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Intolerância religiosa já matou quatro pessoas em Teresina

Dados são do Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira, que faz o levantamento desde 2009

18/11/2017 08:32

A intolerância religiosa é mais grave do que muitos imaginam e pode chegar a casos extremos, como assassinatos. As condutas motivadas por ódio às religiões de matrizes africanas são tantas que chegam a matar diretores espirituais da Umbanda e Candomblé simplesmente por eles exercitarem sua fé. 

De acordo com o Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira, desde 2009, foram verificadas nove mortes de pais ou mães de santo em Teresina, sem contar com os que acontecem e não são descobertos. Destes nove, quatro foram casos específicos de intolerância religiosa. 


Pai Rodinele de Oxum (Foto: Moura Alves/ODIA)

Os dados foram fornecidos pelo vice-presidente nacional do Cenarab, pai Rondinele de Oxum, do Candomblé e da Umbanda, que lamenta os acontecimentos e as condutas que ferem e agridem sua religião. “Nós, religiosos de matriz africana, somos os que mais sofremos com a intolerância religiosa. Você não vai ver alguém com a bíblia sendo agredido ou insultado no Centro da cidade por estar pregando. Mas se um pai de santo ou mãe de santo estiver com seus trajes e passar no Centro, fazendo um momento de oração, você vai ouvir muitos comentários maldosos como ‘Está amarrado em nome de Jesus’ ou ‘é coisa do cão’”, explica. 


De acordo com Rondinele, em Teresina, existem atualmente mais de 600 terreiros. O último mapeamento, feito há três anos, foi de 480. Porém, ele explica que, desde essa época, o número de barracões cresceu muito. No Piauí, pai Rondinele frisa que chega a uma média de 3 mil terreiros. 

Para o vice-presidente do Cenarab, o problema da intolerância religiosa pode ser combatido, inicialmente, com ações educativas que incentivem as pessoas a conhecerem mais as religiões, ações estas que devem ser feitas nas escolas e nos meios de comunicação. “Algumas igrejas incitam ódio contra nós como se fôssemos um problema para a sociedade. E, para mim, isso agrava ainda mais a intolerância, porque a partir do momento que outras religiões atribuem a nós as coisas ruins que acontecem às pessoas, estão incitando o ódio e a intolerância. Se as pessoas fossem conscientizadas, respeitariam mais”, argumenta. 

Edição: Virgiane Passos
Por: Karoll Oliveira
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