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Novo secretário de administração diz que prefeitura fará recadastramento

Em entrevista ao ODIA, Manoel Moura Neto fala dos cortes de gastos, otimização das despesas e lamenta que o cenário econômico não tenha previsões de melhorias a curto prazo.

09/01/2017 08:03

Recém empossado para o cargo de Secretário Municipal de Administração, o bacharel em direito Manoel Moura Neto já possuía um largo currículo na administração municipal. Já presidiu a Fundação Wall Ferraz, exerceu diversos cargos na Fundação Municipal de Saúde e na Secretaria Municipal de Saúde. Agora, terá pela frente o desafio de gerir a pasta que cuida de processos importantes na Prefeitura de Teresina, como a folha de pagamento e as licitações. Moura Neto reconhece que esse será um dos maiores desafios de sua carreira, sobretudo em um momento de queda de repasses. Em entrevista ao ODIA, ele fala dos cortes de gastos, otimização das despesas e lamenta que o cenário econômico não tenha previsões de melhorias a curto prazo. Como medidas a serem adotadas nos próximos meses, ele anuncia o recadastramento dos servidores municipais e um rígido controle fiscal para que “a Prefeitura permaneça nos trilhos” honrando os compromissos com servidores e fornecedores. Confira: 

"Temos que apertar o cinto porque a folha de pagamento não pode atrasar", diz secretário (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

Qual o principal desafio que o senhor acredita que terá a frente da Secretaria de Administração? 
A Secretaria de Administração da Prefeitura cuida, basicamente, do patrimônio da Prefeitura como um todo, parte de compras e recursos humanos, que atualmente está em torno de 24 mil servidores. É um desafio muito grande. É um quadro complexo, vários níveis de relação de trabalho: celetista, estatutário, estagiário, terceirizados. Então, o regime de trabalho é muito diversificado e isso é muito difícil de conduzir. Para o ano de 2017, nos temos tudo isso acrescentado a folha de pagamento. A nossa folha de pagamento está hoje, muito próximo daquele limite da Lei de Responsabilidade Fiscal, por conta disso, exige um cuidado muito especial para nos mantermos dentro do limite da legislação. O ano de 2017 é esperado um cenário de dificuldade financeira. A crise, como todos sabem, começou em 2015, durou em 2016, esperava-se que ela fosse amainar em 2017, mas as perspectivas dos analistas econômicos dão conta de que ela deve permanecer em 2017. Talvez lá para o final do ano ela venha a diminuir. Tudo isso é desafio para a agente enfrentar porque tanto o pagamento da folha, quanto dos contratos, são estritamente vinculados com o financeiro. A economia em queda, consequentemente, baixa de arrecadação. A Prefeitura tem registrado seguidas arrecadações em decréscimo. Isso é um complicador que temos que enfrentar com medidas de responsabilidade fiscal, contenção de gastos, mas com a preocupação de valorizar o recurso humano da Prefeitura como o maior patrimônio que ela tem. 
Secretário, o pagamento dos servidores públicos em dia é um dos principais desafios dos gestores atuais, devido à escassez de recursos. Como a Prefeitura se programado para cumprir essa pontualidade no pagamento durante 2017? 
São medidas de contenção, contingenciamento. Agora mesmo o prefeito já tem anunciado um corte de 20% nos comissionados e funções gratificadas. Então, é com corte de gastos na área de recursos humanos, vamos ter que enxugar sem perda de eficácia. E outras áreas também de custeio. Temos que apertar o cinto porque a folha de pagamento não pode atrasar. Inclusive, estivemos recentemente em uma audiência e o calendário de pagamento deve ser divulgado nos próximos dias. 
O prefeito Firmino Filho anunciou o objetivo de economizar R$ 62 milhões neste ano. Para isso, cada área precisa cortar gastos, quais os principais critérios para cortar essas despesas? 
O nosso critério principal é cortar aquilo que menos prejudica no atendimento à população. Procurar onde está sobrando alguma coisa, buscar rigor nas contratações, gastar pouco, apertar os cintos, cortar no quadro de pessoal. Esses são apenas alguns dos itens. Estamos contingenciando horas-extra, faremos um recadastramento de servidores ainda no primeiro semestre de 2017, para continuar com o bonde nos trilhos. Como sabemos, no Brasil afora, há muitas situações de descontrole. São só o que aparece. Temos centenas de municípios que estão com seus serviços essenciais prejudicados com atraso de pagamento, parcelamento. Aqui, o nosso objetivo é empregar os remédios agora para que isso não aconteça. As finanças da Prefeitura, até agora, estão equilibradas, mas estão no limite.
Apesar do cenário de crise, servidores públicos sempre reivindicam reajustes, como uma forma de valorização profissional. A Prefeitura planeja conceder aumentos neste ano? E concursos, há possibilidade de serem realizados neste ano? 
Esses dois assuntos, de reajuste e concursos, preferimos não tocar nele agora. O cenário é adverso, as perspectivas não são boas. Concurso, normalmente, precisamos fazer porque tem a renovação do quadro, devido a aposentadoria dos servidores. Mas não temos a programação de concursos. Estamos chegando agora, vamos sentar primeiro e tomar pé da situação. Existe a possibilidade de concurso, mas não podemos confirmar porque vai depender da economia, que é dinâmica. Vemos com muita preocupação o reajuste porque é muito melhor não termos do que termos atraso no pagamento. 
O senhor pretende fazer alguma auditoria na folha de pagamento ou em contratos já formulados pela Secretaria?
 Auditoria é permanente. Todo mês, antes do processamento da folha, tem que ter a conferencia da folha e aquelas que as variações saí- rem do padrão, a gente avalia para fazer avaliações. Agora, uma auditoria externa, não estamos falando ainda desse assunto, mas não está fora de cogitação. 
Hoje, quanto da receita é comprometida com a folha de pessoal? 
Em torno de 49%, não sei lhe precisar, mas estamos muito próximo do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Por isso, os reajustes terão que ser muito bem negociados para garantir a legalidade. 
Ainda em dezembro o prefeito Firmino Filho assinou decreto determinando redução de despesas entre 20 e 30% nas secretarias. Qual o prazo que os gestores terão para se adequar? 
Foi estabelecido um limite anual de despesas. Uma meta para cada grupo de despesas. O prazo é chegarmos ao final de 2017 dentro daquela meta que foi estabelecida. Não tem uma meta mensal.

A entrevista completa você confere no Jornal O Dia de hoje (9).
Por: Ithyara Borges e Mayara Martins
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