Ao comentar a proposta de reforma da Previdência em entrevista ao jornalista Roberto D'Avila, levada ao ar no final da noite desta quarta-feira (22) pela GloboNews, o presidente Michel Temer, que se aposentou aos 55 anos de idade, disse ser um "exemplo claro de como a precocidade é prejudicial para a Previdência". "Embora eu tivesse cumprido todos os requisitos à época, quando a expectativa de vida era menor, passados 20 anos, estamos aqui trabalhando", disse.
Com relação a outro ponto polêmico da proposta, a de que, para receber 100% do valor da aposentadoria, o trabalhador brasileiro terá, na prática, que contribuir para o INSS por 49 anos, Temer disse que tal afirmação, atribuída a "quem ganha mais", não é verdadeira. "Data vênia, é falso. Você, quando tem um mínimo de 25 anos de contribuição, pode se aposentar com 65 anos. Daí, você se aposenta com 51% mais 25%. Você parte de 76%. Se você trabalhou 35 anos, você vai para mais 10 pontos", calculou.
Sobre a decisão de deixar de fora da mudança os servidores municipais e estaduais, anunciada um dia antes, na terça-feira (21), Temer disse que o objetivo foi corrigir sua "única falha" com relação à proposta enviada ao Congresso. "Quando nós mandamos a reforma da Previdência, nós invadimos uma competência do Estado membro da Federação. Ora bem, quando você fixa em nível federal e nível constitucional uma determinação para o Estado agir desta ou daquela maneira em relação à Previdência social, você está interferindo na autonomia do Estado. Eu me dei conta disso", disse.
Ele disse que havia sido alertado por deputados e senadores com quem tem se reunido para discutir a aprovação da reforma de que a pressão contrária à iniciativa vinha justamente desses servidores locais. "Então, ontem, eu declarei que esta matéria fica para os Estados e por uma razão singela: há Estados que já fizeram a reforma previdenciária, há Estados que não querem e não precisam fazer, e há Estados que querem fazê-la. O Estado é que decidirá."
Operação Carne Fraca
Temer disse ver com "certa tristeza cívica" a polêmica em que está envolvida a operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira pela Polícia Federal. Acredita que os danos causados ao país serão muito maiores do que poderiam ter sido não fosse o "espetáculo" injustificado na divulgação da operação, principalmente diante do número de frigoríficos investigados (21) -- o qual representaria uma "porção diminuta" dentre um universo de 4.838 plantas frigoríficas.
Quanto à possível ligação do ministro da Justiça, Osmar Serraglio, com o fiscal agropecuário investigado Daniel Gonçalves Filho, revelada por meio de conversa telefônica na qual ele, à época deputado federal, chama o servidor de "grande chefe", Temer minimizou o caso dizendo ser uma mera conversa relacionada a uma situação específica do Estado do Paraná e que "cada um usa a expressão que achar que deva usar".
Fonte: UOL