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"Está havendo um desmonte do estado brasileiro e ninguém está percebendo"

A senadora aproveitou a oportunidade para criticar o que chamou de seletividade da imprensa nacional e do poder judiciário contra o Partido dos Trabalhadores.

27/06/2016 08:58

O DIA conversou com a senadora petista Regina Sousa, que compõe a bancada em defesa do retorno da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ao mandato. A senadora, que peside o Partido dos Trabalhadores no Piauí, falou que partido planeja eleger pelo menos 40 prefeitos no Piauí, defendeu as manifestações contra deputados que votaram a favor do afastamento de Dilma e chamou atenção para pontos no Congresso que, segundo ela, atrapalham os trabalhadores, a saúde e educação. A senadora aproveitou a oportunidade para criticar o que chamou de seletividade da imprensa nacional e do poder judiciário contra o Partido dos Trabalhadores. 

Regina evita polêmica sobre as alianças e candidatura do PT para a Prefeitura de Teresina (Foto: Arquivo O Dia)

A senhora disse que alguns senadores mudaram de posição e que votarão contra o impeachment. A quantidade será suficiente para evitar o afastamento definitivo de Dilma? 
Nós estamos na comissão de orçamento e está muito claro que não houve crime de responsabilidade. Então, se o Congresso cassar a Dilma é, puramente, por questões políticas porque juridicamente é insustentável a tese. Ela não aumentou despesa, não ultrapassou a meta fiscal, ela remanejou recurso de onde estava sobrando dinheiro. É só isso! Isso não é crime. Então, não se sustenta a tese, mas politicamente está decidido assim. Ninguém menos que Gilmar Mendes disse essa frase, quando questionado por uma repórter sobre o que ele achava do processo de impeachment. Ele disse: o processo é político. Se a Dilma tivesse cometido o crime, se tivesse ficado, flagrantemente provado que ela cometeu o crime e se ela tivesse os 172 deputados, ela não teria sido processada. Essa frase é do Gilmar Mendes, que é Ministro do Supremo. Por isso que a gente acha que pode mudar porque tem alguns senadores que temos certeza que têm bom senso. Eles agora estão tendo oportunidade de ouvir as testemunhas que estão indo lá e mostrando que não teve crime nenhum. E a gente agora está defendendo também a tese do plebiscito, porque tem muita gente que está dizendo que agora não quer nem Dilma e nem Temer e se Dilma voltar ela também terá muita dificuldade de governabilidade e ela também admite isso. Vamos botar para o povo decidir. Agora, aquele congresso cheio de máculas, fica muito feio se eles afastarem uma presidente que foi eleita, legitimamente, pelo povo. 
Com o avanço das investigações, o PT tem sofrido muitas baixas em sua imagem. Como a senhora avalia que está a imagem do partido diante da sociedade? Até onde o cenário atual tem causado estragos na imagem do PT?
Elas fazem um estrago grande na imagem do partido, mas como o PT é um partido ideológico ele vai sobreviver. Se fosse outro partido sem ideologia, ele ia acabar e mudaria de nome. Tem partido aí que já tiveram cinco nomes, são as mesmas pessoas e o PT sobrevive porque tem raízes, inserção nos movimentos sociais. Mas é claro que perde. Não estou dizendo que não cometeu erros, é claro que cometeu. Agora qual é o problema: é que todos cometeram. O problema é que o PT copiou dos outros. O caixa 2 é uma questão secular, histórica no Brasil. Enquanto os partidos não admitirem que fazem caixa 2, e se comprometerem a não fazer mais, podem liquidar o PT, mas os outros estão fazendo. E outro problema é que a Justiça é seletiva. Ela só avança sobre o PT. O governo Temer tem 11 ministros implicados, mas abafam. Então essa operação foi para fortalecer o governo interino. 
O PT tem colocado em prática essa estratégia de criticar o poder judiciário e a imprensa por uma suposta atuação seletiva contra o partido. Em que a sigla se baseia tanto para utilizar essa versão? 
