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Marqueteiro João Santana, mulher e mais 4 são condenados na Lava Jato

De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), parte da propina paga a partir do esquema de corrupção existente na Petrobras foi destinada ao PT para pagar serviços eleitorais.

02/02/2017 14:37

O juiz federal Sérgio Moro condenou o marqueteiro João Santana, a mulher dele em um processo da 23ª fase da Lava Jato por lavagem de dinheiro e os absolveu do crime de corrupção. Outros quatro réus também foram condenados por crimes como corrupção ativa e passiva e organização criminosa. A decisão foi publicada nesta quinta-feira (2).

João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, foram alvos da Operação Lava Jato, pela primeira vez, na 23ª fase, deflagrada em fevereiro de 2016. Esta etapa recebeu o nome de Acarajé, que era como os suspeitos se referiam ao dinheiro irregular, de acordo com a Polícia Federal (PF).

O marqueteiro João Santana (Foto: Paulo Pinto / Divulgação)

De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), parte da propina paga a partir do esquema de corrupção existente na Petrobras foi destinada ao Partido dos Trabalhadores (PT) para pagar serviços eleitorais.

João Santana foi marqueteiro nas campanhas presidenciais dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

"A lavagem encobriu a utilização de produto de corrupção para remuneração de serviços eleitorais, com afetação da integridade do processo político democrático, o que reputo especialmente reprovável. Talvez seja essa, mais do que o enriquecimento ilícito dos agentes públicos, o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobrás, a contaminação da esfera política pela influência do crime, com prejuízos ao processo político democrático", afirmou Moro na sentença.

Na decisão, o magistrado ainda citou que o marqueteiro e a mulher dele confessaram em juízo as transferências, o contato com Zwi Skornick e João Vaccari e também os artifícios para ocultação e dissimulação das transferências como a utilização de conta off-shore no exterior e a simulação de contrato de prestação de serviços para conferir aparência lícita às transferências.

Veja quem são os condenados, crimes e penas

- João Cerqueira de Santana Filho - marqueteiro: 8 anos e quatro meses, lavagem de dinheiro

- Mônica Regina Cunha Moura - mulher de João Santana: 8 anos e quatro meses, lavagem de dinheiro

- Zwi Skornicki - operador: 15 anos, 6 meses e 20 dias, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, e organização criminosa

- João Vaccari Neto - ex-tesoureiro do PT: 10 anos, corrupção passiva

- João Carlos de Medeiros Ferraz - ex-diretor da Sete Brasil: 8 anos e 10 meses, corrupção passiva e organização criminosa.

- Eduardo Costa Vaz Musa - ex-gerente da Petrobras: 8 anos e 10 meses, corrupção passiva e organização criminosa.

Zwi Skornicki, Eduardo Musa e João Vaccari Neto foram absolvidos do crime de lavagem de dinheiro; João Santana e Mônica Moura foram absolvidos do crime do crime de corrupção passiva.

Da lista dos condenados, três são colaboradores operação: Skornicki, Ferraz e Musa. Por este motivo, têm a pena reduzida.

Moro também determinou um novo mandado de prisão preventiva contra João Vacari Neto.

O ex-tesoureiro do PT já está preso no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com o juiz, ele não poderá recorrer em liberdade, caso consiga revogar a prisão anterior. Os demais condenados poderão recorrer em liberdade.

Bloqueios e reparação de dano

A Justiça Federal decretou o bloqueio do patrimônio do casal até o montante de US$ 4,5 milhões. "Considerando que a vantagem indevida recebida por Mônica Regina Cunha Moura e João Cerqueira de Santana Filho foi depositada em conta no exterior, tornando díficil a recuperação dos valores".

Quanto à reparação dos danos decorrentes do crime, o juiz Sérgio Moro se ateve ao valor de US$ 30,4 milhões porque, de acordo com ele, não está claro o valor de propina pago a partir dos contratos suspeitos na Petobras e na Sete Brasil.

“Não estando clara a parte paga, é inviável considerar o montante pactuado para a indenização, restringindo este Juízo o valor mínimo aos referidos USD 30.418.622,23, sem prejuízo de liquidação dos danos superiores”.

O que dizem as defesas

"Essa decisão conserta parcialmente uma injustiça porque absolve o meu cliente da corrupção, mas nós temos a expectativa de que nas instâncias superiores, a injustiça possa ser desfeita por completo absolvendo ele, inclusive, do crime de lavagem de dinheiro", disse o advogado Fábio Tofic, que representa João Santana.

A defesa de Mônica Moura, representada pelo advogado Juliano Campelo Prestes, disse que o juiz Sérgio Moro, através da sentença, corrigiu uma das injustiças que era imposta contra a sua cliente. "Isso justamente com relação a imputação do crime de corrupção. A outra injustiça, com relação à lavagem de dinheiro, nós vamos tentar corrigir mediante recurso no Tribunal Federal".

A defesa de Zwi Skornicki disse que vai se manifestar apenas nos autos do processo.

O advogado de João Carlos de Medeiros Ferraz e Eduardo Costa Vaz Musa, Luiz Gustavo Flores, disse que a defesa recebe a sentença com naturalidade. "Os fatos são abrangidos no acordo de colaboração que ambos celebraram e que auxiliaram na investigação, inclusive, reconhecido em sentença".

Fonte: G1
Por: Adriana Justi e Bibiana Dionísio
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