O DIA conversou com a senadora petista Regina Sousa, que
compõe a bancada em defesa do retorno da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ao mandato. A senadora, que peside o
Partido dos Trabalhadores no Piauí, falou que partido planeja
eleger pelo menos 40 prefeitos no Piauí, defendeu as manifestações contra deputados que votaram a favor do afastamento de
Dilma e chamou atenção para pontos no Congresso que, segundo ela, atrapalham os trabalhadores, a saúde e educação. A senadora aproveitou a oportunidade para criticar o que chamou de
seletividade da imprensa nacional e do poder judiciário contra
o Partido dos Trabalhadores.
Regina evita polêmica sobre as alianças e candidatura do PT para a Prefeitura de Teresina (Foto: Arquivo O Dia)
A senhora disse que alguns
senadores mudaram de posição e que votarão contra o
impeachment. A quantidade
será suficiente para evitar
o afastamento definitivo de
Dilma?
Nós estamos na comissão
de orçamento e está muito
claro que não houve crime de
responsabilidade. Então, se o
Congresso cassar a Dilma é,
puramente, por questões políticas porque juridicamente
é insustentável a tese. Ela não
aumentou despesa, não ultrapassou a meta fiscal, ela remanejou recurso de onde estava
sobrando dinheiro. É só isso!
Isso não é crime. Então, não
se sustenta a tese, mas politicamente está decidido assim.
Ninguém menos que Gilmar
Mendes disse essa frase, quando questionado por uma repórter sobre o que ele achava
do processo de impeachment.
Ele disse: o processo é político.
Se a Dilma tivesse cometido o
crime, se tivesse ficado, flagrantemente provado que ela cometeu o crime e se ela tivesse
os 172 deputados, ela não teria
sido processada. Essa frase é do
Gilmar Mendes, que é Ministro do Supremo. Por isso que
a gente acha que pode mudar
porque tem alguns senadores
que temos certeza que têm
bom senso. Eles agora estão
tendo oportunidade de ouvir
as testemunhas que estão indo
lá e mostrando que não teve
crime nenhum. E a gente agora está defendendo também a
tese do plebiscito, porque tem
muita gente que está dizendo
que agora não quer nem Dilma
e nem Temer e se Dilma voltar
ela também terá muita dificuldade de governabilidade e ela
também admite isso. Vamos
botar para o povo decidir. Agora, aquele congresso cheio de
máculas, fica muito feio se eles
afastarem uma presidente que
foi eleita, legitimamente, pelo
povo.
Com o avanço das investigações, o PT tem sofrido muitas baixas em sua imagem.
Como a senhora avalia que
está a imagem do partido
diante da sociedade? Até
onde o cenário atual tem
causado estragos na imagem
do PT?
Elas fazem um estrago grande na imagem do partido, mas
como o PT é um partido ideológico ele vai sobreviver. Se
fosse outro partido sem ideologia, ele ia acabar e mudaria de
nome. Tem partido aí que já tiveram cinco nomes, são as mesmas pessoas e o PT sobrevive
porque tem raízes, inserção
nos movimentos sociais. Mas é
claro que perde. Não estou dizendo que não cometeu erros,
é claro que cometeu. Agora
qual é o problema: é que todos cometeram. O problema é
que o PT copiou dos outros. O
caixa 2 é uma questão secular,
histórica no Brasil. Enquanto
os partidos não admitirem que
fazem caixa 2, e se comprometerem a não fazer mais, podem
liquidar o PT, mas os outros estão fazendo. E outro problema
é que a Justiça é seletiva. Ela só
avança sobre o PT. O governo
Temer tem 11 ministros implicados, mas abafam. Então essa
operação foi para fortalecer o
governo interino.
O PT tem colocado em prática essa estratégia de criticar
o poder judiciário e a imprensa por uma suposta atuação seletiva contra o partido.
Em que a sigla se baseia tanto
para utilizar essa versão?
Nosso partido faz um estudo
que mostra o tempo destinado
pela grande imprensa a noticiar fatos positivos e negativos
do PT e de outros partidos. E
quando é pra criticar algo ligado
ao PT são os jornais quase todos.
O Poder Judiciário apressa todos
os processos que envolvem o PT.
Qual a razão de espetacularizar
esse caso do Paulo Bernardo e
tantos outros? Com certeza é dar
conteúdo para as revistas do final
de semana, que devem estar sem
pauta. Invadiram a casa de uma senadora, tinha crianças e adolescentes, a casa dela é oficial, do Senado
e sem ordem do Supremo. Porque
não prenderam o Eduardo Cunha
e sua esposa, que já está tudo provado? A equipe do juiz Moro saiu
com a desfaçatez de dizer que
já tinham procurado notificar a
mulher do Cunha e não acharam.
