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'Situação de Cunha não alivia a Dilma', diz Heráclito sobre impeachment

O parlamentar comenta que o movimento das ruas demonstram que o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pode se concretizar.

26/03/2016 16:57

Em entrevista ao Jornal ODIA, o deputado federal Heráclito Fortes (PSB) comenta o cenário político e eleitoral do país. Ele fala sobre os desdobramentos da Operação Lava-Jato e ressalta que um dos principais fatos que chamam a atenção é a “resistência por parte das pessoas que cercam o ex- -presidente Lula em permitir as investigações e apurações dos fatos contra Lula”. Com muita cautela, mas sem deixar de lado o espírito de principal opositor do Governo do PT, o parlamentar comenta que o movimento das ruas demonstram que o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pode se concretizar. “Existe um cansaço”, avalia. Para Heráclito, o fato do impeachment estar sendo conduzido por Eduardo Cunha, presidente da Câmara, que tem o nome envolvido em uma sequência de escândalos, não pode desacreditar o processo. Fortes falou ainda sobre a reaproximação entre PSB e PSDB em Teresina e revelou: “Até onde eu sei, nós nunca nos distanciamos do Firmino”, dando a entender que não há desconforto entre as duas siglas e que elas podem, sim, caminhar juntas na disputa pela Prefeitura de Teresina. Na última semana, Heráclito teve ainda seu nome divulgado em uma lista de possíveis beneficiados com doações de campanha pela Odebrecht, empresa que está envolvida nos escândalos da Operação Lava Jato, conduzidas pelo juiz Sérgio Moro. Tranquilo, Fortes revelou que a empresa sempre foi uma das fontes financiadoras da sua campanha e que isso deve-se a uma amizade pessoal que tem com um dos diretores, de quem foi vizinho em Teresina. Confira a entrevista: 
(Foto: Elias Fontelene/Jornal O Dia)
Deputado, em relação ao cenário político do país. O senhor percebe abusos na Operação Lava-Jato? Principalmente nas investigações contra o ex-presidente Lula?
Eu não tenho como julgar abuso da Lava jato. Na minha avaliação, o julgamento deve ser do produto dela. Se faz de maneira abusiva, eu tenho dificuldade muito grande de avaliar isso porque posso ser leviano. O caso do ex-presidente Lula chama atenção pelo fato de ser um ex-presidente da República. Existe, por outro lado e com muita clareza, resistências por parte das pessoas que o cercam para impedir a apuração dos fatos. Nesse sentido, a Polícia Federal pode ter usado de medidas extremas com esse objetivo. Agora, é bom que se entenda, que a Polícia Federal só age de acordo com o que a Justiça manda. A Polícia Federal não bate na porta de ninguém se não tiver determinação da Justiça. Essas coisas são feitas de maneira que não haja nenhuma possibilidade de questionamento ou anulação de um processo contra quem quer que seja. 
Depois dessas investigações da Lava jato, as delações do senador Delcídio, houve uma mobilização popular, tanto a favor quanto contra o Governo da presidente Dilma. O senhor acha que o Governo Dilma Rousseff tem hoje força para impedir um impeachment?
Eu acredito que não. As ruas estão demonstrando isso. Existe um cansaço. A presidente Dilma, durante a campanha, disse com todas as letras, que se fosse para ganhar as eleições, fazia o diabo. O que acontece é que esse diabo saiu da garrafa e ela está pagando o preço disso. Esses fatos foram omitidos na sua campanha. Aliás, é importante que se diga que esses fatos, esses abusos já vem desde 2010. Vieram em 2006, de maneira mais discreta, tivemos um conjunto de escândalos que resultaram nisso. Uma das coisas que mais irritam o Ministério Público Federal é que eles pensaram que com a divulgação do Mensalão, houvesse um freio na corrupção no país. Pelo contrário, eles fizeram foi ampliar. Daí porque estamos vivendo essa crise política gravíssima que temos hoje. 
Em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ele também é réu e, a cada dia, seu nome é envolvido em casos de corrupção. O processo de impeachment está sendo conduzido na Câmara, por ele. O senhor acredita que ser o condutor do processo, pode desacreditar o processo de impeachment? 
Veja bem. A presidente Dilma está sendo acusada de vários envolvimentos de membros de sua equipe nos escândalos e continua presidente da República. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O Eduardo Cunha preside a Câmara porque foi eleito para isso. Ele está respondendo processo no exercício porque é assim que o processo ocorre. Imagine se a presidente Dilma já tivesse sido afastada nas investigações. Temos que ter as mesmas regras, com uma diferença: o Eduardo Cunha praticou erros, crimes, mas no âmbito do Legislativo, que não é o responsável pela quantidade de coisas que o Brasil está passando. Temos que ser sensíveis para olhar as duas questões. Agora, querer colocar a situação do Eduardo Cunha para aliviar a da Dilma, não é correto. A presidente Dilma é responsável pela economia do país, pelo desemprego, pela inflação. O mal que o Eduardo Cunha está fazendo a todos nós é desgastando o poder Legislativo, que tem que reagir. Mas a reação do Poder Legislativo está limitada a 600 parlamentares, aproximadamente. A questão da Dilma envolve o destino de mais de 200 milhões de brasileiros.
Já se notícia que o vice-presidente Michel Temer, que já manifestou um rompimento administrativo e até mesmo político com a presidente Dilma. Já se fala que ele já tem buscado aliados para o caso de ele assumir o Governo em um eventual impeachment da presidente Dilma. O senhor como deputado, já foi procurado para um apoio em um eventual Governo? 
O meu caso não serve como exemplo. Eu sou amigo do Michel. Quando o Michel foi presidente da Câmara, eu fui seu vice-presidente. Sou amigo pessoal dele, mas lhe confesso que ele nunca me procurou para tratar de um eventual Governo e também não conheço ninguém que ele tenha chamado para tratar desse assunto. Ele tem chamado muitas pessoas, e isso eu sei, para tratar do momento que nós vivemos. Ele como vice-presidente da República e presidente do maior partido o Brasil, não pode fugir dessa realidade. Ninguém colaborou mais e nem foi mais solidário com a presidente Dilma e com seu Governo do que o Michel foi em determinada fase do Governo. Só que o PT, com essa sua mania de ver as coisas por outro ângulo, não aceitou e o escorraçou da mesa de decisões do Palácio do Planalto.

Você confere a entrevista com o deputado federal Heráclito Fortes no Jornal O Dia de deste domingo (27).
Por: Mayara Martins - Jornal O DIA
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