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Oposição trabalha para conseguir afastamento de Temer, diz Assis Carvalho

Já o ex-ministro João Henrique (PMDB), amigo de Temer, diz que ainda não é hora de falar em renúncia ou impeachment.

18/05/2017 09:08

Última atualização às 11h20

O deputado federal Assis Carvalho (PT) disse, em entrevista ao Portal O Dia, que a oposição ao governo já trabalha para tentar tirar o presidente Michel Temer (PMDB) do cargo após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista.

O deputado federal Assis Carvalho, do PT (Foto: Raoni Barbosa / Arquivo O DIA)

Assis disse que o afastamento do presidente pode ocorrer “nas próximas horas”, mas não explicou de que forma, uma vez que, juridicamente, há apenas três meios possíveis para a saída de Temer do poder: a renúncia, que depende de uma decisão pessoal do peemedebista; o impeachment, processo que, mesmo sendo acelerado no Congresso, ainda pode demorar semanas; e, ainda, por meio da cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, opção que também pode demorar semanas, tempo necessário para que a ação seja apreciada pelo plenário da Corte.

Os donos do frigorífico JBS entregaram à Polícia Federal gravações de conversas com Michel Temer, onde o presidente teria dado o aval para que o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso, fosse comprado. Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F, uma holding que controla o frigorífico JBS. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley. Segundo o jornal O Globo, os empresários disseram que a gravação foi feita em março deste ano.

O deputado Assis Carvalho comenta que duvida que Michel Temer renuncie ao cargo. “A condição de governabilidade do presidente acabou totalmente, ele não tem condições morais, políticas, psicológicas de fazer nada. A grande contribuição que ele poderia dar a nossa nação seria renunciar, que é o processo mais rápido. Livraria a gente de uma parte do sofrimento. Mas acho que ele é pequeno demais para fazer um gesto mínimo para a nação”, disse o deputado.

Assis comentou ainda que as reformas ensejadas pelo governo também não têm mais condições de continuar. “Não tem reforma, não com a condição moral dele, que acabou. Acabou o governo. O governo não tem mais condições de dirigir nada”, comenta.

João Henrique admite que 'clima está ruim', mas pede que gravação de Joesley seja analisada

Amigo próximo do presidente Michel Temer, o ex-ministro João Henrique admitiu, em entrevista ao jornal O DIA na manhã desta quinta-feira, que o clima no Governo do peemedebista é ruim, mas ressaltou que a denúncia feita pelo empresário Joesley Batista precisa ser apurada com cuidado.

Mesmo com fortes evidências contra Temer, ex-ministro João Henrique ainda acha que é cedo para falar em renúncia e impeachment (Foto: Elias Fontinele / Arquivo O DIA)

"Eu não vou dizer que o clima está bom. O clima está ruim, evidente. Agora, o que se está buscando é verificar, na realidade, essa questão do áudio. Como é que essa coisa foi colocada, como é que foi a conversa, como é que o presidente se manifestou, porque até esse instante o que se tem aqui é uma frase num contexto, e eu não sei como é que essa frase foi dita. A apreensão é natural que aconteça, mas é preciso verificar as coisas com bastante cuidado, no que diz respeito ao presidente Michel", afirmou João Henrique.

O ex-ministro afirma que as gravações feitas por Joesley precisam ser divulgadas para que se tenha uma posição mais efetiva do governo.

João Henrique também disse que, por enquanto, não considera a renúncia a melhor saída para o presidente Michel Temer no momento. "Não se pode aventar nenhuma solução para esse caso enquanto ele não ficar devidamente esclarecido. Toda a história está girando em torno de uma frase que o presidente haveria dito. Então, é preciso que se esclareça isso de forma detalhada para que, eventualmente, se possa ver que rumo tomar", opinou.

O ex-ministro também considera que a mesma prudência deve ser tomada pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), ao analisar os pedidos impeachment de Temer que estão sendo protocolados no Congresso.

Deputado da Rede protocolou pedido de impeachment logo após escândalo eclodir

O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou um pedido de impeachment de Michel Temer na Secretaria-Geral da Câmara Federal ainda na noite de quarta-feira, quando a delação estrondosa de Joesley Batista foi publicada na versão online do jornal O Globo e repercutiu em toda a imprensa.

O deputado Alessandro Molon (Foto: Cleia Viana / Câmara dos Deputados)

Alessandro Molon está filiado desde setembro de 2015 à Rede Sustentabilidade, partido liderado nacionalmente pela ex-senadora Marina Silva, que ficou em terceiro lugar nas duas últimas eleições presidenciais, em 2010 e em 2014.

Dentre todos os nomes de relevância que disputaram a Presidência da República com reais chances de vitória desde 2002, Marina é a única que não é investigada por envolvimento no mega-esquema de corrupção que desviou bilhões de reais da Petrobras. 

Todos os demais expoentes políticos que disputaram o Palácio do Planalto nos últimos 15 anos tiveram seus nomes citados em delações e estão sendo investigados por participação no esquema - os ex-presidentes Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT), e os tucanos Aécio Neves (PSDB), José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB).

Procurador-geral da República lamenta envolvimento de membro do MPF

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou uma carta aberta aos colegas do Ministério Público Federal informando a respeito da nova fase da operação "Lava Jato", que está fechando o cerco contra o senador mineiro Aécio Neves e contra o presidente Michel Temer.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Na carta, o PGR lamenta que o escândalo tenha alcançado um membro do MPF - o procurador da República Ângelo Goulart Villela, que teria sido "infiltrado" pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, para extrair informações da Operação Greenfield.

Deflagrada em novembro de 2016 pela Polícia Federal e pela Procuradoria da República no Distrito Federal, a operação investiga uma série de investimentos suspeitos que foram realizados por fundos de investimentos privados em conexão com fundos de pensão de servidores públicos.

Um dos casos investigados envolve a Eldorado, braço do grupo comandado pelos irmãos Joesley e Wesley Batistas.

Por: Andrê Nascimento, Ithyara Borges e Cícero Portela
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