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Diretor aguarda afastamento voluntário de médico que esqueceu pano em útero

Diretor da Maternidade Evangelina Rosa argumenta que não pode afastar médico sem que ele seja julgado ."Não tenho apoio jurídico para fazer isso", disse.

23/02/2017 12:31

O diretor da Maternidade Dona Evangelina Rosa, Dr. José Brito disse que espera que o médico apontado como responsável pelo caso do tampão esquecido no útero de uma paciente, na início da semana, se afaste da maternidade voluntariamente. "Eu estou tentando falar com ele, mas não tem respondido. Tudo indica que ele vá pedir o afastamento voluntário", disse o diretor, argumentando que ele próprio não tem apoio jurídico para afastar o médico.

"O que as pessoas querem que eu faça não tem apoio jurídico. Ele ainda não foi julgado por uma comissão médica, nem pelo CRM (Conselho Regional de Medicina). E pelo que se vê pela mídia, a pessoa que teve o problema com a compressa não teve nenhuma lesão", disse o Dr. José Brito. Segundo ele, o procedimento foi necessário durante o parto, em que a paciente estaria sangrando muito. "Não sei o que foi que houve ainda, estamos investigando. Mas ela saiu viva, está viva e está bem. Isso que é o que mais importa: evitar que ela perdesse o útero, ou até que tivesse morrido. Ninguém está olhando para isso", argumenta o obstetra.

Postagem do ex-jogador de futebol Veloso relatando caso sofrido pela esposa, Thamara Macedo (Foto: Reprodução/ Facebook)

O caso foi noticiado na última segunda-feira (20) , e alcançou repercussão nacional duranta a semana. O ex-jogador de futebol Veloso Costa Lima usou as redes sociais para denunciar um caso que ele aponta como negligência médica por parte da Maternidade Evangelina Rosa. De acordo com o depoimento de Veloso, médicos do local esqueceram um tampão de tecido dentro do corpo de sua esposa, Thamara Macedo. O parto, uma cirurgia cesariana, ocorreu no dia 28 de janeiro, e a compressa só foi retirada 21 dias depois, ao ser descoberta por médicos da maternidade do bairro Buenos Aires.

O diretor da maternidade ainda condenou a atitude do casal de expor o caso nas redes sociais. "Não se pode estar execrando um cidadão publicamente se não houve nenhum julgamento, nenhum dano físico comprovado.  Função do cidadão é procurar a área jurídica. Ela poderia processar o médico, mas isso que estão fazendo é inadequado", disse. Na opinião do obstetra, o médico acusado pelo erro pode questionar Veloso e Thamara juridicamente pela exposição, caso seja considerado inocente.

Outro lado

Caio Jordan, o advogado que auxilia a família de Thamara Macedo, conta que a paciente continua abalada pelo episódio. "Aparentemente, ela está bem fisicamente. Mas psicologicamente, ela está abalada por conta da situação a que foi submetida", disse. Segundo ele, o casal registrou um boletim de ocorrência contra o médico e o caso será apurado pela Polícia Civil.

"Mesmo que ela não tenha sequelas, ela passou 21 dias com um objeto estranho no seu corpo, e durante esse tempo teve vários problemas: sangramentos, dores, febre, dores de cabeça, não conseguia urinar...", enumerou o advogado. 

Caio afirma que a documentação relacionada à paciente está sendo reunida. "Iremos formalizar denúncia perante o Conselho Regional de Medicina, e o caso será apurado a título de inquérito policial, que vai dizer se foram negligentes ou não".

Nota

Em nota, a Maternidade Dona Evangelina Rosa informou que abriu sindicância para apurar o caso. Veja o informativo na íntegra:

A Maternidade Dona Evangelina (MDER) informa que abriu sindicânia, através da Comissão de Ética Médica, para apurar o caso envolvendo a paciente Thamara Thais Macêdo Silva Moura, que foi submetida à cesariana em 28/01/2017 na Instituição

O resultado da apuração será enviado ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e à Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI) para que sejam tomadas as devidas providências.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Andrê Nascimento
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