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Ex-diretor da Odebrecht afirma a Moro que Antônio Palocci era o 'Italiano'

Fernando Sampaio Barbosa prestou depoimento nesta segunda-feira (6). Ação penal é oriunda da 35ª fase da Lava Jato, em que Palocci é réu.

06/03/2017 15:23

Uma das testemunhas ouvidas na manhã desta segunda-feira (6), por videoconferência com São Paulo (SP), afirmou ao juiz federal Sérgio Moro – responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância – que o apelido "Italiano" era uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci, preso pela Lava Jato em setembro de 2016.

"A gente sabia que o 'Italiano' era o Palocci", disse o engenheiro civil Fernando Sampaio Barbosa, que trabalhou como diretor na Odebrecht. Ele foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente da Odebrecht S.A., Marcelo Odebrecht.

"A gente sabia quem?", perguntou Sérgio Moro. "Eu sabia. Eu tinha sido informado pelo Márcio Faria [ex-diretor da Odebrecht, já condenado na Operação Lava Jato]", relatou Fernando Sampaio Barbosa.

A pergunta do juiz federal abordava um e-mail enviado por Marcelo Odebrecht e que tinha Fernando Sampaio Barbosa como um dos destinatários.

Conforme a força-tarefa da Operação Lava Jato, o setor de Operações Estruturadas da Odebrecht pagava propina para agentes públicos. Ainda segundo as investigações, "Italiano" se referia a AntônioPalocci.

Fernando Sampaio Barbosa não soube dizer porque o ex-ministro era chamado de "Italiano" e não pelo nome. Ele ainda contou que não conhece Antônio Palocci pessoalmente e que nunca tratou assuntos com ele.

A defesa do ex-ministro refutou as acusações e afirmou que Antônio Palocci é inocente. A Odebrecht reafirmou o compromisso de colaborar com a Justiça. O Partido dos Trabalhadores (PT) reiteirou que todas as doações recebidas ocorreram dentro da legalidade e foram posteriormente declaradas à Justiça.

Audiências desta segunda-feira

Ao todo, sete pessoas foram ouvidas e uma não compareceu à audiência na manhã desta segunda-feira. Duas testemunhas foram arroladas pela defesa do empresário Marcelo Odebrecht e o restante, pela defesa do ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic.

Marcelo Odebrecht e Antônio Palocci acompanharam as oitivas. Em geral, os advogados dos investigados da Lava Jato pedem a dispensa dos clientes das audiências com as testemunhas e o juiz autoriza. Todavia, os dois optaram por estar presentes.

De acordo o Ministério Público Federal (MPF), há evidências de que o Palocci e Branislav Kontic receberam propina para atuar em favor da Odebrecht, entre 2006 e o final de 2013, interferindo em decisões tomadas pelo governo federal.

Neste processo, Antônio Palocci responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Marcelo Odebrecht está detido desde junho de 2015 pela Operação Lava Jato, além de já ter sido condenado por crimes como lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção ativa, responde a outras ações penais oriundas da Lava Jato, como a deste processo.

Também há oitivas marcadas para esta tarde. A partir das 15h30, Sérgio Moro ouve mais uma testemunha arrolada por Kontic e outra pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque.

'Italiano'

A 35ª fase surgiu de uma planilha que foi apreendida na 23ª fase da Lava Jato, chamada de Acarajé, na qual foram presos o publicitário João Santana e sua mulher, Monica Moura, que fizeram campanhas eleitorais para o PT – ambos já condenados pela operação.

De acordo com o MPF, a planilha mostra valores ilícitos repassados a Palocci tanto em período de campanha quando fora dele. A planilha era chamada de “Posição Programa Especial Italiano” e usava, segundo investigadores, o termo “italiano” como codinome para se referir ao ex-ministro.

A 35ª etapada da Lava Jato foi chamada de Omertà, em referência a um código de honra da máfia italiana, que fazia um voto de silêncio perante autoridades. A polícia diz que o silêncio que imperava no Grupo Odebrecht foi quebrado por Maria Lúcia Tavares, do "setor de operações estruturadas", o que permitiu o aprofundamento das investigações. A ex-funcionária da Odebrecht teria ajudado a revelar a quem se referia o codinome "italiano" – Antonio Palocci.

"Conforme planilha apreendida durante a operação, identificou-se que entre 2008 e o final de 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci. Remanesceu, ainda, em outubro de 2013, um saldo de propina de R$ 70 milhões, valores estes que eram destinados também ao ex-ministro para que ele os gerisse no interesse do Partido dos Trabalhadores", diz o MPF. 

Fonte: G1
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