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"Sou convicto nas minhas declarações. Não falo para mandar recado"

Em entrevista, o presidente reeleito da Câmara dos Vereadores de Teresina, Jeová Alenca (PSDB0 revelou ao O Dia que ainda não conseguiu

25/11/2017 08:28

No centro da polêmica da semana, o presidente da Câmara, vereador Jeová Alencar (PSDB) revelou ao ODIA que ainda não conseguiu entender a polêmica em torno da antecipação do processo eleitoral para a eleição da Mesa Diretora da Câmara, que culminou com o rompimento entre o PMDB e o PSDB em Teresina.

Alencar garante que a antecipação do pleito não ocorreu por desconfiança em apoio do Palácio da Cidade ao seu nome, mas por receio de que as eleições do próximo ano interferissem no processo.

Em entrevista ao ODIA, ele falou dos planos na Câmara, negou interferência do deputado Themistocles no processo eleitoral e reafirmou lealdade ao prefeito Firmino Filho, apesar de reiterar que, caso o prefeito não saia candidato, votará em Wellington Dias em 2018. Confira:

Jeová Alencar diz que pretende apoiar a candidatura de Wellington Dias à reeleição, mesmo o PT sendo adversário do seu partido, o  PSDB (Foto: Moura Alves/O Dia)

O senhor conseguiu o apoio dos vereadores para ampliar seu mandato à frente da Câmara. Nesse sentido, quais serão suas prioridades para esse novo mandato?

Eu acho que esse trabalho que fizemos na Câmara e, quando eu digo trabalho, eu falo de todos, do coletivo, esse dinamismo de, em pouco tempo, termos mudado a realidade da Câmara, não só dando melhores condições de trabalho aos vereadores, mas também divulgando os trabalhos, através da implantação do painel eletrônico, através de um sistema de tramitação que será inaugurado daqui a pouco tempo, que será a digitalização de todos os projetos que vão para plenário, mas também um novo site da Câmara mais interativo, que também será inaugurado dentro de pouco tempo. A estrutura de trabalho e visibilidade para todos os vereadores. Acho que isso foi o que mais pesou para que os vereadores quisessem que esticássemos nosso mandato.

O que motivou, realmente, a antecipação das eleições em mais de um ano? Havia receio de que o senhor não tivesse o apoio do Palácio da Cidade para sua reeleição?

Não havia esse sentimento. Na verdade, esse foi um sentimento que foi se amadurecendo. Nas rodas de conversa de muitos vereadores, surgiu a preocupação de que, devido o acirramento que poderá ter devido às eleições do próximo ano, poderia o próximo presidente ser alguém que pudesse barrar os avanços que estamos tendo hoje. Quando se colocou a eleição, não se colocou a do Jeová. Qualquer um vereador poderia colocar seu nome e viabilizar seu nome, articular sua chapa. Claro que eu, por ser presidente e por ter tido a possibilidade de ter reeleição, fui ser candidato. O processo vem desde maio. É bom frisar que, quando se deu entrada no processo de reeleição, foi aprovado por 27 vereadores, em duas votações, com intervalo de 20 dias. Não foi nada imposto, foi discutido. O requerimento não foi da oposição, ele foi assinado por 20 vereadores.

Ontem o senhor conversou com o prefeito Firmino Filho. Essa conversa tinha acontecido antes da votação, considerando que o senhor é da base e do mesmo partido do prefeito?

Tivemos uma conversa com o prefeito. Essa conversa sempre foi e sempre será franca e verdadeira. Esclarecemos algumas coisas que ainda não estavam bem entendidas por ele. Entendemos que foi uma coisa da Casa e que Teresina é muito maior que isso. O importante agora é virar a página e juntos, não só com o Jeová, mas a Câmara toda, trabalharmos por Teresina. Acho que isso que fortalece a amizade com o Firmino. Eu sempre sou sincero e ele sabe disso, sabe das minhas colocações.  É uma coisa que conquistamos junto aos nossos pares. E o prefeito entendeu e da nossa parte. Vamos continuar andando irmanados para trabalhar por Teresina e isso ele tem feito com muita maestria.

Foi muito comentado, durante toda essa semana, após a votação, que o deputado Themístocles teria participado ativamente do processo. O senhor recebeu algum tipo de pressão da Assembleia ou de outro poder, como o Governo do Estado?

De maneira alguma. Depois da votação, eu fui a Juazeiro e a Canindé, essas foram as forças externas que me ajudaram. O que aconteceu é que estamos em um processo de buscar um canal de televisão aberta para Teresina. Já temos um canal por internet e a TV Assembleia tem 4 sinais. E estou buscando com o deputado Themistocles, essa parceria. De início seria três minutos diários na Tv Assembleia, mas com essa possibilidade, começamos a ver essa possibilidade porque não temos uma estrutura para manter uma televisão 24 horas. Então, estamos tendo esse contato com o deputado Themistocles e ele sempre muito solícito. Eu digo a você: não houve interferência do deputado Themistocles e nem do governador Wellington Dias nesse processo da Câmara. O que teve foram pessoas que acreditam no meu nome e colocaram o seu voto. Não tem uma briga. Eu jamais receberia pressão de poder A, B ou C para prejudicar a imagem do prefeito. Esse não é o nosso perfil.

O senhor é do PSDB, mas chegou a afirmar que votaria no governador Wellington Dias, caso o prefeito Firmino Filho não saia candidato. O senhor irá contra o posicionamento do partido, mesmo sabendo que PT e PSDB são antagônicos?

