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"Protestos não vão alterar votos", analisam deputados da bancada do Piauí

Ontem, populares ocuparam as ruas em protesto contra as reformas trabalhistas e previdenciárias.

29/04/2017 08:25

Os deputados da bancada federal do Piauí comentaram as manifestações que ocorreram durante todo o dia de ontem (28), que tem como motivos fundamentais a tramitação das reformas trabalhista e previdenciária no Congresso Nacional. Como forma de protesto às mudanças previstas nos dois textos, que são as principais bandeiras do governo Temer (PMDB), populares aderiram à greve geral e foram para ruas manifestar.

O deputado Mainha (PP) disse que as manifestações são de bases sindicais e que os manifestantes não têm conhecimento sobre o que foi aprovado na Câmara. “As pessoas pensam que nos retiramos diretos trabalhistas, mas, na verdade, a reforma trabalhista vai trazer mais liberdade para as negociações, sem suprimir direitos que estão na constituição”, explicou.

"A reforma trabalhista vai trazer mais liberdade para as negociações", diz deputado Mainha. (Foto: Moura Alves/Jornal ODIA)

Já Assis Carvalho (PT) afirmou que as manifestações são contra as reformas, mas, principalmente, às implicações das aprovações das matérias na sociedade. “As reformas são uns desmonte ao nosso país. O protesto é para dar um recado claro de que nós não aceitamos o que estão tentando impor à nossa nação”, pontuou.

Os parlamentares não acreditam que as manifestações consigam influenciar a votação da reforma previdenciária, que deve acontecer nas próximas semanas na Câmara Federal. Para o deputado Mainha, a matéria já passou pelas modificações necessárias. “Não sei se ela [reforma previdenciária] vai passar porque ela é mais complexa do que a trabalhista. Mas já houve muitas alterações. Agora, tem que saber o que querem. Querem continuar como está, sem reforma?”, questionou.

Heráclito Fortes afirmou que os protestos populares não vão mudar os votos para a próxima votação. “O que está faltando são as classes interessadas no processo ir para o Congresso discutir porque quando chegam lá é atacando. Isso corta o diálogo”, comentou.

O Deputado Assis Carvalho disse que a resposta da sociedade só deve vir nas urnas, nas próximas eleições. “Um parlamentar que abraça um presidente que propõe coisas absurdas, que tem quase 90% de impopularidade, abraça um absurdo. Esses vão ter que fazer um reajuste com as urnas”, declarou.

"Um parlamentar que abraça um presidente que propõe coisas absurdas, que tem quase 90% de impopularidade, abraça um absurdo", diz deputado Assis Carvalho. (Foto: Arquivo ODIA)

Deputados dizem que protestos são por desconhecimento

Para alguns dos deputados piauienses, a população foi às ruas contra as reformas por desconhecerem o teor dos textos aprovados. Para Heráclito Fortes (PSB), o governo falhou na comunicação quantos às reformas. Segundo ele, as mudanças são para garantir “as aposentadorias dos pequenos e tentar acabar com as mordomias do grande”.  “O que está gerando essa revolta é o imposto sindical”, ressaltou.

O Deputado Átila Lira (PSB) informou, por meio da assessoria de imprensa, que não iria se pronunciar sobre o assunto. No entanto, em entrevista concedida a uma emissora de Tv local, o parlamentar comentou o tema e destacou que as manifestações têm um sentido importante que é o de mostrar a insatisfação em relação ao encaminhamento da reforma, principalmente a previdenciária. “É importante a gente ler, compreender para poder falar. Às vezes as pessoas agridem as instituições sem entender, sem ler”, avalia ele.

“É importante a gente ler, compreender para poder falar. Às vezes as pessoas agridem as instituições sem entender, sem ler”, diz deputado Átila Lira. (Foto: Arquivo ODIA)

Lira disse ainda que não crê que a reforma previdenciária seja votada em maio, como quer o Governo. “Há a necessidade de ter maior debate para permitir um amplo esclarecimento”, pontua. O deputado rechaçou os discursos de que a reforma trabalhista foi votada sem maiores discussões e destacou que o debate foi amplo e demandou tempo. 

“A Reforma trabalhista foi debatida em um tempo imenso, com todos os segmentos interessados. Essa foi a terceira que mais teve emendas durante a história do Congresso. Não foi nada de uma hora para outra. A lei trabalhista é de 1943, vinha sendo aperfeiçoada. Os direitos continuam sendo assegurados na Constituição. Com essa reforma, o objetivo foi colocar o Brasil no mesmo patamar dos outros países do mundo”, defendeu.

A assessoria do Júlio César (PSD) também disse que o deputado não poderia atender as ligações da equipe porque estava finalizando a declaração do imposto de renda. Os deputados Rodrigo Martins (PSB), Marcelo Castro (PMDB) e Paes Landim (PTB) não atenderam as ligações. Até o fechamento desta matéria, as assessorias dos deputados Silas Freire (PR) e Iracema Portela (PP) não enviaram as informações solicitadas pela reportagem.

Senadores têm opiniões divergentes sobre manifestações

A senadora Regina Sousa (PT) comentou os atos de manifestação e afirmou que todas são legítimas e representam uma ferramenta importante de luta por direitos. Mas, de acordo com a parlamentar, a população precisa também pressionar os deputados e senadores que elegeram para conseguirem um resultado mais satisfatório.

Regina Sousa lamentou a aprovação da reforma trabalhista na última quarta-feira (26) na Câmara Federal e falou sobre que os “resultados vão aparecer mais tarde”. “O que foi aprovado foi o trabalho escravo. Agora tudo é permitido. Não tem livre negociação, por exemplo, em um país de desempregados”, citou a senadora.

 “O que foi aprovado foi o trabalho escravo. Agora tudo é permitido", avila senadora Regina Sousa. (Foto: Arquivo ODIA)

Já o senador Ciro Nogueira (PP) destacou que todas as manifestações devem ser respeitadas, “desde que seja respeitado o direito das pessoas de irem e virem”. “A gente deve respeitar desde que as manifestações desde que sejam voluntárias. Hoje não aconteceu isso. É preciso que não haja agressões, quebra quebra, e que as pessoas que não queiram participar do movimento sejam respeitadas”, pontuou.

Para o parlamentar progressista, o movimento foi menor que o esperado. “Pensei que seria maior, mas foi menor que a expectativa que as pessoas estavam prevendo. Hoje o saldo negativo são as agressões, os impedimentos de que as pessoas possam trabalhar de qualquer forma”, avalia.

O senador Elmano Ferrer (PMDB) destacou que a população que foi às ruas está exercendo o direito de reivindicar e cobrar. “É legítimo da democracia e respeitamos essas manifestações”, garantiu. O peemedebista argumentou que a Reforma da Previdência é uma tentativa de se buscar o reequilíbrio das contas públicas do Brasil. “O país atravessa uma crise econômica, ao tempo em que, o sistema previdenciário é deficitário, com volumosos prejuízos. Também temos um cenário atual que, os brasileiros estão vivendo mais, com a população tendendo a ser mais idosa”, defendeu. 

Sobre a Reforma Trabalhista, o senador destacou que a mesma recebeu 840 emendas. “Temos pontos positivos na Reforma Trabalhista, como as medidas para combater a informalidade no mercado de trabalho e a precarização das relações trabalhistas. Também tem previsão de jornada parcial, que visa estimular a contratação de jovens, mães, e trabalhadores mais velhos”, ponderou.

Por: Ithyara Borges - Jornal O Dia
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