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Nova fase da Lava Jato mira suspeitos ligados a senadores do PMDB e PT

Os alvos desta etapa não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros, Eunício Oliveira e outros.

21/03/2017 10:51

Agentes da Polícia Federal cumprem, na manhã desta terça-feira (21), mandados de busca e apreensão autorizados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em nova fase da Operação Lava Jato. Alguns alvos estão em Pernambuco, dois mandados são cumpridos na Bahia e há também ação no Distrito Federal.

Os alvos desta etapa não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), ex-presidente de Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), atual presidente do Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO) e Humbeto Costa (PT-PE).

Esta fase não tem relação com a delação de executivos da empreiteira Odebrecht, ainda sob análise do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

Os alvos desta etapa não são políticos, mas pessoas ligadas aos senadores (Fotos: Agência Senado)
Agentes foram a um edifício na avenida Boa Viagem, na orla da zona sul do Recife. Em entrevista à "Rádio Jornal", o chefe de Comunicação da Polícia Federal de Pernambuco, Giovani Santoro, afirmou que os mandados foram expedidos pelo Supremo após uma solicitação do MPF (Ministério Público Federal).

Santoro disse ainda que não poderia dar mais detalhes porque a ação corre em segredo de justiça. O material apreendido deve ser levado para análise em Brasília.

Segundo o jornal "A Tarde", agentes estiveram no condomínio de luxo Reserva Albalonga, localizado no Horto Florestal, bairro nobre de Salvador. Dois carros da PF deixaram o local por volta das 8h50. O alvo da ação não foi divulgado pela Polícia Federal. 

Eunício Oliveira

Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", um dos alvos da operação de hoje é a empresa Confederal, no Distrito Federal, ligada a Eunício Oliveira.

Eunício Oliveira está na mira da Lava Jato. Em acordo de delação premiada, o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que a construtora pagou R$ 7 milhões a parlamentares para garantir a aprovação de uma medida provisória de interesse da companhia no Congresso.

Nas planilhas de pagamento de propina, Eunício é identificado como "Índio". O presidente do Senado disse, na época da divulgação das delações, que "jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos ou apresentação de emendas legislativas".

Humberto Costa

Em Pernambuco, outro alvo da operação de hoje é Mário Barbosa Beltrão, empresário ligado a Humberto Costa.

Segundo reportagens dos jornais "O Estado de S. Paulo" e "Folha de S.Paulo", ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em depoimento à Justiça que Humberto Costa recebeu R$ 1 milhão do esquema de desvio de recursos da estatal para a campanha de 2010. O delator disse que Beltão foi quem solicitou o dinheiro. À época, os dois negaram as acusações.

A campanha de Humberto Costa ao governo pernambucano em 2006 também é alvo da Lava Jato. Segundo outro ex-gerente da Petrobras, foram feitos dois cheques: um de R$ 6 milhões para a Schahin Construtora e outro de R$ 8 milhões para a Odebrecht. Esses R$ 14 milhões foram destinados à campanha de Costa. O empresário Mário Beltrão seria o arrecadador financeiro do senador.

Renan Calheiros

Atual líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros é alvo da Lava Jato em função da suspeita de ter recebido R$ 800 mil em propina por meio de doações da empreiteira Serveng. Em troca dos valores, os parlamentares teriam oferecido apoio político Paulo Roberto Costa, que mantinha a Serveng em licitações da estatal.

Foram identificadas duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil em 2010, operacionalizadas por um diretor comercial da Serveng, também denunciado. A denúncia aponta ainda que esses valores seguiram do Diretório Nacional do PMDB para o Comitê Financeiro do PMDB de Alagoas e deste para Renan Calheiros, mediante diversas operações fracionadas, como estratégia de lavagem de dinheiro.

Renan já é réu perante o STF em uma ação penal e alvo de outros 11 inquéritos. Ele nega todas as acusações.

Valdir Raupp

Valdir Raupp já é réu no Supremo. Ele responde à acusação da PGR (Procuradoria Geral da República) sobre os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A acusação da PGR é de que os R$ 500 mil doados oficialmente pela construtora Queiroz Galvão à campanha de Raupp ao Senado em 2010 seriam "propina disfarçada" e que teriam origem no esquema de corrupção estabelecido na Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

Em agosto de 2016, a 33ª fase da Lava Jato - autorizada pelo juiz federal Sérgio Moro - investigou alvos de crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro em Pernambuco. Na ocasião, o alvo foi a construtora Queiroz Galvão e os executivos ligados à construtora Ildefonso Colares e Othon Zanoide foram presos.

Fonte: UOL
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