Sou muito convicto nas minhas declarações. Não falo por impulso e nem para mandar recado. Sou do PSDB, voto no prefeito Firmino se ele for candidato, vou pedir voto. Mas, reafirmo, se ele não for candidato, eu voto no governador Wellington Dias. Já trabalhei com ele, fui assessor dele durante sete anos, sei da capacidade que ele tem. Infelizmente, estamos vivendo uma crise muito grande e não dá para ele avançar mais do que está avançando por conta dessa crise. Mas o Wellington tem compromisso com nosso Estado. Nós vemos de 2002 para cá, os avanços que o Estado teve. E eu nunca nem conversei com ele sobre isso, só nos eventos formais que temos nos encontrado, mas eu tenho essa convicção.

E como ficaria sua relação com o PSDB nessa situação?

Eu estou sendo sincero e verdadeiro com o partido. Eu até acredito que, se o PSDB não tiver candidato, como vamos fazer? Vamos apoiar quem? Ainda não há tratativas nesse sentido, mas já estou colocando a minha posição.

Diante do embaraço com a Câmara, ficou algum embaraço com o PSDB? Já há algum projeto de mudança de sigla em março do próximo ano?

De maneira alguma. Da minha parte, não! Fui para o PSDB a convite do prefeito Firmino Filho e não tenho nenhuma dificuldade com nenhum membro do partido, principalmente com o prefeito que é o nosso grande líder e a quem eu tenho uma deferença muito grande. Eu acredito muito nele, na sua capacidade de trabalho e dedicação com a cidade. Ele não para. É uma máquina. E eu estou muito feliz no PSDB, mas se tiver alguma dificuldade algum dia, tudo bem. Você só fica onde você se sente bem. Eu tenho trabalhado pelo partido, tenho uma desenvoltura, o PSDB é um partido que é a cara da cidade.

Nessa semana, tanto o deputado Themístocles Filho quanto o próprio prefeito chegou a afirmar que a atitude do PMDB foi desleal. Como o senhor vê agora essa relação do prefeito com o PMDB, agora rompida?

Quando se iniciou o processo da reeleição, eu estava com o deputado Themistocles levando a minuta do nosso convênio. Aproveitei e pedi o apoio dele junto aos dois peemedebistas lá na Câmara, o Zé Nito e o Luís Lobão. A resposta que ele me deu foi: meu presidente, os vereadores são livres para votarem em quem eles quiserem. Diante disso, saindo de lá eu procurei o vereador Zé Nito, e ele disse que ninguém tinha procurado ele e ele daria o seu voto. Do mesmo modo, procurei o vereador Luís Lobão que disse que já havia conversado com o pessoal da Prefeitura e que não poderia me dar sua palavra. Essa foi a única interferência que teve no processo. Quanto às demissões, o prefeito tem o poder discricionário de nomear e exonerar quem ele quiser porque ele é quem monta a equipe e escolhe com quem quer trabalhar. Nisso eu não entro.

Os vereadores de oposição têm batido muito no discurso de que a Prefeitura tentou chantagear os vereadores. O senhor também dessa forma? Que a Prefeitura está perseguindo os vereadores que lhe apoiaram nesse processo?

Até o momento não. O que a gente viu foi a exoneração de dois secretários. Os motivos o prefeito já expôs. Fora isso, ninguém sofreu nenhum tipo de retaliação.

Saiu na imprensa que o Ricardo Monteiro, que foi exonerado da SDR, receberia um cargo de confiança do senhor na Câmara. Confirma?

Na verdade, o Ricardo é quem está tratando, diretamente comigo, essa questão das transmissões, de como a Câmara vai transmitir suas sessões para a TV Assembleia. Tive dois encontros com ele e isso gera especulações. Ele tem sido porta voz da TV Assembleia. É uma pessoa de bem e interativo, dinâmico e poderá trabalhar com a gente nessa área da Tv.

Em 2014, o senhor assumiu o Detran sem articular com seu partido à época, o Solidariedade. E agora, a antecipação da reeleição na Câmara, também não foi discutida com o PSDB. O senhor acredita que essas atitudes causam desconfiança em relação a suas estratégias políticas?

Eu acho que não. O que acontece é que, às vezes, as coisas são mais interpretadas. Em 2014, eu era do Solidariedade e o presidente era o deputado Mainha. E ele, quando me convidou para o partido, me disse que seria candidato a senador e eu disse que ele teria nosso total apoio. E isso aconteceu. E depois, quando eu já tinha para o Detran, ele se lança deputado federal. Foi tarde. Eu já havia me comprometido. Se, no momento que ele me convidou, ele tivesse me dito que seria candidato a deputado federal, nós teríamos o apoiado. Quem convive com a gente, sabe que somos pessoas de palavra. Então, fomos apoiar os deputados Flávio Nogueira e Flávio Nogueira Júnior. Da mesma forma da Câmara. Somos quatro. O vereador Joninha também assinou o documento. Na política o que existe muito são interesses contrariados. Eu até fiz uma retrospectiva de que eu não tenho sorte. Em 2010 eu apoiei um deputado e em 2012 eu estava só na campanha. Em 2014, eu acompanhei os Flávios e, em 2016, eles lançam a Celina Tourinho. Em 2012, meu partido apoiava o Elmano, mas tinha a convicção de que o prefeito Firmino era o melhor. O Firmino andava só. Acho que isso solidifica minha amizade com o Firmino porque ele sabe que sou sincero. Vou onde tenho minhas convicções.

Por: Ithyara Borges e Mayara Martins - Jornal O Dia
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