Há pouco mais de dois
meses, o crescente aumento
de crianças que, ao nascer,
foram diagnosticadas com
microcefalia pôs o país em
estado de emergência sanitária
nacional. De acordo com
o Ministério da Saúde, há
739 casos suspeitos de microcefalia
este ano no Brasil. No
Piauí, já foram registrados 36
casos, o que representa um
aumento de mais de 300%
da incidência da síndrome,
já que em todo ano de 2014
foram registrado apenas seis
casos.
Segundo a neuropediatra
Alzira Castro, a microcefalia
representa uma má-formação
que faz com que o
cérebro não se desenvolva
corretamente. “Constatamos
a microcefalia quando
acontece uma má-formação
congênita impedindo que o
cérebro se desenvolva corretamente.
Isso faz com que a
cabeça de um recém-nascido
meça menos de 33 centímetros”,
explica.
A neuropediatra lembra
que essa condição pode
ter diversas causas, como
agentes químicos e infecções
por toxoplasmose ou pelo
citomegalovírus. Em cada
caso, a microcefalia pode
provocar um quadro típico,
como deficiências psicomotoras,
alteração na visão, na
audição ou em outros órgãos.
“A criança pode desenvolver
microcefalia por conta
de uma infecção congênita,
que as mais conhecidas são
a rubéola, toxoplasmose,
a infecção por herpes, citomegalovírus,
o HIV. Isso
acontece durante o processo
da gestação, porque o feto
se gerou normal e durante
o período foi acometido por
uma infecção que ocasiona
a destruição do parênquima
cerebral e a criança nasce
com a cabecinha pequena”,
esclarece Alzira Castro.
As consequências da máformação
do cérebro podem
se apresentar como déficit
intelectual, paralisia, convulsões,
epilepsia ou problemas
motores, a exemplo da dificuldade
de locomoção e rigidez
dos músculos. Não existe
tratamento para a condição,
mas é possível minimizar as
sequelas.
A microcefalia pode ser
identificada ainda durante
o pré-natal, exames como
ecografia e tomografia são
capazes de apontar uma alta
probabilidade para a máformação.
Mas a síndrome e
suas consequências só podem
ser diagnosticadas com precisão
após o nascimento.
Piauí decreta emergência por aumento de casos
Na última sexta-feira
(27), o governador Wellington
Dias (PT), em reunião
com gestores municipais
e estaduais de Saúde,
decretou estado de emergência
e alerta no Estado
para combater o mosquito
Aedes aegypti. No Piauí, o
número de casos subiu de
27, registrados até o último
dia 17 de novembro, para
36 casos constatados até o
dia 27 deste mês.
Segundo o governador, a
situação de emergência tem
foco principal em três municípios
do interior do Estado,
sendo eles Alegrete, Santana
do Piauí e Avelino Lopes. Ao
todo, dez cidades estão em
situação de alerta, inclusive
a Capital Teresina.
Presentes na reunião, o
Comando da Polícia Militar
e do Corpo de Bombeiros
sinalizaram o apoio para
a campanha de combate
ao Aedes Aegypti. Para o
representante dos Bombeiros,
major Mendes, o
que se precisa no momento
é fazer um controle de
natalidade recomendando
às mulheres que adiem os
planos de engravidar pelo
menos nesse período de alta
nos casos de microcefalia.