Dando continuidade à série de reportagens em alusão ao Dia do Trabalha- dor, comemorado em 1º de maio, o Jornal ODIA traz nesta quinta-feira (27) um pouco da história de quem faz a segurança da sociedade: o policial militar. O capitão Geovanei Mota Brito, por exemplo, trabalha há 23 anos como policial militar, sendo nove dedicados ao Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial – o Rone. Para ele, o interesse pela profissão começou ainda na infância.
“Eu sempre tive uma vocação para a Polícia, mesmo não tendo ninguém na família que era policial. A influência veio de pessoas que eu admirava, então eu me empenhei e almejei isso como profissão, que é difícil, vez que abdicamos de muitas coisas e é uma vida de sacrifícios”, define. Para o capitão Mota, trabalhar na Polícia representa tudo em sua vida, exigindo dedicação diá- ria e doação à sociedade.
PMs falam que carreira exige dedicação e doação à sociedade (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
O sargento Francismagno dos Santos trabalha há 12 anos na Polícia Militar e já dedicou 10 anos ao Rone. Ele começou na profissão por influência do pai, que queria que ele fizesse um concurso público. Segundo o sargento, somente após a conclusão do curso de formação e do contato mais próximo com a instituição, que o interesse pela profissão surgiu.
“A partir do momento que entrei no Rone, eu pude perceber o que realmente é o serviço Policial Militar, no sentido de atendimento de rua. Nós atendemos ocorrências de diversas naturezas, envolvendo desde simples conflitos de vizinhos a roubos a bancos. Os desafios são muitos e começam pela vocação, porque não é fácil. Precisamos estar preparados fisicamente, psicologicamente e tecnicamente, seja na prática ou estudando”, fala.
De acordo com Francismagno, todos os dias são atendidas ocorrências diferentes, exigindo que os policiais tenham capacitação e treinamento adequado, afim de não interferir na ação. Além disso, o militar precisa ser o mais imparcial possível, sem envolver-se com as vítimas dos casos.
“Fazemos treinamentos que buscam preparar os policiais para determinados tipos de ocorrências, tanto tecnicamente, como psicologicamente, pois é normal sentirmos medo, ansiedade, mas temos que saber controlar isso. Até porque, quando perdemos esse controle, podemos agir de forma errônea e colocar a equipe ou o cidadão em risco”, frisa.
Apesar dos desafios, o sargento Francismagno dos Santos destaca o amor à corporação e à profissão. “Foi através da Polícia que eu realmente conheci o mundo e que talvez não tivesse vivenciado se não fosse um policial”, fala.
Já o sargento Fernando Pereira ressalta a importância deste profissional para a sociedade. “A profissão que exercemos é primordial, porque não dá para imaginar uma sociedade sem segurança. Quando esse setor para, a cidade vira o caos, então sabemos da nossa importância”, disse.
Rotina policial é estressante e intensa
Roberto Lima Ventura, de
39 anos, é policial militar há
12 anos e dedica-se ao Rone
há 10 anos. Ele explica que a
rotina de um policial é intensa, o que exige bastante treinamento.
“Todo dia, quando assumimos o serviço e vamos para a
rua, é uma situação diferente.
Há dias que o patrulhamento é
mais tranquilo, mas têm vezes
que há mais ocorrências. Por
isso, recebemos sempre uma
capacitação para desenvolvermos na rua o que aprendemos
na teoria e, claro, embasado na
lei. Além disso, tenho também
o trabalho desenvolvido na
unidade, que é o patrulhamento em viaturas e instruções
para essas e outras unidades
da Polícia”, acrescenta.
Klebert Moreira ingressou na carreira em busca de estabilidade financeira (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
O sargento Fernando Pereira, policial militar há 13
anos, também destaca que
estes profissionais estão sempre em alerta, ainda que não
estejam em horário de trabalho. O militar frisa ainda que
os policiais seguem uma programação e executam atividades determinadas ao longo de
todo o dia. “Mesmo na sua folga, o policial está com seu nível de alerta ligado e, quando estamos
em operação ou ocorrência,
o nível de estresse altera mais
ainda e isso é bom, porque
ficamos mais atentos. Mas,
constantemente, temos esse
nível de alerta alterado, exatamente dependendo da ação
que vamos realizar e, de um
modo geral, isso não é bom”,
destaca.
Há nove anos, Klebert Moreira Lopes dedica-se à vida
de policial militar. Atualmente, ele é aluno do curso de formação para sargento e conta
sobre a rotina de trabalho.
Segundo ele, a carreira militar
surgiu como uma oportunidade de estabilidade financeira, através de concurso público,
mas foi trabalhando diariamente na área que aprendeu a
gostar da função.
“A princípio, foi a estabilidade do emprego público que
me atraiu, pois não tinha ninguém da família que era polícia, mas eu aprendi a gostar ao
longo do curso. Hoje, minha
atividade é trabalhar no policiamento ostensivo, abordando pessoas e veículos em atitudes suspeita”, cita.
Profissão precisa de
mais valorização
Como em toda categoria, os profissionais buscam
sempre por respeito e mais
valorização, sobretudo no
que diz respeito às questões
salariais. Segundo o capitão Geovanei Mota Brito,
os policiais miliares estão
passando por uma crise de
reconhecimento, tanto da
sociedade quanto do poder
público.
É o mesmo que pontua o
militar Klebert Moreira Lopes, ao citar que a falta de
reconhecimento salarial desmotiva o exercício do trabalho. “Ficamos desmotivados
com relação ao que recebemos, já que corremos risco
diariamente e isso deveria
ser revisto. Apesar disso, é
algo que fazemos porque
gostamos. Mas a população
reconhece nosso trabalho,
tanto que muitos agradecem quando atendemos suas
ocorrências ou recuperamos
seu veículo que foi roubado,
por exemplo”, frisa.
Já o soldado Roberto Lima
Ventura destaca que, como
trabalhador, melhor remuneração é sempre algo almejado pelos profissionais;
por isso, muitos militares
buscam essa melhoria através de concursos internos e
promoções.
Por: Isabela Lopes