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Covid em Teresina: pegar ônibus não aumenta risco de contaminação

O estudo foi elaborado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, divulgado hoje (16)

16/09/2020 11:39

O transporte coletivo não está associado ao aumento de casos de Covid-19. É o que diz o estudo técnico inédito intitulado ‘Análise da evolução das viagens de passageiros por ônibus e dos casos confirmados da Covid-19’, elaborado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) e divulgado nesta quarta-feira (16).

O estudo avaliou os dados coletados do número de passageiros transportados em 15 sistemas de transportes públicos urbanos por ônibus no Brasil, responsáveis por 171 municípios, incluindo Teresina (PI) e a incidência de casos confirmados de Covid-19 nas mesmas cidades. O estudo concluiu que não há evidências de que o aumento do número de passageiros transportados levou a um aumento do número de casos.

(Foto: Arquivo/ODIA)

De acordo com o levantamento, com dados de 29 de março a 25 de julho, Teresina apresentou baixíssima correlação entre a demanda de casos confirmados. Segundo o gráfico da pesquisa, no qual apresenta a evolução das viagens realizadas por passageiros e os casos de Covid-19 na Capital, a partir da semana 17, observa-se um aumento considerável de casos da doença.

Em contrapartida, a quantidade de viagens veio sofrendo uma queda brusca já a partir da semana 16, sendo intensificada na semana 21 até a semana 27, quando teve início a greve dos motoristas e cobradores do transporte público de Teresina, que durou 80 dias.

Da 28ª semana até a 30ª semana, a demanda epidemiológica houve a retomada da utilização do transporte público, ao ponto que a redução dos casos confirmados por Covid-19 começou a ser registrada.

“Um dos casos analisados, e que é interessante, é Teresina, que o sistema de transporte rodoviário que ficou paralisado por mais de 50 dias e o aumento dos casos observados de Covid-19 foram substanciais”, pontuou André Dantas, diretor-técnico responsável pela pesquisa.

Com base neste caso e nos demais analisados, o diretor-técnico destacou que a conclusão da pesquisa aponta que “a suposta ligação ente o uso do transporte coletivo e o aumento dos registros de casos de Covid-19 não pode ser comprovada”, disse. A pesquisa concluiu também que o risco de contágio da Covid-19 no transporte público é o mesmo como em outros ambientes, como supermercados, restaurantes, escritórios, entre outros.

O presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha, também se manifestou sobre a pesquisa e enfatizou que o transporte público por ônibus urbano não pode ser apontado como responsável pelo aumento do número de casos.

“Podemos dizer que o transporte público coletivo urbano é seguro se todos tomarem as devidas precauções. Se motoristas, cobradores e passageiros usarem máscara dentro do ônibus e nos pontos de parada; se as pessoas evitarem conversar; se os veículos trafegarem sempre com janelas abertas e se for feita a sanitização adequada dos veículos”, argumentou.

Para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus no transporte coletivo, algumas medidas devem ser adotadas, como:

- uso de máscara;

- limpeza diária dos veículos;

- controle de pessoas assintomáticas;

- aumento dos níveis de ventilação.


Medidas viabilizadas pelo poder público:

- plano de retomada das atividades;

- gestão de demanda/ escalonamento das atividades laborais;

- promoção de iniciativas de distanciamento social;

- medidas de higienização;

- campanhas informativas e de conscientização.

Dados técnicos da pesquisa

O levantamento teve como base a variação da demanda por transporte, calculada pela NTU, e os dados do SUS (Sistema Único de Saúde) durante 17 semanas, entre as semanas epidemiológicas 14 e 30, de 29 de março a 25 de julho de 2020. Os dados do SUS foram agregados em semanas epidemiológicas para que fossem estabelecidos os mesmos referenciais às demandas de viagens realizadas por passageiros no transporte público por ônibus.

No total, foram considerados 255 registros de informações dos sistemas de transporte público coletivo. Não foram encontradas evidências de que o aumento do número de passageiros transportados levou a um aumento da incidência de casos confirmados de Covid-19. Em algumas cidades, o aumento da demanda por transporte coincidiu com a redução do número de casos confirmados, enquanto em outras a redução do número de passageiros do transporte coletivo aconteceu simultaneamente com o aumento da incidência de casos.

Em relação a possível correlação estatística, adota-se a variação percentual e semanal dos casos da Covid-19 confirmados sete dias após a ocorrência da demanda e a variação percentual e semanal da quantidade de viagens realizadas por passageiros no transporte público por ônibus como as variáveis para análise.

Por: Isabela Lopes
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