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Famílias constroem histórias morando no entorno do aeroporto

Parte do cenário da capital há 50 anos, o crescimento do local tem sido acompanhado pelos moradores

14/10/2017 08:48

O Aeroporto Petrônio Portella Nunes, situado na zona Norte de Teresina, completou 50 anos. Além de representar a porta de entrada e saída aeroportuária da capital, o seu entorno, centenas de famílias construíram suas vidas e histórias, e viram ao longo dos anos a evolução do único aeroporto da Capital. 

É o caso da pensionista Maria do Rosário de Oliveira Sousa, 78, que reside na Avenida Centenário há mais de 50 anos. Vinda do município de Pedro II, ela conta que foi morar no bairro ainda adolescente, casou-se e teve sete filhos. Ela lembra da evolução que o Aeroporto teve com o passar dos anos, principalmente estrutural, mas lamenta nunca ter viajado de avião. “Na época que eu vim morar aqui era tudo mato: as casas uma ao lado da outra e poucas famílias. Os pedreiros pegavam água em um poço aqui perto com a ajuda dos moradores. No começo era arame farpado, depois colocaram umas estacas até que finalmente construíram o muro, há 30 anos. Eu nunca viajei de avião, mas tenho vontade. Sempre vou lá dentro passear, ver os aviões, as pessoas chegando, e um dia eu consigo voar”, conta. 


Maria do Rosário mora no bairro aeroporto há 50 anos (Foto: Moura Alves/ODIA)

Maria do Rosário destaca que os próprios moradores plantaram mudas de manga e caju no terreno que pertence ao aeroporto, que na época era o quintal dos moradores. Foi vendendo os frutos que davam nessas árvores que a pensionista criou os filhos e ajudou na renda de sua casa. “A gente plantou esses pés de manga e caju para ficar bonito e, quando começou a dar frutos, eu vendia na porta da minha casa. Era de onde eu tirava o sustento dos meus filhos”, disse a pensionista. 

A estrutura também foi sendo modificada aos poucos. A moradora lembra que a sede do aeroporto era muito pequena, apenas com uma placa indicando o nome. A pista também teve melhorias, deixando de ser de piçarra e ganhando uma malha asfáltica. Além do muro em todo o redor da área, limitando o acesso das pessoas e determinando o espaço total do aeroporto. 

Apesar de morar ao lado do aeroporto, Maria do Rosário não reclama do barulho feito pelas aeronaves. Ao contrário – ela diz não se incomodar com os altos ruídos. De acordo com ela, o desconforto era maior quando pousavam aviões cargueiros, mas há cerca de sete anos não há mais esse tipo de movimentação por lá. “O barulho nunca foi problema, mesmo de madrugada. Às vezes, a gente sentia o chão meio tremendo, mas nada que assustasse. Pelo contrário, é muito bom morar aqui, ver os aviões chegando e saindo. Sempre que chegava um avião a gente corria para ver o que ele tinha trazido e era uma verdadeira atração para todo mundo”, recorda. 

Região é bem localizada 

Há 20 anos, a dona de casa Maria do Socorro Pereira dos Santos foi morar no bairro Parque Alvorada, localizado na parte de trás do Aeroporto. Lá, ela criou seus filhos e netos. Ela conta que morar ao lado do aeroporto tem suas vantagens, principalmente por ser uma região bem localizada. 

O barulho também não a incomoda mais, apesar de existir uma apreensão constante todas as vezes que uma aeronave pousa ou decola. “Medo a gente tem, dá um receio de cair em cima das casas, a tampa das panelas até mexe um pouco, mas logo passa e a gente já se acostumou”, conta. 

Mesmo morando ao lado do aeroporto, a dona de casa nunca entrou em um avião, mas pensa em realizar esse desejo um dia. “Eu nunca tive condições, mas quem sabe no futuro eu tenha a oportunidade de voar em um, porque deve ser muito bom”, acrescenta Maria do Socorro. 

As moradoras garantem que, apesar de suas moradias serem simples, não se mudariam para outro local. Mesmo com o risco de morar ao lado de um aeroporto, elas asseguram que não temem possíveis incidentes. 

Por: Isabela Lopes
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