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FMS cancela distribuição de leite especial para bebês e recém-nascidos

Mães estão há quatro meses sem receber a fórmula especial para crianças alérgicas à proteína do leite. Fundação alega falta de dinheiro.

25/04/2017 15:44

Preocupação. É esta a palavra que pode definir a vida da empresária Kelma Moura há pelo menos quatro meses, diante da incerteza acerca da alimentação do próprio filho. Desde dezembro, que ela não recebe da Fundação Municipal de Saúde (FMS) a fórmula especial para bebês e crianças alérgicas à proteína do leite. A substância, que é distribuída gratuitamente pela Prefeitura, custa entre R$ 210,00 e R$ 216,00 nas farmácias, e deixou de ser entregue depois que o estoque chegou ao fim.

A fórmula contém proteínas do leite hidrolisadas, ou seja, quebradas, para facilitar a digestão pelo organismo, sem causar nenhuma reação inesperada. Este leite especial é ainda livre de aminoácidos presentes no leite de vaca, que desencadeiam a resposta alérgica do corpo. Uma lata da fórmula dura, em média, de dois a quatro dias. Kelma Moura, por exemplo, para manter a alimentação do filho de forma adequada, precisa investir cerca de R$ 1.000 por mês, na falta da entrega do leite pela FMS.

“A alergia do João Arthur é a tudo que é derivado do leite. Ele não pode comer nada que tenha leite, inclusive temos que ter cuidado até com medicamentos administrados nele, para ver se não tem nenhum componente derivado no leite na fórmula, porque ele não pode chegar nem perto. E esse leite especial é o único que ele pode consumir. Na fata dele, a gente fica sem saber o que fazer, porque ele custa caro, extrapola nosso orçamento”, explica Kelma.

Ela conta que a família descobriu a alergia de João Arthur quando ele tinha apenas 20 dias de nascido, e apresentou fezes com sangue, inchaço na barriga e pele irritada após consumir leite comum. Desde então, o menino tem sido acompanhado por uma pediatra e um endocrinologista.

Pelo menos mais 260 mães em Teresina estão na mesma situação de Kelma, diante da falta de distribuição do leite especial e da ausência de uma previsão para o retorno da entrega. Elas fazem parte de um grupo de ajuda mútua que usa as redes sociais para trocar ideias, experiências e tirar dúvidas acerca da alimentação de seus filhos.

“Nós temos que entender que tudo para nossos filhos tem que ser bem restrito. É da vida e do bem-estar deles que estamos falando, e queremos que o poder público entenda isso. Não estamos pedindo nada que não temos direito. A Prefeitura tem que fazer essa entrega do leite e essa indefinição deles só torna as coisas ainda mais difíceis tanto para nós mães, quanto para nossos filhos”, afirma Kelma Moura.

A empresária procurou hoje a FMS para ver se conseguia sair de lá com o leite especial de João Arthur em mão, mas foi informada que o fornecimento segue interrompido e sem previsão de retorno.

O outro lado

O PortalODia.com procurou a Fundação Municipal de Saúde para saber sobre a distribuição do leste especial. A FMS informou que “não dispõe do leite especial para quem tem intolerância à proteína animal” e que “não existe uma previsão para a compra do produto por não ter disponibilidade financeira para esta finalidade”.

Por: Maria Clara Estrêla
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