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PGR suspeita de falta de dados em "˜HD da propina"™

Investigadores têm encontrado no sistema mais dados de pagamento a políticos do que aqueles informadas anteriormente por alguns ex-executivos da empresa

06/08/2017 11:29

A Odebrecht entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma versão do sistema de propina da empreiteira, também conhecido como Drousys, com dados incompletos, segundo os responsáveis pela análise do material. A falta de informações, úteis a novas apurações, foi comunicada à empresa, que se comprometeu a buscar dados complementares em outras fontes.

Os dados foram entregues à força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, em março, em quatro HDs que totalizam 3,5 terabytes. Em seguida, foram encaminhados à Secretaria de Análise e Pesquisa da PGR, responsável por prepará-los para uso em investigações.

O Drousys era uma plataforma colaborativa, por meio da qual funcionários da Odebrecht registravam, em ferramentas de edição de texto, trocas de e-mails e chats relacionados a pagamentos secretos feitos a políticos. Os dados estavam originalmente guardados em um servidor da Suíça e teriam sido transferidos para outro servidor na Suécia, onde foi realizada a cópia entregue aos procuradores.

— A gente acredita que o conteúdo não é integral, algumas informações não estão batendo. Ainda não é possível saber o que está faltando — disse um dos envolvidos na análise de dados.

Responsável por cobrar os dados da Odebrecht, a Lava-Jato em Curitiba informou que os dados entregues são “uma fotografia no tempo” e que a natureza do sistema fazia com que as informações mudassem “à medida que usuários criavam, alimentavam ou apagavam arquivos”.

Uma outra “fotografia” do sistema também teria sido recuperada recentemente e, “possivelmente, contém dados adicionais (...) e será, como a primeira, objeto de análise técnica”, informou o Ministério Público Federal (MPF).

Autoridades suíças já haviam apreendido informações do Drousys que até hoje não chegaram ao Brasil, apesar do acordo com a empresa ter sido celebrado há quase nove meses. Segundo o MPF, a empresa se comprometeu a autorizar a remessa de dados pelas autoridades suíças”.

Arquivos são usados por procuradores de todo o país

Mesmo “parciais”, os dados do sistema de propina da Odebrecht já vêm sendo úteis às investigações envolvendo a empresa — e eventual confirmação do que disseram os executivos — e também às novas apurações do Ministério Público Federal (MPF). Suas informações foram indexadas e incluídas em um ambiente que pode ser pesquisado, o que permite a procuradores de todo país solicitar à PGR buscas por termos como apelido e nome de políticos, além de endereços para entrega de dinheiro. A força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba tem acesso em tempo real aos dados, via sistema integrado de informática.

Investigadores têm encontrado no sistema mais dados de pagamento a políticos do que aqueles informadas anteriormente por alguns ex-executivos da empresa. É possível, por exemplo, verificar a data de registro de cada anotação, mecanismo útil à verificação sobre possíveis alterações nas informações originais.

Ao mesmo tempo, para saber se dados do sistema foram excluídos durante investigações, seria necessário fazer uma perícia específica nos servidores primários onde os arquivos estavam armazenados, não bastando a análise de dados dos HDs. A cópia das informações do servidor da Suécia foi feita por equipe forense privada especializada, em tese com o intuito de garantir a integridade das informações.

O MPF em Curitiba defendeu o acordo da Odebrecht como “amplamente favorável ao interesse público” e informou que a empresa tem “reportado diligências no Brasil e mesmo em outros países” relacionadas ao Drousys. Para a Lava-Jato, a entrega de informações “é dinâmica e pode continuar ocorrendo ao longo do tempo”.

Em caso de descumprimento do acordo, os procuradores dizem estar preparados para apurar condutas, tendo como um dos resultados possíveis “a perda dos benefícios”. Ao mesmo tempo, cumprindo o acordo, a empresa estará “apta a receber os benefícios previstos”.

Em nota, a Odebrecht informou que colabora com a Justiça “no Brasil e nos países em que atua”, que “reconheceu seus erros e pediu desculpas públicas”. A empresa diz que “está comprometida a combater a corrupção”.

Fonte: Extra
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