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"œNão existe harmonia do governador com a minha base", critica Pablo Santos

Em entrevista ao Jornal O DIA, o novo gestor da Fundação Hospitalar admitiu o receio em deixar seu mandato na Assembleia Legislativa e defendeu a permanência da aliança do PMDB e PT

12/08/2017 08:51

A Fundação Hospitalar começou neste mês o processo de co-gestão com a Secretaria Estadual de Saúde e deve passar por uma avaliação ao final de 60 dias. Este é o início dos trabalhos da Fundação como parte do governo Wellington Dias (PT). A criação do novo órgão e a posse do deputado licenciado Pablo Santos (PMDB) geraram diversas críticas entre os governistas e oposicionistas. Em entrevista concedida ao Jornal O DIA, o novo gestor admitiu o receio em deixar seu mandato na Assembleia Legislativa e defendeu a permanência da aliança do PMDB e PT para as próximas eleições, já que, segundo Pablo Santos, o partido não tem condições de lançar candidatura própria para o governo. Entretanto, ele criticou a postura do governador com relação à base peemedebista no interior do Estado: “Tem que ter um chamamento do governador. Isso não depende só de mim, também depende das ações do governador como governador”, ressaltou. 

"Para uma candidatura própria agora teria que ter se plantado uma semente nas eleições municipais, e infelizmente o partido não se atentou para isso" (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

O senhor é médico e assumiu a Fundação Hospitalar, uma estrutura nova dentro da máquina administrativa do Governo, recentemente. Nesse período, o que já foi possível ser feito? 
Nesse primeiro momento a gente trabalhou principalmente a questão da criação da Fundação Hospitalar referente à parte administrativa, correndo atrás das instalações para fazer a Fundação realmente sair do papel, mas o imbróglio administrativo é muito grande. E como foi frisado, toda a estrutura nova que está sendo criada dentro do governo é algo muito complexo porque a gente já pega as coisas andando e a gente tem, também, que formar uma equipe o mais rápido possível para fazer a coisa acontecer . Nos 60 dias daqui para frente vai existir uma cogestão entre a Fundação Hospital junto com a Secretária de Saúde do Estado, onde há a responsabilidade da Sesapi pelos hospitais. Então vai existir essa divisão de responsabilidades, durante esse período de transição e, posteriormente, a gente vai ter uma avaliação de 120 dias da Secretária com relação aos serviços ofertados pela Fundação. Vamos ficar com a responsabilidade de seis hospitais, tendo que cumprir metas em 120 dias para que haja a avaliação. As metas estão relacionadas às cirurgias, produção, atendimento nos ambulatórios e exames. 
Ainda é grande o número de pacientes que são transferidos para a Capital por falta de estrutura nos hospitais do interior, sobretudo os casos de média e alta complexidade. O que pretende fazer para resolver esse problema? 
Temos que aumentar a demanda no interior com relação à descentralização dos hospitais regionais. Então, quanto mais a gente ofertar serviços no interior do Estado, nos maiores hospitais regionais, e no meu caso serão os hospitais de São Raimundo Nonato, Picos e Piripiri, vamos tentar ofertar o maior número de serviços em cada um deles. O governador Wellington Dias vai inaugurar, até outubro, a UTI no hospital regional de Picos, eu acredito. A gente fazendo a descentralização e ofertando o maior número de serviços nos hospitais do interior, consequentemente a gente acaba desafogando o número de transferências para a Capital. 
Quando da sua ida para a Fundação, houve questionamentos sobre a legalidade do seu licenciamento legislativo. O senhor mesmo teve receio em deixar a Assembleia para assumir a Fundação por medo de perder o mandato. Esse receio acabou? 
Quando foi criada a Fundação Hospitalar existia, realmente, vários questionamentos quanto a minha ida como deputado estadual. Lógico que, quando a gente consegue um mandato como deputado estadual, a gente fica preocupada em não poder concluí -lo, mas a gente se precaveu e buscou várias alternativas para que a gente pudesse dá uma segurança jurídica na minha ida para a Fundação. Então, hoje, eu não vejo nenhum problema com a minha permanecia porque estou amparado pela lei estadual, amparado pela Assembleia. A gente respeita a decisão da justiça, mas a legislação estadual diz que um deputado pode assumir uma fundação. No estatuto da Fundação diz que o presidente tem status de secretá- rio e a Fundação teria status de secretaria. Esse foi o primeiro respaldo jurídico. O segundo foi justamente com relação à legislação que citei anteriormente. 
Como o senhor vê essa declaração do Romero Jucá em querer vetar a aliança do PMDB com o PT e PCdoB? 
O senador Romero Jucá pode vetar a aliança entre o PMDB e o PT, mas ele não pode vetar o deputado Pablo Santos, o deputado Themistocles Sampaio, o deputado João Madison, o deputado Mauro Tapety e o deputado Severo, caso haja uma intervenção, de tomarem outro rumo político, irem para outra sigla partidária. Agora a gente não pode deixar é uma decisão a nível estadual pensando na intervenção federal. Então, isso aí, eu acho, que seria até um pouco de indelicadeza da executiva nacional em querer impor essa situação. Até porque boa parte dos membros do partido são membros históricos, que já têm 28 a 30 anos. O ministro João Henrique tem todo direito do mundo de pleitear a sua candidatura de governador, assim como eu, como qualquer outro membro do partido. Agora, a gente tem que respeitar a vontade da maioria. Se ela quer que o PMDB fique com o governador Wellington Dias, tudo bem. Se existir o entendimento de toda base do partido de não apoiar o governador, aí seria outra questão. Mas, querer proibir os colegas de partido de fazer aliança eu, sinceramente, sou de acordo que se sentem todos os membros do partido e tome uma decisão de forma conjunta. Se existir essa intervenção, a gente senta e resolve da melhor forma. 
Há lideranças do PMDB que defendem a candidatura própria do partido, como o ex-ministro João Henrique Sousa. O partido irá para o embate interno para definir o caminho em convenção extraordinária proposta por ele, ou o senhor acredita que conseguirão reverter o impasse antes disso? 
Eu acho que não tem um entendimento. O ministro João Henrique tem o posicionamento dele, que a gente respeita e ele não seria capaz, caso a maioria resolver apoiar o governador Wellington Dias. Vi uma entrevista recente do Romero Jucá onde ele fala que está pensando em uma eleição presidencial para 2022. Porque não pensar em 2018? Ele quer interferir nos diretórios estaduais nas eleições de 2018 e poder pensar em uma candidatura presidencial só em 2022. Acho que está tendo um pouco de incoerência nas colocações nesse sentido. Se ele quisesse que o partido tivesse um candidato próprio para presidência, ele tem que pensar em 2018. Assim como ele está querendo cobrar esse posicionamento do partido a nível estadual. Para uma candidatura própria agora teria que ter se plantado uma semente nas eleições municipais, e infelizmente o partido não se atentou para isso. Apenas os deputados estaduais percorreram deus municípios sem também levar um possí- vel nome. Leia a entrevista completa na edição de hoje (12) do Jornal O Dia.
Por: Ithyara Borges
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