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Mulheres repudiam vereadores: 'contribuem para as violências de gênero'

Para as estudiosas, existe um verdadeiro obscurantismo e atraso por parte dos vereadores que se colocam contra o debate das questões de gênero nas escolas

29/03/2016 10:42

Cinco mulheres que formam o grupo de pesquisa SEXGEN – Sexualidade, Corpo e Gênero, lançaram uma nota de repúdio aos vereadores de Teresina que se colocam contra as discussões de gênero nas escolas municipais. Assinaram o manifesto a advogada Ana Carolina Fortes, as jornalistas e professoras Kelma Gallas e Clarissa Carvalho, bem como as estudiosas Daiany Caroline Santos e Pâmela Laurentina.

Ontem, o PortalODIA publicou uma matéria mostrando que os vereadores pretendem retirar alguns livros que já estão sendo utilizados em sala de aula, por julgarem seu conteúdo inadequado. Uma das publicações alvo de questionamentos é o livro “Porta Aberta”, de Ciências Humanas e da Natureza para estudantes do 1º ano. Uma questão trata sobre as diferentes constituições de famílias e pede que a criança marque o “x” na foto que ilustra como é a sua. A imagem mostra famílias formadas por negros, por dois pais, por apenas uma mãe, entre outros exemplos.


Veja a nota na íntegra


Para o grupo de mulheres e estudiosas das questões de gênero, existe um verdadeiro obscurantismo e atraso por parte dos vereadores ao “tentar impedir que crianças em idade escolar possam ter acesso a discussões sobre fatos tão relevantes para a sua formação como cidadãos e cidadãs, e também para o melhor entendimento e solução das questões relativas às diversas formas de violência de gênero na nossa sociedade”.

A atitude dos parlamentares ao aprovar um projeto de lei que proíbe a utilização de qualquer material que “inclua em seu conteúdo informações sobre a prática da orientação ou opção sexual, da igualdade e desigualdade de gênero, de direitos sexuais e reprodutivos, da sexualidade polimórfica, da desconstrução da família e do casamento, ou qualquer manifestação da ideologia de gênero”, foi comparada às atitudes típicas da Idade Média.

A nota ainda critica a falta de conhecimentos dos vereadores a respeito do tema e afirma que eles contribuem para a perpetuação das violências de gênero, ao negar a diversidade e invisibilizar parte da população que não se enquadra nos preceitos heteronormativos. “E mais: excluir essa discussão configura-se também como exercício de violência simbólica contra famílias, contra crianças, contra cidadãos e cidadãs”, diz a nota.

As mulheres concluem o texto com a hashtag #vetafirmino, pedindo que o prefeito de Teresina “vete o Projeto de Lei n° 20/2016, a fim de construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todos”.


Por: Nayara Felizardo
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