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Profissionais da saúde desrespeitam Lei do Jaleco na capital piauiense

Legislação tem por objetivo impedir que o vestuário médico seja fonte de transmissão de doenças. Mas profissionais ignoram risco em Teresina.

20/11/2015 07:39

Em menos de uma hora andando pelo Polo de Saúde de Teresina, próximo ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), a equipe de reportagem do Jornal ODIA flagrou alguns profissionais da saúde fazendo uso do jaleco fora do ambiente hospitalar. Esta conduta é proibida pela Lei nº 6.233, que restringe os estudantes e trabalhadores da área de saúde de utilizarem equipamentos de proteção individual, como jalecos e aventais, fora do seu ambiente de trabalho. O objetivo é impedir que o vestuário médico seja fonte de transmissão de doenças.

A estudante de Medicina, Camila Ferreira, afirma que esta conduta é muito discutida na universidade. “Essa questão passa pela nossa formação como profissional. Quando o médico utiliza o jaleco fora do hospital, ele pode levar bactérias de casa para o trabalho ou vice-versa”, comenta.

Eduardo Carvalho, também estudante de Medicina, estava saindo do hospital em que estagia com o jaleco. No momento em que foi abordado, imediatamente tirou a peça. “Já estou tirando. Hoje saí do trabalho distraído e conversando, mas realmente isso não pode acontecer”, confessa.

Michele Sousa trabalha como assistente social no ambiente hospitalar. No momento da entrevista, ela estava transitando na rua entre um prédio e outro do hospital com o jaleco. “Eu acredito que esse cuidado deve ser maior entre as pessoas que trabalham com enfermaria e que têm contato direto com os pacientes”, defendeu.

No entanto, a infectologista Rosânia Oliveira reitera que todos os profissionais de saúde devem seguir os cuidados. “O jaleco é uma barreira de proteção à pessoa que trabalha com saúde. Usar a vestimenta de maneira inadequada pode trazer sérios riscos para os pacientes, como para a população em geral. Pode transmitir algumas bactérias e com elas as doenças”, explica.

Ela comenta ainda que essa questão passa pela consciência dos médicos e enfermeiros. “Se o médico trabalha em diferentes clínicas, ao sair de uma, deve trocar o jaleco. E se ele trabalha apenas em um local, deve usar uma peça por dia. É muito comum ver também mulheres que fazem o uso inadequado do jaleco. Ele deve estar fechado durante o trabalho, sem mostrar decotes ou outras partes do corpo. A roupa do médico não é para desfile de moda, mas sim para a segurança de todos”, ressalta.


Penalidade

O profissional da saúde que infringir a legislação estará sujeito a uma multa de 50 UFIR-PI, que corresponde a R$ 113,50. Em caso de reincidência, o profissional será submetido a uma multa duas vezes maior. As penalidades decorrentes de infrações às disposições da Lei nº 6.233 são impostas pelos órgãos estaduais de vigilância sanitária.

A lei ainda autoriza a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) a desenvolver campanhas informativas direcionadas aos profissionais de saúde a fim de conscientizá-los sobre a indicação e a utilização dos equipamentos de proteção individual, alertando- os sobre os riscos de contaminação quando utilizados fora do ambiente de trabalho.

De acordo com a Lei do Jaleco, são considerados profissionais de saúde: médico, dentista, enfermeiro, instrumentista, auxiliar de enfermagem, biomédico, radiologista e laboratorista, além de acadêmicos da área.


Foto: Elias Fontenele/ODIA

Por: Pedro Vítor Melo e Virgiane Passos - Jornal O DIA
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