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Casos de abuso sexual infantil dobram em apenas um ano em Teresina

Os números levantados a partir da Gerência Municipal de Direitos Humanos mostram a situação alarmante nas zonas sudeste e centro

18/11/2017 08:08

A infância é um período fundamental no desenvolvimento do ser humano, afinal, é nessa fase que se consolidam as características que o indivíduo levará no seu desenvolvimento para a vida e em sua construção enquanto sociedade. Uma vez violada, as marcas que são fixadas na infância interferem em toda essa cadeia de desenvolvimento. É por isso que os casos de abuso sexual infantil, tão recorrentes quanto cruéis, mobilizam diferentes setores da sociedade. 

Em Teresina, os Conselhos Tutelares das zonas Sudeste e Centro registraram um dado nada animador: quase dobram os casos desse tipo de violência comprovadas em 2017. Os números levantados a partir da Gerência Municipal de Direitos Humanos mostram uma situação alarmante. Enquanto em 2016, a região Sudeste, através do seu Conselho Tutelar, registrou 38 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes; este ano, o número já chega a 64 casos denunciados. O aumento de quase 50% também aconteceu na zona central da cidade, que teve a ampliação de 19 para 29 casos denunciados de um ano para outro. 

Nas demais zonas da cidade, os conselhos tutelares registraram diminuição nas denúncias de abusos. Na zona Sul, por exemplo, os registros caíram de 27 casos em 2016 para 17 em 2017. Já na zona Leste, os números foram de 64 para 40 casos registrados. 

Vidas envolvidas 

Mas muito mais que números, cada um dos registros representa uma vida atingida em decorrência da prática criminosa e cruel. Os dados assustam ainda mais quando analisados em nível estadual. Este ano, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) registrou 400 casos de abuso sexual contra crianças menores de 14 anos em todo o Piauí. “Recebemos os casos através da DPCA e, outras vezes, por denunciantes anônimos. A partir daí, identificamos a vítima para ver se é verdade - e a maioria das denúncias é verdadeira. Notamos não existir um perfil definido, infelizmente, todas as crianças estão sujeitas a serem vítimas desse crime, mas nossa preocupação foi perceber esse aumento que nos surpreendeu e que afeta, principalmente, crianças vulneráveis, de 3 a 12 anos”, explica a conselheira Maria Gorete, do II Conselho Tutelar de Teresina, que abarca a zona Sudeste da cidade. 

Ao ser confirmada a denúncia, toda a rede é acionada. Nela, entram encaminhamentos aos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), delegacia especializada e o Ministério Público junto ao Judiciário. As ações visam punir o violador e proteger a criança vítima do crime. 

Para combater os altos números, é preciso continuar o trabalho já desenvolvido em cada um dos entes envolvidos, mas também avançar em demais frentes. “Precisamos entrar mais nas escolas, há muito o que avançar, que os profissionais da educação orientem junto conosco esses indivíduos e suas famílias. Hoje, o maior número de denúncias dos conselhos tutelares é por conta de negligência dos pais e o segundo, o abuso. Mas um está totalmente ligado ao outro. Temos que dar mais palestras e pedir que os pais e responsáveis olhem mais por nossas crianças”, finaliza Maria Gorete.

*Veja a reportagem completa na edição deste fim de semana do Jornal O DIA.

Por: Glenda Uchôa
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