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CRM aponta irregularidades que colocam em risco a vida de bebês na MDER

Durante fiscalização realizada na maternidade, foi constatado a superlotação, falta de leitos e de estrutura física para atender as pacientes. Além disso, os profissionais são insuficientes para atender a demanda.

18/05/2017 17:53

Profissionais especializados insuficientes para atender a grande demanda de partos cesarianas, recém-nascidos graves internados dentro de salas cirúrgicas, enfermarias superlotadas, falta de leitos e equipamentos. Essas foram algumas das irregularidades encontradas na Maternidade Dona Evangelina Rosa durante uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI).

A visita partiu de denúncias feitas pelos médicos que trabalham na própria maternidade. Durante a fiscalização, um dos pontos observados foi a superlotação, inclusive, de pacientes sem complicações graves, que poderiam ser atendidas em maternidades de bairro da capital Teresina. O motivo, segundo denúncias de plantonistas, é resultante de falhas junto à Central de Regulação do Estado, bem como pela falta de estrutura de hospitais e maternidades de bairros e de outros municípios que, em sua grande maioria, não conta com banco de sangue, pediatras, obstetras, anestesistas 24 horas e nem com laboratório próprio.

Recém-nascidos estavam internados em condições inadequadas. (Foto: Reprodução/CRM-PI)

Logo na entrada do hospital, a equipe de fiscalização ouviu relato de uma parturiente do município de Regeneração, Sul do Piauí, que estava há 12 horas sem atendimento e não passou por regulação ou encaminhamento para avaliação do seu estado de saúde. Segundo o CRM-PI, esta é uma situação irregular e constrangedora para a paciente, inclusive com grande risco de infecção.

De acordo com o Conselho, os problemas mais graves foram encontrados nas alas do centro cirúrgico, onde foi constatado a falta de profissionais especializados suficientes para atender a grande demanda de partos cesarianas, bem como de locais adequados para recém-nascidos (RN), que precisam continuar internados e passar por cirurgias. Esse bebês estavam internados em condições inadequadas, apenas com a utilização de berço aquecido e hidratação venosa.

Não há profissionais especializados suficientes para atender a grande demanda de partos cesarianas. (Foto: Reprodução/CRM-PI)

Alguns médicos presentes no plantão comunicaram aos fiscais que, caso as pacientes fossem reguladas corretamente, haveria menos superlotação e mais condições de trabalho. Segundo denúncias, a Central de Regulação encaminha pacientes em trabalho de parto e como justificativa informa, muitas vezes, que a razão do encaminhamento é falta de vagas em outras unidades de saúde.

O Conselho informou também que, durante visita ao Centro Obstétrico Superior (COS), foi constatado que recém-nascidos em estado grave eram mantidos internados dentro de salas cirúrgicas, onde eram realizados vários partos, apenas durante uma manhã de vistorias. Para o CRM, os RN graves deveriam estar internados em ala própria. 

Enfermarias estão superlotadas. (Foto: Reprodução/CRM-PI)

Segundo a entidade, o grande problema constatado é que não há local apropriado e nem leitos disponíveis. “Outros RN estavam internados em condições inadequadas, apenas com a utilização de berço aquecido e hidratação venosa, porém deveriam estar em leito de UTI neonatal e fora do COS, mas como não há vagas para todos, estão recebendo tratamento no local, de forma improvisada”, comunicou o Conselho em nota.

Além disso, na sala de recuperação pós anestésica, pacientes que deveriam ficar em observação por no máximo duas horas, ficam no setor por 12 horas ou mais, por falta de leitos disponíveis nas enfermarias, geralmente superlotadas. Já na lavanderia da MDER, o CRM-PI flagrou funcionários trabalhando em condições insalubres e ruídos acima do permitido pela legislação trabalhista. Entre as irregularidades constatadas, foi observado a falta de equipamentos de proteção individual, tais como máscaras específicas, luvas, vestimentas e botas de trabalho. 

Funcionários foram flagrados trabalhando em condições insalubres. (Foto: Reprodução/CRM-PI)

De acordo com o CRM, a diretoria da maternidade será notificada e receberá prazo para cumprir as normas sanitárias de saúde. O Conselho também se reunirá, durante a noite de hoje, com vários secretários de Estado, como o de Saúde, Administração, Fazenda, o presidente da FMS, Silvio Mendes, e diretores e gestores da MDER e de maternidades de bairros, além da diretoria da Central de Regulação do Estado, para buscar soluções para superlotação e a falta de condições de trabalho e de estrutura na MDER.

Contraponto

A Maternidade Dona Evangelina Rosa argumentou, em nota, questá passando por um processo de reforma e ampliação, e que irá contar com cerca de 50 leitos a mais, entre UTI neonatal e obstétrica. Atualmente, a unidade de saúde conta com 20 leitos de UTI neonatal. A previsão é que a construção de 10 novos leitos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) seja iniciada ainda neste semestre. De acordo com a nota, "outra importante intervenção é a reforma da urgência e emergência, onde será ampliado em 40 leitos hospitalares oferecendo um melhor atendimento a população".

Edição: Nayara Felizardo
Por: Nathalia Amaral
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