É contra lei realizar transporte remunerado, seja de
moto ou de carro, sem cadastro da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans). Em Teresina,
essa irregularidade é feita diariamente e isso é confirmado
não somente pelos passageiros, mas também pela Strans.
Um grupo de aproximadamente dez pessoas fica na Rua
Lizandro Nogueira, no Centro
da cidade, fazendo corridas remuneradas para os bairros da
zona Norte nos três turnos do
dia. Na ocasião, eles colocam
uma mulher nas paradas agenciando as corridas com os passageiros.
A prática desobedece a Lei
Municipal nº 4942/2016, que
institui normas para coibir a
atividade econômica que consiste no transporte clandestino ou irregular de passageiros
e estabelece penalidades para
quem age ilicitamente.
Alguns passageiros relatam que se arriscam em viagens clandestinas (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)
Além de ilegal, essa prática
é muito perigosa. Não se sabe
quem está oferecendo as corridas e nem seus antecedentes.
O estudante Marco Antônio
afirma que vê essas caronas
com frequência nas paradas,
mas não se sente seguro para
aceitar. “Eles gostam de fazer
isso principalmente quando
está chovendo, porque as pessoas querem ir embora logo e
é mais fácil de aceitar. Mas é
muito perigoso, a gente não
tem segurança nenhuma, porque ele não é registrado na
Strans. Sabe-se lá o que eles
vão fazer com quem está lá
dentro. E se denunciarmos, a
culpa vai ser nossa que aceitou
o transporte clandestino. Ficamos sem direito algum”, frisa. Já a dona de casa Fátima
Rosa diz que, mesmo sendo
perigoso, aceita as caronas,
principalmente quando está
com pressa. “Para mim, foi
bem tranquilo, me deixou na
porta da minha casa, mas eu
entendo que é perigoso. Só
pego, porque eu conheço eles.
A pressa e a demora dos ônibus é o que mais me influencia a pegar, porque eles só
cobram o preço da passagem”,
conta.
Os clandestinos aproveitam
os dias mais difíceis de acesso ao transporte público para
oferecer os seus serviços à população. O fato de cobrarem o
mesmo valor da passagem de
ônibus, R$ 3,30, é também um
dos principais fatores que chama a atenção dos passageiros.
Fiscalização
De acordo com o diretor
de Operações e Fiscalização da Strans, coronel Jaime
Oliveira, as fiscalizações são
feitas diariamente; porém,
ainda não são suficientes para
impedir que os transportes
irregulares continuem circulando na região. Ele diz que,
inclusive, foi durante a fiscalização nesses locais, na última
terça-feira (18), que um desses condutores clandestinos,
Aderlan Rafael Gomes Ferreira, resistente à solicitação
da Strans, foi baleado por um
policial militar.
Aderlan oferecia transporte
irregular há mais de um mês
à população e tinha antecedentes criminais. “Ele já tinha
sido pego em três flagrantes,
um por porte de droga, outro
por roubo à mão armada e já
havia sido preso por adultera-
ção de chassi de carros”, conta
o coronel.
Penalidades
As penalidades para quem
faz esse transporte clandestino e desobedece a Lei Municipal nº 4942/2016 são de
apreensão do veículo e pagamento de taxas. De acordo
com o diretor de operações e
fiscalização da Strans, quando
se trata de carros, o veículo é
apreendido e levado ao depósito, onde fica por 15 dias
e o condutor ainda paga uma
multa no valor de 300 vezes o
valor da passagem do transporte público, o que equivale
a R$ 990,00. Além disso, ele
também deve pagar a multa
de remoção do veículo, que é
de R$ 60 e as diárias dos 15
dias que o veículo ficou no
depósito, sendo que uma diária custa R$ 20.
No caso de motos, o procedimento é o mesmo, porém,
com valores diferentes. A
multa é 200 vezes o valor da
passagem de ônibus, o que
corresponde a R$ 660; a multa
do reboque é R$ 40 e a diária
no depósito custa R$ 10.
Edição: Virgiane PassosPor: Karoll Oliveira