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Piauí não tem como armazenar 2/3 da produção agrícola da forma correta

Cerca de 2 milhões de toneladas de soja, milho, arroz e feijão ficam a céu aberto e precisam ser vendidos rápido antes de perder a qualidade

08/09/2015 07:04

Pelo menos 2/3 da produção de grãos do Piauí referente à safra 2015/2015 não tem como ser armazenada corretamente, devido à falta de estrutura dos próprios produtores. São 2 milhões de toneladas de soja, milho, arroz, feijão e de outros que ficam a céu aberto, em locais inadequados ou precisam ser comercializados rapidamente para evitar que percam qualidade. 

A informação é do superintendente regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Alisson Pego. Ele disse que esse 1 milhão de toneladas que são armazenados de forma correta são dos grandes produtores, aqueles que atuam em áreas de 20 mil a 50 mil hectares e têm condições financeiras para arcar com os custos do armazenamento. 

Com os pequenos e médios produtores é diferente. Sem recursos, eles nem sempre conseguem vender toda a safra logo após a colheita e excedente termina sendo comercializado abaixo do valor de mercado ou então estocado de maneira incorreta, o que termina desvalorizando o produto, que vai perdendo a qualidade. 

Para tentar resolver o problema, a Conab junto com o Ministério da Agricultura está planejando ações para dotar a Conab de estrutura para armazenar esse excedente de produção. “O Governo Federal está preocupado porque o interesse é que o produtor tenha lucro com a produção e isso gere também divisas para o Estado. Estamos mantendo contato direto com Brasília e em breve anunciaremos como se dará a solução”, diz Alisson Pego. 

Atualmente, os armazéns da Conab no Piauí são usados apenas para estocar o milho que vem do Mato Grosso para o programa “Venda Balcão”, que consiste em vender o grão para o pequeno agricultor plantar e gerar receita. A Conab tem silos em Teresina, Parnaíba, Picos e Floriano. A intenção do Governo Federal é que a companhia também possa ser utilizada para armazenar a produção dos pequenos e médios agricultores. 

Enquanto isso, o Governo Federal mantém uma linha de crédito específica, no valor de R$ 25 bilhões, para investimento em armazenagem. Destinado a produtores rurais, associações e cooperativas, os financiamentos foram iniciados no Plano Safra 2012/2013 e serão oferecidos até a safra 2017/2018. 

Operada pela Caixa, pelo Banco do Brasil e por bancos públicos regionais, a linha de crédito do Programa de Construção de Armazéns tem juros de 7% ao ano. O tomador tem três anos de carência e mais 12 anos para pagar o financiamento. 

Problema da falta de local adequado é recorrente no Brasil 

 A falta de locais para armazenar a produção não é exclusividade do Piauí. No Brasil, segundo a Conab, o déficit de capacidade de armazenagem chega a 53,729 milhões de toneladas para grãos. Considerando que a previsão de fechar a produção agrícola em 208,8 milhões de toneladas, 25% da colheita do Brasil sofre com a falta de espaços. 

De acordo com o órgão, o país pode armazenar 155,139 milhões de toneladas, a maior parte em silos privados. A capacidade de armazenagem da rede pública restringe-se a 2,3 milhões de toneladas, com silos construídos pela antiga Companhia Brasileira de Armazenamento, extinta em 1990. 

A carência real de unidades armazenadoras concentra-se, segundo ele, nas regiões de fronteira agrícola. Maior celeiro do país, o Mato Grosso, com produção prevista de 51,203 milhões de toneladas na safra 2014/2015, tem capacidade para estocar só 32,288 milhões. Falta espaço adequado para guardar 18,814 milhões de toneladas de cereais. 

O fato se repete na mais recente fronteira agrícola do país, formada por terras do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Segundo a Conab, a área é quase totalmente desprovida de infraestrutura de armazenagem e carente de condições logísticas para escoamento da produção. 

O presidente da Conab, Rubens Rodrigues dos Santos, esclarece, porém, que a capacidade de armazenagem não tem que ser igual à produção, porque as culturas são colhidas em meses diferentes. Em regiões com duas ou três safras no ano agrícola, e em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo há superávit de armazéns herdados do auge do ciclo do café.

Por: Robert Pedrosa - Jornal O DIA
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