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Governo não perderá tempo com PEC para prejudicar 'Sistema S', avalia Valdeci

Vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio diz que se ameaça de Paulo Guedes se confirmar as ações das entidades do sistema no Piauí serão reduzidas consideravelmente.

19/12/2018 14:06

O empresário e advogado Valdeci Cavalcante, vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), diz não estar preocupado com a ameaça de corte nos repasses feitos ao chamado Sistema S, conjunto de organizações voltadas para o treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica oferecidos gratuitamente ou a baixo custo para a população em geral e para funcionários de empresas de diversos setores da economia. 

Na última segunda-feira (17), o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve realizar um corte de 30% a 50% nos repasses destinados para as entidades do Sistema S, ressaltando que é preciso haver um sacrifício de toda a sociedade para que a economia do país seja recuperada. "Como é que você pode cortar isso, cortar aquilo e não cortar o Sistema S? Tem que meter a faca no Sistema S também", afirmou Guedes.

Valdeci Cavalcante, por sua vez, lembra que a própria Constituição Federal prevê, em seu artigo 240, a manutenção das contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional.

Sendo assim, acrescenta Valdeci, apenas uma proposta de emenda constitucional poderia reduzir os percentuais desses repasses. "Eu acredito que o governo não vai perder tempo tentando aprovar uma emenda à Constituição para prejudicar as entidades do Sistema S, que hoje oferecem capacitação profissional e assistência social, que o poder público não consegue oferecer. Além disso, essas contribuições não são do Governo Federal. São feitas pelos próprios empresários para as suas entidades. O governo não tem nada a ver com esse dinheiro. Portanto, não faz sentido mexer num setor que está funcionando muito bem", avalia Cavalcante.

Mesmo sem acreditar que o corte nos repasses será, de fato, realizado pelo governo Bolsonaro, Valdeci alerta que as ações das entidades do Sistema S precisarão ser reduzidas significativamente no Piauí e nos demais estados brasileiros caso a ameaça de Paulo Guedes se confirme. "Nós estamos presentes em 17 municípios, e devemos encerrar em pelo menos sete [se os cortes forem feitos]. Teremos que demitir pelo menos trezentas pessoas e que reduzir os alunos do Senac de 75 mil para em torno de 40 mil", calcula.

Paulo Guedes foi 'grosseiro' ao menosprezar importância da classe empresarial

O vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio considera que o ministro Paulo Guedes foi "grosseiro" ao menosprezar a importância dos empresários.

"Quando você pensa em organizar uma classe para investir no país, você busca a classe empresarial, vai buscar quem tem dinheiro para investir. E as pessoas que estão precisando de emprego também agradecem essa classe, porque não existe empregado sem empregador. O empregado sofre quando o empregador passa por dificuldades. Nós estamos com 14 milhões de desempregados e temos um déficit fiscal de 140 bilhões de reais. Então, num país que precisa gerar emprego, que precisa gerar impostos, o empresariado tem que ser massageado, tratado com carinho e estimulado, senão ele não vai investir. Agora, o ministro foi infeliz. O ministro está jogando pra imprensa. Não tem sentido esse tratamento que o ministro está dando à classe empresarial. Tem que ter respeito, porque se não tiver respeito gera uma desconfiança. E se gerar desconfiança ninguém vai investir", afirma Valdeci Cavalcante. 

Ele lembra que algumas das entidades do Sistema S foram criadas há cerca de 70 anos, logo após a II Guerra Mundial, com a função de formar mão-de-obra qualificada para atuar nas empresas de imigrantes que vieram da Europa, do Oriente Médio e da Ásia. Tiveram, portanto, um papel essencial no desenvolvimento do país ao longo das últimas décadas, observa Valdeci.

Fazem parte do sistema S: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai); Serviço Social do Comércio (Sesc); Serviço Social da Indústria (Sesi); e Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac). Existem ainda os seguintes: Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop); e Serviço Social de Transporte (Sest).

Por: Cícero Portela
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