A nomeação do piauiense
Moreira Franco como ministro
da Secretaria Geral da
Presidência levantou polêmica
acerca do foro privilegiado.
Ele é investigado no âmbito
da operação Lava Jato e,
ao ser elevado de secretário
-executivo do Programa de
Parceria para Investimentos
a ministro, passa a ter foro
privilegiado o que, na prática,
vai fazer com que ele não
possa mais ser investigado na
primeira instancia da Justiça.
De acordo com Chico Lucas,
presidente da seccional
piauiense de OAB, o foro
privilegiado existe para preservar
as funções da República,
mas muitas vezes é
desvirtuado como uma forma
de evitar que uma pessoa
seja investigada por juiz de
primeiro grau. “O foro privilegiado
é para preservar
as funções e não as pessoas.
Nesse caso, é um absurdo a
elevação do status do cargo
ocupado por Moreira Franco.
Eu vejo um desvio de
função. Se o objetivo é evitar
investigação no primeiro
grau, é passível de discussão
judicial”, pontua o presidente
da Ordem, acrescentando
que o foro não pode servir
para que processos anteriores
sejam acobertados pelo
manto da impunidade.
Para o dirigente da OAB-PI,
é preciso alterar a legislação
sobre o tema. Chico Lucas
afirma que o foro privilegiado
precisa ser revisto e não pode
ser mantido nos padrões
atuais. “É preciso rediscutir.
É claro que tem que preservar
os poderes, o chefe das instituições,
mas não pode servir
de escudo em processos. A revisão
tem que ser profunda”,
diz Chico Lucas.
Pela visão do advogado,
a principal mudança deve
ser no sentido de que o foro
privilegiado não pode intervir
em casos que ocorreram
antes da pessoa exercer a
função com a prerrogativa
de foro. “Tem que valer nos
casos cometidos diretamente
com o exercício da função,
mas se são fatos estranhos,
que antecedem a ocupação
em cargo com essa prerrogativa,
ele tem que responder
em juízo ordinário”, pontua.
No caso de Moreira Franco,
a oposição ao Governo
Federal já prepara ação para
barrar a nomeação dele como
ministro. O argumento é o
mesmo utilizado pelos partidos
aliados de Temer no ano
passado para barrar a nomeação
de Lula como ministro.
Na ocasião, alegavam que o
ex-presidente estava sendo
nomeado ministro da Casa
Civil apenas para escapar
da justiça de Primeiro Grau,
com o foro privilegiado.
Foro privilegiado
O foro por prerrogativa
de função, mais conhecido
como foro privilegiado existe
para garantir independência
e estabilidade na administração
pública e contempla os
principais cargos da União,
Estado e Munícipios. Ele
estabelece o julgamento de
uma ação por Tribunais de
instâncias superiores. Segundo
o MPF, são 22 mil brasileiros
com foro privilegiado.
O privilegio está ligado a
função e não ao indivíduo.
Edição: João Magalhães - Jornal O DIA