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Gleisi e Lindbergh dizem que Governo Temer 'acabou' e defendem 'Diretas Já!'

Senadores do PT vieram a Teresina nesta sexta-feira para participar de evento organizado pelo diretório estadual da sigla.

26/05/2017 12:56

Os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann, ambos do PT, desembarcaram em Teresina por volta das 12h30 desta sexta-feira (26). Eles participam de um evento organizado pelo diretório estadual do partido, com o intuito de discutir quais medidas devem ser tomados pela sigla neste momento de grave crise política e institucional por que passa o país.

"Eu acho que esse governo [Temer] acabou, e não tem saída que não seja por eleição direta. Com eleição indireta nós não vamos resolver o problema da crise política brasileira, porque vamos continuar tendo um presidente fraco", afirmou Lindbergh, em entrevista concedida no saguão do Aeroporto Petrônio Portella.

O senador Lindbergh Farias fala a jornalistas no Aeroporto de Teresina (Fotos: Assis Fernandes / O DIA)

Os senadores disseram que o PT e outros partidos da oposição vão organizar nas próximas semanas uma grande campanha por todo o país, realizando comícios diariamente em capitais e outras grandes cidades de todas as unidades da federação.

"Nós vamos ter um grande ato no próximo domingo, no Rio de Janeiro. Será o primeiro grande ato nacional pelas eleições diretas, com a presença de Caetano Veloso, de Criolo, Mano Brown, e nós achamos que vai haver mais de cem mil pessoas participando", afirmou Lindbergh.

Os senadores também disseram que a oposição ao Governo de Michel Temer (PMDB) vai fazer o que for possível para derrubar a Reforma da Previdência e evitar que a Reforma Trabalhista seja aprovada do jeito que passou na Câmara Federal.

Os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann desembarcaram em Teresina por volta das 12h30 desta sexta-feira (Fotos: Assis Fernandes / O DIA)

As duas reformas são consideradas por especialistas extremamente nocivas aos trabalhadores brasileiros. A da Previdência ainda não foi apreciada em nenhuma das Casas do Congresso, enquanto a Trabalhista já foi aprovada pelos deputados federais e agora está em tramitação no Senado.

"A Reforma da Previdência já acabou. A Reforma Trabalhista é que a gente quer modificar no Senado, porque não é necessário um quórum qualificado. Agora, a Previdenciária já era!", afirmou Lindbergh Farias.

Além de defender a campanha pelas "Diretas já!", os dois senadores petistas admitiram que o partido tem fomentado a intenção de lançar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como candidato à Presidência numa eventual eleição direta antecipada, em caso de queda do atual presidente.

A senadora Gleisi Hoffmann defende a suspensão das reformas Trabalhista e Previdenciária (Fotos: Assis Fernandes / O DIA) 

"Na realidade, a única saída que nós temos pra essa crise é o voto popular. O governo [Temer] já acabou. Eles estão tentando fazer um arranjo pra continuar. Mas nós não temos outra saída que não seja a eleição direta, que deve ser aprovada por meio de uma emenda constitucional. Para isso, eu acho que o Congresso tem que suspender todas as reformas [Trabalhista e Previdenciária]", afirmou Gleisi Hoffmann.

Mesmo ainda sendo minoria no Congresso Nacional, a senadora petista pelo estado do Paraná diz acreditar que a oposição terá, sim, força para barrar as reformas propostas pelo Governo Temer.

"Vamos tentar de todos os jeitos. Já conseguimos esta semana bagunçar essa ideia de que estava tudo normal e que teríamos que aprovar a Reforma Trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A tramitação dessa reforma não pode continuar. O Brasil não está bem para isso", opinou Gleisi.

Evolução da economia é uma farsa, segundo senadora

A senadora também afirmou que é ilusória essa dita melhoria na economia brasileira que vem sendo apontada pelo presidente Michel Temer e por integrantes de sua equipe econômica. "Não é verdade que a economia estava sendo recuperada. Recuperada pra quem? Na realidade, esse avanço não está sendo percebido pela grande parte da população brasileira. Nós continuamos com 14 milhões de desempregados. Estamos com uma série de problemas na área social. Então, o que eles querem é uma pacificação, para o andar de cima continuar bem. Com isso a gente não vai concordar", concluiu Gleisi.

Tanto Gleisi quanto Lindbergh são candidatos à presidência do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores, cuja eleição interna acontecerá no início de junho.

Acordo entre Lula, FHC e José Sarney

Os senadores Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann também negaram enfaticamente que Lula estaria articulando com os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e José Sarney (PMDB) para indicar um nome de consenso que assumira a Presidência da República por meio de eleições indiretas no Congresso, caso os desdobramentos da crise culminem com a queda de Michel Temer.

A senadora Regina Sousa (PT) e o deputado federal Assis Carvalho (PT) foram ao aeroporto recepcionar Gleisi e Lindbergh (Fotos: Assis Fernandes / O DIA)

A informação foi publicada nesta quinta-feira pelo jornal Folha de São Paulo. O caminho mais rápido para as eleições indiretas seria a cassação da chapa Dilma Rousseff - Michel Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O julgamento teve início em abril e deve ser retomado no início de junho, podendo haver um acórdão da Corte ainda no mesmo mês.

A chapa Dilma - Temer é acusada de ter recebido doações ilegais da empreiteira Odebrecht para a campanha de 2014, por meio do chamado caixa 2. O crime foi revelado em delação feita pelo próprio presidente da empresa, Marcelo Odebrecht. 

Cerca de 20 militantes do PT foram ao aeroporto receber senadores do Rio de Janeiro e do Paraná (Fotos: Assis Fernandes / O DIA)

Lava Jato

Também citados por delatores ouvidos na Operação Lava Jato, os senadores disseram que estão à disposição da Justiça, mas exigem a aplicação do devido processo legal, com a garantia do contraditório e da ampla defesa.

Os senadores também opinaram que nas investigações da Lava Jato sempre se observou uma perseguição ao PT e aos políticos filiados à sigla. Segundo eles, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal mantêm uma postura muito mais rigorosa em relação aos petistas investigados, em comparação com os políticos filiados a outras legendas partidárias.

Gleisi e seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, são alvos de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), na qual são acusados do recebimento de uma doação ilegal de R$ 1 milhão para a campanha da petista ao Senado, no ano de 2010. No processo, eles respondem pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Já Lindbergh Farias foi acusado de ter recebido da Odebrecht um total de R$ 4,5 milhões não declarados à Justiça Eleitoral nas campanhas de 2008 e 2010. A grave acusação foi feita à força-tarefa da Lava Jato por meio de uma delação premiada de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da construtora.

Em abril deste ano, o ministro do STF Edson Fachin determinou a abertura de um inquérito contra o senador petista.

Por: Cícero Portela
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