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Odebrecht chegou a dar R$ 35 mi de propina e caixa 2 num dia, diz delator

O ex-executivo era um dos responsáveis por operar contas da empreiteira no exterior usadas para pagamento de propina e caixa dois, tanto de políticos como de executivos que queriam receber bônus fora do país.

14/03/2017 08:40

O ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio disse em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na última sexta-feira (10), que em apenas um dia a empreiteira distribuiu mais de R$ 35 milhões em dinheiro de propina e caixa dois para campanhas eleitorais.
O executivo não detalhou o dia nem o ano em que isso aconteceu. Migliaccio também não identificou para quem foi o dinheiro.
Ele disse apenas que o montante foi entregue em dinheiro vivo, pulverizado para várias pessoas.
O depoimento foi feito sob sigilo ao ministro Herman Benjamin.
Segundo informações obtidas pela reportagem, o ex-executivo contou a história desses pagamentos para mostrar a dimensão do fluxo de dinheiro que passava pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como uma espécie de "departamento de propina" da empreiteira.
O ex-executivo era um dos responsáveis por operar contas da empreiteira no exterior usadas para pagamento de propina e caixa dois, tanto de políticos como de executivos que queriam receber bônus fora do país.
Peça-chave na fase Acarajé da Operação Lava Jato, que descobriu o setor de propinas do grupo baiano, o ex-executivo é apontado como dono de uma rede de empresas offshore espalhada por diversos países.
Nos documentos da operação, os investigadores da PF listam pelo menos cinco empresas controladas por Migliaccio, abertas em locais como Ilhas Virgens Britânicas, Antígua e Panamá e contas em três bancos da Suíça.
Entre os suspeitos de receber os pagamentos, estão réus já condenados, como os ex-executivos da Petrobras Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco.
Os investigadores desconfiam que ele tivesse uma atuação "informal" na empreiteira, embora os documentos o apontem como funcionário contratado desde 1998 -um dos cargos foi o de "diretor financeiro".
Migliaccio chegou a ser preso na Suíça por conta da Lava Jato. Após a prisão, fechou acordo de delação premiada separado dos outros 77 delatores da empreiteira.
Por conta disso, houve constrangimento quando ele se encontrou com os outros delatores durante o depoimento no TSE.
CONTAS
O depoimento foi dado no âmbito do processo instaurado pelo TSE para julgar a campanha para presidente de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), seu então companheiro de chapa, em 2014.
O processo poderá, em tese, resultar na cassação do mandato de Temer.

Fonte: Folhapress
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