Nosso partido faz um estudo que mostra o tempo destinado pela grande imprensa a noticiar fatos positivos e negativos do PT e de outros partidos. E quando é pra criticar algo ligado ao PT são os jornais quase todos. O Poder Judiciário apressa todos os processos que envolvem o PT. Qual a razão de espetacularizar esse caso do Paulo Bernardo e tantos outros? Com certeza é dar conteúdo para as revistas do final de semana, que devem estar sem pauta. Invadiram a casa de uma senadora, tinha crianças e adolescentes, a casa dela é oficial, do Senado e sem ordem do Supremo. Porque não prenderam o Eduardo Cunha e sua esposa, que já está tudo provado? A equipe do juiz Moro saiu com a desfaçatez de dizer que já tinham procurado notificar a mulher do Cunha e não acharam. Além de declarar incompetência, eles acham o Paulo Bernardo. Isso é seletividade. A mulher do Cunha se não foi achada, porque não mandaram prender? Se não acham ela é porque está fugindo. Ela não é parlamentar, não tem imunidade, nem foro privilegiado, porque ela não foi presa? Se ela fosse do PT já tinha sido. 
A deputada Iracema Portela votou a favor do impeachment da presidente Dilma e a militância que defende Dilma vem protestando contra ela, chamando-a de golpista e inclusive, chegou a impedir uma audiência no plenário da Alepi. A senhora concorda com estes protestos? E sua relação com Ciro Nogueira e outros que votaram a favor do impeachment, como está? 
O limite cada pessoa é que faz, mas que as manifestações são legítimas são. As pessoas estão inO DIA conversou com a senadora petista Regina Sousa, que compõe a bancada em defesa do retorno da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ao mandato. A senadora, que peside o Partido dos Trabalhadores no Piauí, falou que partido planeja eleger pelo menos 40 prefeitos no Piauí, defendeu as manifestações contra deputados que votaram a favor do afastamento de Dilma e chamou atenção para pontos no Congresso que, segundo ela, atrapalham os trabalhadores, a saúde e educação. A senadora aproveitou a oportunidade para criticar o que chamou de seletividade da imprensa nacional e do poder judiciário contra o Partido dos Trabalhadores. dignadas. Até pouco tempo atrás a gente perdia e sofria com isso. Faziam escracho com a gente nos aeroportos, restaurantes. Uma vez cheguei no aeroporto de Brasília e tinha um corredor polonês pra mim. Inclusive esse grupo da camisa da CBF se desencantou. Não colocaram mais a cara nas ruas e nem nas redes. E o nosso povo após ver uma injustiça contra a presidente Dilma tem se mostrado atuante, estão nas ruas e os protestos estão nos shows, nas ruas, nos campos de futebol. Consideramos que foi um golpe, por isso, golpista consideramos um adjetivo. Agora, isso não afeta nossa relação com ninguém. No parlamento estamos juntos trabalhando e discutindo as coisas. Agora, é um direito que a militância tem de brigar para reverter votos e mudar o cenário. Essas coisas são naturais dos movimentos sociais que são organizados e por isso atuam. Diferente daquele outro que era uma manada de gente na rua, por isso morreu. Devem estar envergonhados porque diziam que tava combatendo a corrupção e agora não estamos mais combatendo um governo cheio de corrupto. Todos os movimentos são legítimos. Agora se um ou outro exagera, aí é uma questão pessoal, não é uma orientação partidária. 
O PT se decepcionou com as alianças que fez com partidos como PMDB, PP, PSD. Essa política de coalisão ela decepcionou o PT e como ele pensa formar alianças daqui pra frente? 
Está provado que neste país o presidencialismo de coalisão não dá certo. Agora não é questão do partido A ou B, é uma questão de cultura política do país. Nós não temos cultura política de partido. Partido tem que ser ideias. No PT nós somos 10 senadores e se a gente decidir que vai votar sim, todo mundo tem que votar sim. Se liberar a bancada, cada um vota de acordo com sua posição, mas sempre por deliberação do partido. Isso é fortalecer as siglas. Mas no Brasil não é assim. O governo Dilma tinha vários partidos aliados, mas cada parlamentar votava como queria. Então, enquanto não tivermos partido forte, não vamos ter uma democracia. Nossa democracia é nova e se continuar nesse rumo podemos ir pra uma ditadura de novo. É preciso fortalecer os partidos. Hoje as alianças se dão em torno de pessoas, e às vezes recebe uma pessoa mas vem outra com ela que vai pro governo trabalhar contra o governo, que foi o que a Dilma sofreu. Alguns diziam que votaram pelo impeachment porque o partido decidiu, mas lembraram do partido só naquela hora. Nunca se lembraram de fidelidade partidária em outros momentos. Eu chamo isso de oportunismo.
Você confere a entrevista completa na edição de hoje (27) do Jornal O Dia.
Por: João Magalhães - Jornal O DIA
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