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Evangelina Rosa tem um médico para cada 20 leitos de UTI Neonatal

Relatório aponta as irregularidade na maior Maternidade do Estado. Além da falta de estrutura, o local não tem a higienização adequada para receber bebês.

16/05/2016 09:31

A maternidade Dona Evangelina Rosa, a maior do Piauí, apresenta várias irregularidades em seu funcionamento que contribuem para as mortes de bebês no local, é o que aponta o relatório do Conselho Regional de Medicina do Estado (CRM). Além da falta de estrutura, o CRM recebeu denúncias de péssimas condições de limpeza, onde profissionais relataram a presença de animais no local, como ratos e baratas, o que aumenta o risco de infecção dos pacientes.  

A principal irregularidade apontada no relatório é a falta de salas apropriadas para recém-nascidos que precisam de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O CRM apurou ainda que não há médicos plantonistas suficiente para atender a demanda. Uma UTI Neonatal (UTIN), por exemplo, deve contar com a presença de um pediatra plantonista para cada 10 leitos. Na Maternidade é somente um profissional para os 20 leitos existentes.

Bebê em leito de UTI em condições e local inadequados na Maternidade Dona Evangelina Rosa. (Foto: Divulgação)

Dentre os serviços prestados na Maternidade, o de fisioterapia funciona até as 22 horas, quando deveria contar com um fisioterapeuta para cada 10 pacientes por turno, ou seja, dois fisioterapeutas durante 24 horas.

Outro fator que contribui para as mortes constatadas na Evangelina é o não cumprimento com o controle de climatização, podendo levar a hemorragia cerebral dos bebês. Além disto, a UTIN não tem hemogasômetro 24 horas, o que permite a análise dos principais gases do sistema respiratório tais como oxigênio e gás carbônico. A Maternidade não conta com monitores adequados e há falta frequente de equipamentos para cateterização venosa central de inserção periférica.

O relatório apontou ainda a falta de higiene do local. Durante as fiscalizações, os berços das quatro salas cirúrgicas estavam desorganizados e com acúmulo de sujeira. Médicos plantonistas informaram que os respiradores manuais, os sensores dos termômetros e os sensores dos oxímetros não são limpos com a frequência devida. Os quatro ventiladores mecânicos estavam com os conectores incompletos e parte deles são utilizados nas outras salas, sem limpeza ou esterilização.


Insetos na Maternidade Dona Evangelina Rosa. (Foto: Divulgação)

O CRM informou que vai tomar as medidas cabíveis para a resolução dos problemas citados no relatório. Entre eles, o cumprimento, por parte da Secretária de Saúde, do Termo de Ajuste e Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público Estadual no ano de 2012, que prevê melhorias de equipamentos, recurso humano e adequação da estrutura. O Governo do Piauí já responde por seis processos judiciais por não ter aumentado o número de UTI’s nos hospitais do Estado, uma das cláusulas do Termo.

Em matéria divulgada neste domingo (15), o Fantástico denunciou como é feita a escolha de pacientes para ocupar as vagas na UTI. O programa mostrou que há uma lista de espera para os lugares e que prioridade é daqueles que possuem uma ordem judicial exigindo a ocupação de um dos leitos.  

Construção de novos leitos

Em nota, a Secretária de Saúde do Estado informou que 257 novos leitos para tratamento intensivo para recém-nascidos e adultos estão sendo construídos na capital e interior. A maior parte deles estará na nova maternidade que disporá de 115 leitos.

A intenção do Governo é fortalecer a política de descentralizar os serviços de saúde no Estado, principalmente nos municípios em que a demanda de atendimento é maior, que é o caso de Parnaíba, Picos, Floriano, Oeiras e São Raimundo Nonato que receberão cerca de 100 leitos já em obras. Em Teresina, na Maternidade Dona Evangelina Rosa, serão ampliados mais 10 leitos para Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN).

A estrutura da nova maternidade conta com 20 leitos de UTI adulto, 30 leitos de UTI neonatal, 45 leitos de Unidade de Cuidados Intermediários e 20 leitos de Cuidados Intermediários Canguru, além de espaço para acolhimento das mães e bebês.

Edição: Nayara Felizardo
Por: Ithyara Borges
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