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Maior demanda de atendimento em Teresina é na área ortopédica

Segundo Aderivaldo Andrade, o número de especialistas é suficiente, mas a quantidade de vagas e cirurgias não atende à demanda de pacientes.

24/08/2015 07:36

Com o aumento crescente da frota de veículos, aumenta também a quantidade de acidentes e, consequentemente, de vítimas do trânsito. São motoristas, ciclistas, pedestres, que sofrem diversos tipos de traumas, desde os mais simples, irreversíveis até a morte. Por conta disso, o número de pacientes que necessitam de atendimento na área ortopédica tem crescido consideravelmente. Entretanto, faltam vagas para consultas e cirurgias nessa especialidade. 

Em Teresina, a ortopedia é a principal demanda de atendimento e esse problema tem aumentado, sobretudo, pela vinda de pacientes de outros municípios do Piauí e até de outros Estados. Aderivaldo Andrade, titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), destaca que isso ocorre devido à falta de especialistas nestas cidades do interior, além da pouca quantidade de atendimento feito por esses médicos nos hospitais de retaguarda, como o Hospital Getúlio Vargas (HGV), Hospital Universitário (HU), Hospital da Polícia Militar (HPM) e Hospital Infantil Lucídio Portela. 

“Nós temos uma quantidade muito grande de pacientes vindos dos traumas de acidentes do trânsito, de motos e carros, vindos de atropelamentos, e de não-traumas, como quedas, principalmente de idosos. Hoje, mesmo com o atendimento de emergência tendo melhorado bastante, esse doente precisa de um depois, e é aí onde nós temos o problema. Quem precisa de atendimento ósteo-articular, desde consulta simples até cirurgia mais complexa devido a todo esse contexto da ortopedia, há uma necessidade enorme de mais consultas e cirurgias ortopédicas”, disse. 

Segundo Aderivaldo Andrade, os quatro hospitais de retaguarda da Capital precisam ofertar mais vagas para consultas e cirurgias na área ortopédica, vez que esse é o maior problema de Teresina, já que o atendimento no interior é muito deficiente, principalmente com relação às cirurgias mais avançadas. 

O secretário da SMS garantiu que há especialistas em ortopedia suficientes no sistema para atender à população teresinense - em torno de 50 médicos distribuídos nos hospitais da capital. Entretanto, ele reitera que a grande problemática está na oferta de vagas para consultas.

Foto: Elias Fontenele/ ODIA

“O Hospital Getúlio Vargas, o Hospital da Polícia Militar e o Hospital Infantil precisam ofertar mais consultas e precisam fazer mais cirurgias ortopédicas. Eles fazem, mas precisam fazer mais. Nós sabemos que o número de consultas ofertadas para nós, na Central, para podermos marcar, está baixa. Tivemos reunião com as autoridades da Sesapi [Secretaria de Estado da Saúde do Piauí] exatamente sobre isso, para que eles ofertem mais consultas e possamos fazer a nossa gestão, porque estamos fazendo a gestão da gente e do interior”, frisa. 

Por sua vez, o coronel Gerardo Rebelo, superintendente da Assistência Hospitalar da Sesapi, reconheceu que a ortopedia é uma necessidade da Saúde em todo o Piauí, principalmente no interior do Estado. Segundo ele, estão sendo feitas ações estratégicas para tentar contornar essa situação e dar vazão a essa demanda. 

“Estamos tentando aumentar a oferta dessas consultas junto à rede ambulatorial. O Estado recebeu mais ortopedista, até por determinação judicial, e com isso acho que vamos potencializar mais as consultas no Laboratório Azul, que é especializado. Esse é um mal que vem acometendo o Piauí e o Brasil, e, na ortopedia, por mais que você faça, parece que a fila não tem fim”, disse. 

No HGV, ortopedista só realiza sete consultas 

Aderivaldo Andrade cita que, no Hospital Getúlio Vargas, são realizadas apenas sete consultas por semana por profissional. Para ele, isso é “quase nada, e essa é a média no HPM e, no Hospital Infantil, é um pouco mais, mas também é pouco. Os profissionais têm carga horária de 24 horas, então dá para atender e operar muito mais”, defende, acrescentando que o ideal seria, pelo menos, 32 consultas semanais. 

“Essa quantidade resolveria esse problema e, com cada profissional fazendo, pelo menos, quatro cirurgias por semana, nós aumentaríamos em mais de cem por cento o número de consultas e cirurgias”, argumenta Aderivaldo. 

Entretanto, o superintendente de Assistência Hospitalar da Sesapi garante que a quantidade de especialistas que atuam no estado, sobretudo no HGV e no HPM, é suficiente para atender a demanda de pacientes. Segundo ele, diariamente, há 18 ortopedistas nesses hospitais, trabalhando na área ambulatorial, prescrição, parecer, altas, além das cirurgias. No HPM, 11 profissionais são contratados pelo Estado e sete especialistas vinculados ao município. 

Gerardo Rebelo garante ainda que a quantidade de vagas para consulta deverá aumentar entre 30% e 40%, mas que, para isso, será preciso otimizar o sistema e fornecer mecanismos necessários para aplicar essa medida. Gerardo Rebelo falou também que os hospitais do interior estão sendo potencializados para que possam atender as demandas de suas macrorregiões. 

Por fim, a Secretaria Municipal de Saúde informa que cerca de 50% das consultas que a saúde de Teresina realiza são para pacientes vindos de cidades do interior do Piauí. Somente no primeiro bimestre de 2015, a Prefeitura de Teresina destinou 34,24% de sua receita para cobrir os gastos com ações e serviços de saúde na capital. No segundo bimestre, o percentual aplicado foi de 32,83%. Isso significa que a Prefeitura investe nesta área, com recursos exclusivos do tesouro municipal, o dobro do que é estabelecido pelo Ministério da Saúde, já que o mínimo exigido por Lei Complementar é de 15%. 

Em Teresina, as informações contábeis sobre saúde do Município são repassadas ao SIOPS (Sistema de Informações sobre Orçamento Público em Saúde) por meio da Secretaria Municipal de Saúde. O sistema é pertencente ao Ministério da Saúde e efetua cálculos automáticos, permitindo a obtenção dos percentuais descritos. No final de julho, os dados foram homologados no SIOPS.

Por: Isabela Lopes- Jornal O Dia
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