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52% das famílias recusam doar órgãos de parentes mortos no Piauí

Durante o ano passado, 90 pessoas foram notificadas como potenciais doadores, mas somente 19 doaram

07/06/2016 12:17

A alta taxa de recusa familiar para doação dos órgãos de parentes mortos no Piauí, um total de 52%, tornou-se motivo de preocupação para o Ministério da Saúde. Durante o ano passado, 90 pessoas foram notificadas como potenciais doadores, mas somente 19 doaram algum órgão. Isso corresponde a apenas 5,9 doadores por milhão da população, contra 9,9 da região Nordeste e 13,9 do país.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, 853 pessoas estavam aguardando por um transplante no estado do Piauí em 2015. Do total de pacientes na fila de espera, 472 necessitavam da doação de um rim e 381 por um transplante de córneas.

Foram realizados, naquele ano, 210 transplantes no Piauí. Desses, 183 casos foram de córneas transplantadas e 27 de rim. “A Central tem estrutura apropriada, com apoio da Secretaria de Saúde, mas ainda com baixo número de notificações e alta taxa de recusa familiar. O número de doadores efetivos, bem como o de transplantes, é inferior ao desempenho da região Nordeste”, conta Maria de Lourdes de Freitas Veras, Coordenadora da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do Piauí.

Crenças religiosas e esperança de vida

Segundo omédico Leonardo Borges de Barros e Silva, coordenador da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, os motivos para a recusa pela família são diversos: desde crenças religiosas que impedem a realização da doação até o desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, o que faz muitos familiares acreditarem que a condição do ente querido com o corpo quente e o coração batendo seja um indicativo de que ele sobreviverá.

“Entretanto, o diagnóstico de morte encefálica – conhecida também como morte cerebral – é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as funções que mantêm a sua vida, como a consciência e capacidade de respirar. O coração permanece batendo e os demais órgãos funcionando. Com exceção das córneas, pele, ossos, vasos e valvas do coração, é somente nessa situação que os órgãos podem ser utilizados para transplante”, observa o especialista.

O consentimento informado é a forma oficial de manifestação à doação. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica dependem da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmado em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.

“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor da doação de seus órgãos e tecidos para transplante pode favorecer o consentimento após a morte, mas, de acordo com a lei, é a vontade da família que deve prevalecer”, explica o médico Leonardo Borges de Barros e Silva. 

Exposição

Teve início na última sexta-feira (3) oProjeto “Gesto de Herói – o poder de doar vida”, exposição itinerante sobre doação de órgãos que já passou pelas cidades de Rio Branco (AC), Manaus (AM) e Belém (PA), e acontecerá durante o ano de 2016 em mais seis estados nas regiões Nordeste e Centro-Oeste do país.

A ação da Fundação Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Ministério da Saúde, tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e, principalmente, colocar esse tema em pauta nas discussões familiares.

A exposição permanecerá na capital piauiense até o dia 12 de junho, no Teresina Shopping, com entrada gratuita. Além da exibição de depoimentos reais de familiares de doadores falecidos e pacientes transplantados, a população poderá esclarecer as principais dúvidas relacionadas à doação e transplante de órgãos.

Com painéis explicativos sobre o processo e, ainda, a presença de especialistas em doação e transplante para responder perguntas, o Projeto se estenderá ao longo do ano pelos estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Fonte: Da Redação
Edição: Nayara Felizardo
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