Além de declarar incompetência, eles acham o Paulo Bernardo.
Isso é seletividade. A mulher do
Cunha se não foi achada, porque
não mandaram prender? Se não
acham ela é porque está fugindo.
Ela não é parlamentar, não tem
imunidade, nem foro privilegiado,
porque ela não foi presa? Se ela
fosse do PT já tinha sido.
A deputada Iracema Portela votou a favor do impeachment da
presidente Dilma e a militância
que defende Dilma vem protestando contra ela, chamando-a
de golpista e inclusive, chegou
a impedir uma audiência no plenário da Alepi. A senhora concorda com estes protestos? E
sua relação com Ciro Nogueira
e outros que votaram a favor do
impeachment, como está?
O limite cada pessoa é que faz,
mas que as manifestações são legítimas são. As pessoas estão inO DIA conversou com a senadora petista Regina Sousa, que
compõe a bancada em defesa do retorno da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ao mandato. A senadora, que peside o
Partido dos Trabalhadores no Piauí, falou que partido planeja
eleger pelo menos 40 prefeitos no Piauí, defendeu as manifestações contra deputados que votaram a favor do afastamento de
Dilma e chamou atenção para pontos no Congresso que, segundo ela, atrapalham os trabalhadores, a saúde e educação. A senadora aproveitou a oportunidade para criticar o que chamou de
seletividade da imprensa nacional e do poder judiciário contra
o Partido dos Trabalhadores.
dignadas. Até pouco tempo atrás
a gente perdia e sofria com isso.
Faziam escracho com a gente nos
aeroportos, restaurantes. Uma vez
cheguei no aeroporto de Brasília
e tinha um corredor polonês pra
mim. Inclusive esse grupo da camisa da CBF se desencantou. Não
colocaram mais a cara nas ruas e
nem nas redes. E o nosso povo
após ver uma injustiça contra a
presidente Dilma tem se mostrado
atuante, estão nas ruas e os protestos estão nos shows, nas ruas, nos
campos de futebol. Consideramos
que foi um golpe, por isso, golpista
consideramos um adjetivo. Agora,
isso não afeta nossa relação com
ninguém. No parlamento estamos
juntos trabalhando e discutindo
as coisas. Agora, é um direito que
a militância tem de brigar para
reverter votos e mudar o cenário.
Essas coisas são naturais dos movimentos sociais que são organizados e por isso atuam. Diferente daquele outro que era uma manada
de gente na rua, por isso morreu.
Devem estar envergonhados porque diziam que tava combatendo
a corrupção e agora não estamos
mais combatendo um governo
cheio de corrupto. Todos os movimentos são legítimos. Agora se um
ou outro exagera, aí é uma questão
pessoal, não é uma orientação partidária.
O PT se decepcionou com as
alianças que fez com partidos
como PMDB, PP, PSD. Essa política de coalisão ela decepcionou o PT e como ele pensa formar alianças daqui pra frente?
Está provado que neste país o
presidencialismo de coalisão não
dá certo. Agora não é questão do
partido A ou B, é uma questão de
cultura política do país. Nós não
temos cultura política de partido.
Partido tem que ser ideias. No
PT nós somos 10 senadores e se
a gente decidir que vai votar sim,
todo mundo tem que votar sim.
Se liberar a bancada, cada um vota
de acordo com sua posição, mas
sempre por deliberação do partido. Isso é fortalecer as siglas. Mas
no Brasil não é assim. O governo
Dilma tinha vários partidos aliados, mas cada parlamentar votava
como queria. Então, enquanto
não tivermos partido forte, não
vamos ter uma democracia. Nossa
democracia é nova e se continuar
nesse rumo podemos ir pra uma
ditadura de novo. É preciso fortalecer os partidos. Hoje as alianças
se dão em torno de pessoas, e às
vezes recebe uma pessoa mas vem
outra com ela que vai pro governo
trabalhar contra o governo, que
foi o que a Dilma sofreu. Alguns
diziam que votaram pelo impeachment porque o partido decidiu,
mas lembraram do partido só naquela hora. Nunca se lembraram
de fidelidade partidária em outros
momentos. Eu chamo isso de
oportunismo.
Você confere a entrevista completa na edição de hoje (27) do Jornal O Dia.
Por: João Magalhães - Jornal O DIA