relógios Rolex, roupas caras e, claro, com os indefectÃveis carrões do ano. Por isso, uma conversa culta e inteligente para eles se assemelha a escutar a nona sinfonia de Beethoven. Isto é, não entendem nada.
III- Os óbvios
Imagine aquele tipo de gente que só diz o que todo mundo diz! Sem um mÃnimo de originalidade, ou ousadia, ou raciocÃnio pessoal, ou nenhuma diferença em relação ao que você já ouviu ou pensou. Pois estes também fazem parte de um grande grupo, iguais a papagaios que apenas repetem o que já ouviram de outros, muitas vezes emitem opiniões que não deveriam sequer ser pensadas, muito menos ditas.
IV- Os incultos
Já com essa classe de idiotas é como se você falasse com um ser primitivo, com apenas os instintos básicos em pleno funcionamento. Irremediavelmente ignorantes em tudo o que realmente vale a pena saber - coisas não tão cultas ou eruditas assim, mas que exigem um mÃnimo de informação, elaboração mental e inteligência mediana. Mas nada, nada, absolutamente nada sai desses cérebros que flutuam num tipo de vácuo sem rumo ou sentido, apenas sintonizados no cotidiano mais ordinário, do tipo: novelas, jogos de futebol, fofocas em redes sociais, mulheres desfrutáveis, a vida alheia, compras, modas, privilégios e mordomias, e por aà vai.
J. P. Miranda é jornalista e escritor.