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Grupo leva musicoterapia para pacientes internados no Hospital Universitário

Os membros do "˜Tapete Voador"™ realizam atividades que envolvem e estimulam os pacientes em tratamento

18/04/2017 08:03

Durante esta semana, o Jornal O DIA trará reportagens que abordam o tema voluntariado; grupos de amigos que se reúnem e desenvolvem atividades pensando no próximo, levando música, diversão e alegria a pessoas que necessitam de atenção ou cuidado. 

Na edição de hoje (18), falaremos sobre o trabalho do grupo Tapete Voador, formado por dois músicos e uma professora de yoga. Juntos, eles levam musicoterapia para pacientes internados no Hospital Universitário (HU), como forma de envolvê-los e estimulá-los no tratamento. 

Grupo iniciou as atividades em março e conta com dois músicos e uma professora de yoga (Foto: Divulgação)

A professora de yoga e voluntária Juliana Fiúza já trabalhou com atividades voluntárias em outras oportunidades, como em casa de reabilitação para dependentes químicos e nos centros de referência em assistência social. Ela conta que o trabalho realizado no HU envolve não somente o yoga, mas a música como forma de meditação. 

“O Tapete Voador é um projeto recente e começamos nosso trabalho no HU desde março. Estamos levando a musicoterapia para um Grupo de Terapia Funcional, que se reúne às terças-feiras para atividades fora do quarto. É um momento que envolve o corpo, algumas atividades, brincadeiras, contação de histórias, voltadas tanto para pacientes quanto para os acompanhantes”, disse. 

O grupo também é chamado pela equipe do Hospital Universitário para levar o trabalho a pacientes específicos, quando estão passando por alguma situação emocional mais delicada, como depressão ou ansiedade. “A gente sabe que a saúde não é só física. Ela primeiro acontece dentro da mente, emocionalmente, e depois vai para o corpo. Às vezes, o paciente está passando por um quadro muito difícil e eles [profissionais do HU] nos convidam para irmos levar música para esses pacientes, técnicas respiratórias e outras atividades”, fala. 

Repertório capta as condições dos pacientes 

O Tapete Voador é composto por dois músicos terapeutas e uma professora de yoga que já formam uma banda de músicas meditativas. Com essa afinidade musical, eles conseguem montar um repertório percebendo o tempo do outro e criando músicas de acordo com o ambiente e situação de cada paciente. 

(Foto: Divulgação)

“Nós conversamos um pouco antes de nos apresentar, seja para afinar, meditar, fazermos orações e nos conectarmos com nosso propósito, que é levar a música para as pessoas. Toda situação é única, então, quando a gente chega lá, isso pode acabar mudando. Dependendo do que acontecer na hora, é que vai dizer como vamos agir. Às vezes, temos um plano para fazer determinada atividade, mas chega na hora e vemos que os pacientes não estão na energia para fazer aquilo que iriamos propor, então mudamos a programação. O que queremos é nos divertir com as pessoas, respirar profundamente”, frisa Juliana Fiúza. 

Em troca, os voluntários recebem a gratidão dos pacientes em palavras, abraços ou lágrimas. A professora de yoga conta que muitos se emocionam, agradecem pelo trabalho e, para ela, esse é o maior pagamento que o grupo pode ter. 

“No hospital, eles ficam entediados e, quando a gente está no meio da atividade, percebemos que eles estão envolvidos, animados, os olhos estão diferentes, mais animados. A música faz bem para a alma, é uma vibração perceptível. E aquela dinâmica faz eles tocarem em feridas antigas, entrando em contato com coisas dentro deles que são dolorosas. E é bom chorar, colocar para fora muitas emoções, lavar a alma”, destaca. 

A terapeuta ocupacional Regiane Lustosa, por sua vez, também lembra que os pacientes sempre interagem entre si, o que torna a dinâmica do grupo e dos profissionais de reabilitação mais favorável. E a participação de ações voluntárias são imprescindíveis em momentos como este. 

“É importante o serviço voluntário, porque é muito complicado encontrar pessoas com disposição para se dedicar ao outro, principalmente para paciente hospitalizado, que ficam presos no atendimento físico ou psicólogo”, destaca. 

Para Juliana Fiúza, participar de trabalhos assim mudou sua vida, seu modo de ver e agir com o outro. Além disso, ela frisa que é preciso se colocar no lugar do próximo, reconhecendo suas dificuldades e tentando ajudar. 

“Trabalhar como voluntária me fez ser mais paciente, cuidar e olhar mais para as pessoas, olhar nos olhos e é um grande aprendizado. Eu recomendo para qualquer pessoa trabalhar voluntariamente, porque você não está preocupado com o dinheiro ou com metas, mas sim em se doar, entregando seu coração e isso é muito difícil hoje em dia”, finaliza a professa de yoga.

Atividades melhoram a autoestima e o entusiasmo 

O método tem dado tão certo que muitos pacientes se sentem mais dispostos e entusiasmados com o tratamento. É o que conta a terapeuta ocupacional Regiane Lustosa da Cruz, cofundadora do Grupo de Terapia Funcional. Ela relata que a política de humanização hospitalar visa oferecer um trabalho que mude a rotina do paciente internado, tanto voltado para o tratamento físico quanto mental. 

“O grupo Tapete Voador nos procurou oferecendo seu trabalho e, como era algo que estava no contexto da política de humanização hospitalar, achamos que seria uma proposta interessante, pois eles se encaixaram no que procurávamos. O encontro acontece semanalmente e tem duração de 50 minutos, onde fazemos o levantamento de quem tem condições de participar”, conta a terapeuta ocupacional. 

Juliana Fiúza lembra que muitos desses pacientes internados são oriundos de outros municípios ou estados e acabam ficando sozinhos durante o tratamento. E as atividades servem como um mecanismo que melhora o tratamento e a autoestima dos pacientes. 

“Nós estamos em uma época em que as pessoas estão muito só e, quando elas percebem que têm pessoas que se preocupam com elas, não somente se ela está bem ou não, mas sim em alegrar, em levar música, em levar encanto, em levar histórias, eu vejo que a expressão no rosto delas muda. A forma que eles começam a pensar e a ver o tratamento começa a mudar também e esses pacientes ficam mais positivos ao tratamento, à vida”, frisa Juliana Fiúza. 

Estes resultados são reforçados pela terapeuta Regiane Lustosa ao lembrar que o trabalho desenvolvido com a yoga e a música transmite emoções, aflorando sentimentos nesse paciente. A especialista acrescenta que a música utilizada para com os pacientes estimula o bem- -estar e a descontração. 

“E esse tipo de trabalho é muito válido. Os pacientes mesmos dizem gostar muito do grupo, das músicas, que ficam entusiasmados e otimistas com o tratamento. E que nunca imaginaram esse tipo de interação em um ambiente hospitalar, onde os pacientes recebem um cuidado e atenção especial”, cita.

Por: Isabela Lopes
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